O Professor Carlos Vainer, da UFRJ, em artigo publicado em O Globo, condena a forma como o Exército Brasileiro, no cumprimento de sua missão constitucional, tem acompanhado e monitorado, por intermédio do Centro de Defesa Cibernética (CDC), as manifestações populares que, nos últimos dias, tem tomado conta das ruas e tirado o sono e a tranquilidade de governantes e políticos, aí incluída a própria Comandanta em Chefe das Forças Armadas.
Em seu texto, o articulista põe em dúvida a legalidade de uma ação que, sem dúvida, demonstra o consagrado comprometimento das FA com o que lhe diz respeito no quadro das responsabilidades pela defesa da Pátria e pela garantia da lei e da ordem.
Ao condenar a ação o Professor, inconformado, pretende tornar universal a incompetência, a irresponsabilidade, o despreparo e a improvisação que têm caracterizado as atividades de outros órgãos federais e estaduais corresponsáveis pelas tarefas explicitadas no Art 142 da Constituição Federal para as FA. Uma prova disto foi divulgada ao vivo para o mundo por ocasião da chegada do Papa Francisco ao Brasil, cuja integridade física, neste momento, se deve, exclusivamente, ao fato de que Deus é brasileiro!
O articulista, embora professor universitário, exclui do escopo da segurança pública a garantia da lei e da ordem! Desconhece, portanto, que, em casos de tumultos e vandalismos como os provocados pelos baderneiros nas principais capitais do país, as FA, particularmente o Exército, são postas em situação extraordinária e ficam em condições de assumir o comando e o controle das operações policiais.
Diferentemente de outras instituições, os militares, competentes no cumprimento de suas missões, na expectativa da ação, fazem o que é lógico para quem conhece o peso da responsabilidade que lhes cabe e, simplesmente, preparam-se para ela, antecipam-se aos acontecimentos, evitam surpresas, não “experimentam” táticas, mas sabem o que fazem!
A busca das informações sobre as forças adversas é preconizada como essencial deste há 500 anos antes de Cristo, por Sun Tzu: “Se você conhece o inimigo e conhece a si mesmo, não precisa temer o resultado de cem batalhas. Se você se conhece, mas não conhece o inimigo, para cada vitória ganha sofrerá também uma derrota. Se você não conhece nem o inimigo nem a si mesmo, perderá todas as batalhas”. O Exército de Caxias é invicto, Sr Professor Carlos Vainer, e isto não é motivo de orgulho apenas para o competente General José Carlos dos Santos, Chefe do CDC, mas para todos os brasileiros dignos deste adjetivo pátrio!
A sua patética afirmação de que “nem o exército, nem a polícia federal, nem qualquer órgão de segurança deveria estar preocupado em identificar lideranças de manifestações”, atesta o seu completo desconhecimento de quaisquer operações que envolvam o emprego de topas, principalmente se o objetivo não é eliminar o inimigo, que, neste caso, nem inimigo é!
Uma afirmação como esta, vinda de um Professor Universitário, levanta suspeita sobre a sua conivência, não com as legítimas manifestações pacíficas e patrióticas da maioria, mas com a criminalidade, com ou sem causa, que tem sido infiltrada nesses movimentos de massas. Permite crer, inclusive, que lhe preocupa mais a segurança dos criminosos que a dos manifestantes de fato!
A segurança nacional, Sr Professor Vainer, deve ser preocupação permanente de todos os brasileiros, não só dos militares, e a promulgação da Constituição de 1988 não selou, nem deveria ter selado, o fim desta preocupação, nem tão pouco o Gen José Carlos e sua equipe monitoram as manifestações de protesto porque elas sejam consideradas ameaça à segurança nacional, pelo contrário, Professor, a busca dos líderes visa a assegurar-lhes a legitimidade! Ou o Sr pressupõe que às forças de segurança interessa conhecer e neutralizar outros líderes que não os dos criminosos? Que interesse teria o Sr em mantê-los na clandestinidade?
Não, Sr Professor Carlos Vainer, não estamos diante de uma tentativa perigosa de atualizar a tradição repressiva que vê os que participam de manifestações políticas de protesto como um inimigo interno a ser reprimido e banido do convívio social! Até porque, as manifestações pacíficas e ordeiras nunca foram assim consideradas.
O tempo do “Brasil, ame-o ou deixe-o”, parece, está mesmo de volta, mas não por iniciativa governamental, como no período que o sr e os seus chamam de “ditadura”, mas pela lógica da maioria espoliada da sociedade brasileira, cansada de ser enganada e roubada por políticos e governantes! São estes que pacífica e ordeiramente, ocupam as ruas para dizer aos corruptos que nos deixem em paz! Não são estes os que interessa serem conhecidos pelos profissionais da “segurança nacional”!
Professor, é importante que o Sr atualize seus conceitos. Faça isto antes de manifestar-se sobre o que não sabe!
25 de julho de 2013
Paulo Chagas é General de Brigada na reserva.
Nenhum comentário:
Postar um comentário