"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



segunda-feira, 29 de julho de 2013

NOTAS POLÍTICAS DO JORNALISTA CARLOS BRICKMANN

Fim da guerra da gangue de Lula contra Joaquim tem data certa para terminar


Assim que mostrar que não é candidato à presidência, ministro Joaquim Barbosa deixa de ser alvo (Foto: Ag. Estado)
Assim que mostrar que não é candidato à Presidência, ministro Joaquim Barbosa deixa de ser alvo do PT (Foto: Ag. Estado)


A PAZ COM HORA MARCADA
 
A guerra petista contra o presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Joaquim Barbosa, tem data certa para acabar: 6 de outubro.
 
A partir deste dia, Barbosa pode comprar apartamento de quarto e sala sem que ninguém diga que é suntuoso, pode viajar em avião comercial sem que ninguém o acuse de usar jatinho, pode até mandar para a cadeia (aí com um pouco de esperneio) os réus condenados do Mensalão.
 
Em 6 de outubro, não estando filiado a nenhum partido, Joaquim Barbosa deixa de ter condições de disputar a Presidência da República. Como não será mais ameaça a Dilma e ao PT, volta a ser bom sujeito.
 
Toda a campanha contra Barbosa, iniciada quando conduziu o processo do Mensalão, ganhou fôlego quando conselheiros do PT o identificaram como possível candidato à Presidência.
É bobagem: Barbosa já disse que não quer, sua postura arrogante, prepotente, é um obstáculo a qualquer articulação política, o partido que resolver engoli-lo sabe que subir com ele não implica dividir o poder.
 
Mas, por via das dúvidas, dá que ele mude de ideia e algum partido esteja disposto a tudo para chegar ao Governo, toca a acusá-lo (escândalo!) de gostar de futebol e de comer pipoca quando assiste à TV.
 
O racismo nada velado, coisa nojenta, quase inacreditável, como o que apareceu explícito no Blog da Dilma (que não é da presidente, mas existe para apoiá-la), voltará aos disfarces de sempre.
 
Surgirão, a partir daí, as campanhas contra Aécio, Eduardo Campos, Marina Silva. Teremos um ano interessante.
 
Para quem gosta, um prato cheio.
 
O mistério dos vândalos
 
Rapazes com celulares, gravando manifestações, são agredidos por policiais e presos. Manifestantes até então pacíficos foram atacados por policiais quando quiseram dirigir-se a uma área não permitida.
Já vândalos que atacaram lojas, destruíram sinais de trânsito, lixeiras públicas, portas de estação do Metrô e orelhões, puseram fogo em ônibus, estes agiram à vontade.
 
Os fatos do Rio – a Polícia prendeu um rapaz que gravava as manifestações e o acusou mentirosamente de transportar coquetéis Molotov; um vândalo flagrado atirando coquetéis Molotov e correndo para os policiais, trocando de roupa e ficando entre eles – abre campo para uma terrível conclusão: a de que está havendo infiltração de agentes oficiais no meio das manifestações, com prática de atos que levem a opinião pública a condenar os manifestantes e apoiar o uso da força contra eles.
 
O fim do filme
 
Não é só isso: um casal de vândalos disse à Polícia que trabalhava para a Abin, Agência Brasileira de Inteligência, órgão do Governo Federal. Pode ser mentira – e esperemos que seja mentira (a Abin desmente, mas teria de desmentir em qualquer circunstância). Ações agressivas de agentes provocadores são devastadoras para a estabilidade do regime.
 
E no fim deste filme todos perdemos.

Presidenta Dilma Rousseff durante encontro reservado com Sua Santidade o Papa Francisco no Palácio Guanabara (Foto: Roberto Stuckert Filho / PR)
Presidenta Dilma Rousseff durante encontro reservado com Sua Santidade o Papa Francisco no Palácio Guanabara (Foto: Roberto Stuckert Filho / PR)

 
Acredite se quiser
 
Na recepção do Governo fluminense ao papa foram servidos biscoitos, água e café. Custo oficial: R$ 1.300 por pessoa. Nem que os biscoitos fossem feitos por freiras portuguesas e a água viesse de nascentes do Himalaia o custo se explicaria.
 
Talvez seja o café. Já sabiam que o frio vai provocar alta de preços.

29 de julho de 2013
in Ricardo Setti - Veja

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