"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



segunda-feira, 1 de julho de 2013

POLÍTICOS DE TODOS OS PARTIDOS PERDERAM, E AS ALTERNATIVAS HETERODOXAS ESTÃO EM ALTA.

Qualquer heterodoxia… De Skaf em SP a Freixo no Rio. Estivesse vivo o Macaco Tião…


Eu ainda não vi movimentos de ódio e repulsa à política — por mais que a política possa ser odiosa, e muitos políticos, repulsivos — resultar em boa coisa. Pode sempre surgir no horizonte uma solução heterodoxa, que acaba dando em zerda — como Fernando Collor, por exemplo — ou numa saída francamente reacionária. Seria, por exemplo, o caso de Lula. Tomara, então, que o Brasil fuja dessa escrita.
 
Não tenho nenhuma informação de bastidor, zero, nada mesmo! Só opero que a lógica do processo. A aprovação de Dilma despencou. É provável que o mesmo tenha acontecido com o prefeito Fernando Haddad (PT) e com o governador Geraldo Alckmin (PSDB). Se houve pesquisa no Rio, o governador Sérgio Cabral e o prefeito Eduardo Paes também devem ter despencado.
 
“Ah, esse é um recado para os políticos”, se diz unanimemente. Tá bom! Acredito! Mas qual é o recado mesmo? “Então não faltam motivos?” Nem me digam! Às pencas! Mas qual é?
 
Todos os políticos ditos “tradicionais” — um não tradicional sai plantando bananeira? — devem ter sofrido. Alguns figurões petistas tendem a perder mais porque sempre se apresentam como muito sabidos e donos de todas as respostas, mas a perda é generalizada.
 
Soluções heterodoxas – SP

De novo, sem ter dado nenhum, antevejo algumas situações que me parecem lógicas. Alckmin deve ter perdido pontos na disputa pela reeleição em São Paulo. E Paulo Skaf — que já foi, imaginem, do PSB e hoje está no PMDB do “supernovo” Michel Temer — deve ter crescido. Por quê? Porque lustra o discurso contra a política tradicional
 
Com efeito, ele é tão heterodoxo que, empresário endinheirado, presidente da Fiesp, já se filiou a um partido de esquerda para disputar o governo de São Paulo.
Aí migrou para o PMDB. Como é um homem inovador, usou a sua condição de presidente da federação para fazer propaganda do Senai e do Sesi, entidades que, por mais que se tente negar, manipulam dinheiro público.
Vale dizer: o “novo” Skaf usa a Fiesp para fazer a mais velha das políticas: usar em proveito próprio — no caso, político — uma entidade que é coletiva (Fiesp) e outras que lidam com dinheiro público, a exemplo de todo o chamado “Sistema S”.
Digamos que isso venha a dar certo: é o novo?
 
Soluções heterodoxas – Rio

E no Rio? As coisas estão se complicando, não é? É claro que a situação começou a ficar difícil para Pezão, o vice-governador que deve concorrer ao governo do estado, tentando substituir Cabral. A continuar esse malaise… 
O senador Lindbergh Farias, do PT, já andou concedendo algumas entrevistas falando, ora vejam!, contra a política tradicional, especulando sobre a crise de representatividades etc. e tal.
Ex-prefeito de Nova Iguaçu, o homem está sendo processado pelo Supremo Tribunal Federal. Será ele o antipolítico?
 
E há o queridinho dos socialistas (!!!) do Leblon, de Ipanema e de Copacabana — com o apoio de pensadores como Chico Buarque, Caetano Veloso e Wagner Moura: refiro-me, obviamente, a Marcelo Freixo, do PSOL.
Disputando o governo do estado ou a Prefeitura em 2016 — tudo o mais constante na inconstância, claro! —, tende a ganhar espaço. A julgar pela atuação do PSOL nas universidades e nos sindicatos, dá para ter um ideia de quão inovadora seria uma gestão do partido na cidade ou no estado do Rio. Que os cariocas (e fluminenses), tão perto do Cristo, se mantenham longe da tentação…
 
Políticos de todos os grandes partidos perderam — menos Lula, já expliquei por que em outro post. Os tempos andam favoráveis a heterodoxias. Não fosse assim, Marina Silva não apareceria como a segunda colocada nos quatro cenários do Datafolha. Em um deles, divide essa segunda colocação com Joaquim Barbosa, na margem de erro: 14% para ela e 13% para ele. Ódio à política!
 
Estivesse vivo o Macaco Tião (morreu em 1996) e fosse a cédula ainda de papel, vocês veriam só…
 
01 de julho de 2013
Reinaldo Azevedo

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