"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



segunda-feira, 1 de julho de 2013

O BRASIL FLERTA COM O CAOS, MAS O PT INSISTE EM CONTINUAR GOLPEANDO A DEMOCRACIA.

Eles agora pretendem inventar a enfiteuse no processo político. Ou: Petistas querem sequestrar a grana dos outros partidos


Acreditem! Se os petistas fossem minimamente sérios nas suas convicções, ainda que eu discordasse deles, talvez tivesse algum respeito intelectual pelos valentes. Mas como são picaretas, Santo Deus! Como não conseguem nem mesmo criar farsas verossímeis, ainda que, obviamente, falsas!!! É espetacular!
Comecemos do princípio. É claro que financiamento público de campanha é, por si só, uma picaretagem que tende a privilegiar os… petistas. Por quê? Digamos que o estado vá financiar as campanhas. O que teríamos?

a: Ainda mais dinheiro público no processo eleitoral do que há hoje. Já existem o Fundo Partidário e o dinheiro da renúncia fiscal dos horários político e eleitoral gratuitos;

b: esse dinheiro público teria de ser distribuído segundo algum critério. Qual? Haveria de ser o tamanho das bancadas na Câmara. Adivinhem quem sai ganhando… Acertou quem chutou “o PT”;
c: se as empresas e pessoas físicas fossem proibidas de contribuir, é claro que cresceria o caixa dois — mais do que hoje.
 
Muito bem! O PT tem a ligeira desconfiança de que a população poderia não gostar da ideia de dar ainda mais dinheiro para os políticos. Será preciso ser muito incompetente para não fulminar essa tese num eventual plebiscito.
 
Então eles tiveram outra ideia genial: as contribuições privadas seriam permitidas, sim, mas da seguinte maneira: todo dinheiro iria para um fundo comum e, aí sim, seria redistribuído? Segundo qual critério? Ora, o tamanho da bancada na Câmara, o que, de novo, privilegia o PT.
 
Mais do que privilegiar. O PT quer sequestrar o dinheiro dado às outras legendas. Seriam, assim, a criação da enfiteuse política. Não sabe o que é enfiteuse, leitor amigo? Dá para pesquisar um pouquinho. Mas sintetizo, já apontando as consequências. O PT se colocaria como o Senhor da política, e os demais partidos seriam não mais do que arrendatários, entenderam?
 
Ora, digamos que pessoas queiram, por convicção, ideologia, gosto e mesmo interesse objetivo financiar campanhas do PSDB, do PMDB, do PSC, sei lá… Não! Quem quer que pusesse um miserável centavo na disputa estaria dando a maior parte da grana para o… PT!!!
 
Entenderam qual é a lógica dessa horda de bravos? Se o dinheiro for público, a maioria vai para eles. Se for privado, também! Se eu, Reinaldo Azevedo, que adoraria vê-los apeados do poder, quiser dor, sei lá, R$ 1 mil para financiar uma campanha, estarei, queira ou não, entregando a maior parte de minha contribuição ao PT.
 
O nome disso é pilantragem, é vigarice, é safadeza mesmo. Não é que o PT pretenda estatizar os brasileiros. O partido quer é privatizá-los.
Os petistas se articulam para que o deputado Henrique Fontana (PT-RS) seja o relator da reforma. Já era, mas a proposta foi sepultada. Na VEJA.com, leio uma declaração deste gênio do pensamento:

“O sistema político atual está exaurido. Se fôssemos escolher um dos sistemas piores do mundo no quesito financiamento de campanha, seguramente o brasileiro teria grande possibilidade de ser o pior. É um sistema com abuso do poder econômico, com dinheiro empresarial, é um sistema caro e injusto, com cláusula de barreira econômica. A população está percebendo que empresas financiando a democracia terminam tornando a política mais um negócio do que de fato a disputa de ideias, programas e projetos”.
 
Se eu não soubesse o que quer Fontana, talvez concordasse com ele. Afinal, eles ganharam três eleições com esse sistema. Ao fazer esse retrato da relação entre doadores e políticos, deve estar falando de seu partido. Deve estar falando da legenda que perdoa a dívida de países africanos para beneficiar doadores de campanha do petismo, não é?
 
Mas eu sei o que eles querem. Querem transformar a vantagem que o PT tem hoje na Câmara num ativo permanente, pouco importa de onde saia o dinheiro, se público ou privado. A questão não se esgota aí.
Quem vai proibir os sindicatos e movimentos sociais, muitos deles recebendo dinheiro público, de fazer campanha para o PT? Isso caracteriza ou não doação privada irregular? A lei já proíbe o conluio. Eles não dão a mínima.
 
O país está flertando com o caos, e esses chupins estão estudando novas maneiras de golpear a democracia. É asqueroso!
 
01 de julho de 2013
Por Reinaldo Azevedo

Nenhum comentário:

Postar um comentário