"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



segunda-feira, 1 de julho de 2013

O SUMIÇO DOS PODEROSOS POLTRÕES TORNOU AINDA MAIS ANIMADA A FESTA NO MARACANÃ

Foi um grande domingo. Dispensados de vaiar os farsantes foragidos, livres de discurseiras triunfalistas que tentaram transformar campeonato de futebol em instrumento eleitoreiro, 80 mil torcedores aplaudiram não o triunfo da pátria de chuteiras, mas uma bonita vitória da seleção brasileira sobre a Espanha campeã do mundo. Eles festejaram simultaneamente a conquista da Copa das Confederações e o sumiço dos embusteiros que, antes da revolta da rua, estariam sorrindo na tribuna de honra.

Ao cantar o Hino Nacional à capela, e várias vezes, a multidão fez mais do que mostrar que o Brasil não foi nem será privatizado pela seita lulopetista. Também deixou claro que enfim aprendeu que a alegria e a indignação já não são incompatíveis.

Neste inverno, o viveiro de conformados descobriu que o grito de gol pode conviver amistosamente com o berro coletivo que exige cadeia para os que enterraram 1,2 bilhão de reais na reforma do estádio. Foi por isso que Lula, Dilma Rousseff, Sérgio Cabral e Eduardo Paes ficaram longe do Maracanã.

Em julho de 2010, assim que terminou a Copa da África do Sul, um jornalista perguntou a Jerôme Walcke como andavam os preparativos para a Copa do Brasil.
Falta quase tudo, informou o secretário-geral da Fifa. Ofendido pela constatação, o ainda presidente Lula revidou com o carrinho por trás descrito no post republicado na seção Vale Reprise.

“Já começam aqueles a dizer: ‘Cadê os estádios brasileiros, cadê os  aeroportos brasileiros, cadê os corredores de trem brasileiros, cadê os metrôs brasileiros?’” , esbravejou o palanque ambulante de passagem pela África.
“Como se nós fôssemos um bando de idiotas que não soubéssemos fazer as coisas e não soubéssemos definir as nossas prioridades”.

Quem trata os brasileiros como idiotas é o presidente da República, retifiquei.

Tratava, corrijo-me agora. Desde o começo das manifestações de protesto, o gênio da raça anda bem mais cuidadoso. Logo estará fingindo que nem sabe direito o que a Fifa faz. Poderosos poltrões sempre ficam afônicos quando a multidão alforriada ergue a voz.

01 de julho de 2013
Augusto Nunes

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