Em 3 de janeiro de 2003, um mineiro nascido em Passa Quatro, ex-líder estudantil e ex-militante de esquerda perseguido pela ditadura militar se tornava o segundo homem mais importante da República. José Dirceu de Oliveira e Silva havia sido nomeado ministro-chefe da Casa Civil do governo de Luiz Inácio Lula da Silva, o operário que chegou ao Palácio do Planalto.
Juntos, esses dois homens de biografia extraordinária prometiam mudar o Brasil, como ele mesmos disse: “Vamos mudar tudo isso que está aí."
Na primeira mudança logo mostrou ao que vinha. Dirceu assinou algo bem menos grandioso que o dito, mas revelador de seu caráter. Era uma portaria que mudava a ordem de entrada dos ministros nas solenidades do palácio.
Historicamente, depois do presidente da República, vinha o titular do Ministério da Justiça, por ter sido a primeira pasta a ser criada. Dirceu transferiu a prerrogativa para si: quem apareceria caminhando logo atrás do presidente seria ele, o chefe da Casa Civil – que, a partir de então, teria também a primazia no uso de carros oficiais e de aviões da Força Aérea Brasileira.
Mas Dirceu, em tudo que fez, revelou-se de incompetência impar, desde o XXX Congresso da UNE, em Ibiúna (SP), onde foi responsável pela prisão de 700 participantes, até o mensalão que levou à condenação seus companheiros de partido.
Não estará de todo errado imaginar que percebendo poder meter a mão grande sem cerimônias, ao abrir o cofre público, num momento de arroubo ao ver o que tinha dentro, gritou aos seus asseclas: “Vamu cume putada!”
10 de junho de 2013
Giulio Sanmartini
Nenhum comentário:
Postar um comentário