"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



segunda-feira, 19 de março de 2012

COMO SERÁ O VOTO DE DIAS TOFFOLI, NO PROCESSO DO MENSALÃO?

No fim de semana, a isenção do ministro Dias Toffoli para julgar o processo do mensalão foi questionada pela revista Veja, com argumentos muito sólidos. Na reportagem “Impedimento ou suspeição?”, a revista aponta que uma ex-sócia de Dias Toffoli, a advogada Roberta Maria Rangel, já defendeu três réus do Mensalão: o ex-ministro José Dirceu e os ex-deputados Paulo Rocha e Professor Luizinho.

Dirceu contratou Roberta para tentar evitar a cassação de seu mandato. Rocha e Luizinho se defenderam das acusações de lavagem de dinheiro.

Procurado pela reportagem da Veja, Toffoli declarou que ainda decidirá se vai participar ou não do processo apenas no “momento oportuno”. Ou seja: deixou uma porta aberta para declarar seu impedimento, alegando conflito de interesses.

É claro que, por uma questão de ética, Toffoli realmente deveria se considerar suspeito para votar. Ex-advogado-geral da União no governo Lula, suas ligações com o PT são mais do que notórias e lhe valeram a nomeação para o mais importante tribunal do país, apesar de não ter condições para tal (notório saber jurídico), pois foi reprovado duas vezes em concursos para juiz).

O site 247, que comentou a reportagem da Veja, diz que Toffoli também vem sendo pressionado de uma maneira ainda mais rasteira. A lobista Cristiane Araújo, que alega ter tido um relacionamento amoroso com o ministro do STF, afirma que levou a ele fitas sobre o chamado “mensalão do DEM”, que derrubaram o ex-governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda.

Comenta-se, em Brasília, que haveria fitas gravadas com a presença de Toffoli. Claramente, o ministro do STF está sendo emparedado. E seu voto, ou sua ausência no julgamento, pode decidir o destino dos réus do Mensalão.

Se Toffoli se declarar “suspeito” (e tem obrigação moral de fazê-lo) os réus do mensalão perdem um precioso voto que hoje consideram garantido.

9 de março de 2012
Carlos Newton

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