"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



quarta-feira, 13 de junho de 2012

A IMPORTÂNCIA TRANSCENDENTAL DO "VOSSA EXCELÊNCIA"

O primeiro passo do Brasil na senda da democracia real se dará no dia em que a opinião pública se rebelar contra essa forma nefanda de tratamento que é o “vossa excelência”.
A revolta não se dara em função do séquito de irritantes agressões ao vernáculo de que ela costuma vir acompanhada nesses espetáculos deprimentes que são as seções de hoje em dia das duas casas do Congresso Nacional.
Não.
A coisa acontecerá num futuro ainda distante depois que o país já tiver aprendido a falar português. Acontecerá, na verdade, porque o país já terá aprendido a falar português.

A queda da nossa Bastilha será uma consequência natural da revolução educacional pela qual teremos de ter passado para escapar à Babel daquele passado distante onde o dinheiro era o único dialeto falado e compreendido por todos.
Uma decorrência do fato de termos nos tornado capazes de discutir o que vai alem do necessário para sobreviver até amanhã, quais os limites para o poder politico e para o poder econômico numa sociedade decente e outras coisas desse teor numa língua dominada por todos, eleitores e eleitos.
A Nação inteira já se terá “analisado” estudando História e superado a vergonha do que fomos um dia; entendido que o que caracteriza uma republica democrática é, justamente, não existirem “excelências” de um lado e zés do outro; e que todo o resto das pirotecnias linguísticas que a chamada “correção política” lhe exigia no passado (“afrodescendentes”, “portadores de deficiencia” e outras formas de expressão de falsa modernidade) não passava de ruído para desviar nossa atenção do fato de que mental, politica e socialmente, não tínhamos superado nem a Idade Média naqueles idos de 2012.
fernaslm
13 de junho de 2012

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