"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



sábado, 16 de junho de 2012

O "NOVO HOMEM" HADDAD

O “novo homem” Haddad, não obstante, foi buscar uma “velha mulher” para vice, a ex-companheira Luíza Erundina (PSB), que faz 78 anos em novembro

O “novo homem” Haddad tenta juntar no mesmo palanque os velhos adversários Erundina e MalufO PT resolveu dar uma roupagem virtuosa àquilo que é um preconceito — e isso não é novidade na campanha eleitoral do partido em São Paulo. Fernando Haddad é apresentado como um “novo homem para um novo tempo”.Um dos objetivos, é evidente, é chamar o tucano José Serra de “velho”. Ele está com 68 anos. Dilma, que tem a mesma idade de Lula, estará com 67 quando disputar a reeleição, daqui a dois anos. Serra é de 1945; ambos são de 1942. A diferença é de apenas três anos.
Não obstante, o petismo acha lícito associar, de forma malandra, a “velhice” ao adversário. A tirada preconceituosa atingiu Marta Suplicy, também de 1945. No Programa do Ratinho, Lula acabou tratando a“companheira”, alguns meses mais jovem (ela é de março; ele, de outubro; Dilma, de dezembro), como coisa do passado. Foi grosseiro. A ex-prefeita ficou de tal sorte irritada que não entrou até agora na campanha. Se vai resistir à pressão, não sei.
O “novo homem” Haddad, não obstante, foi buscar uma“velha mulher” para vice, a ex-companheira Luíza Erundina (PSB), que faz 78 anos em novembro. Pretende, com ela, emprestar um pouco de “experiência” à chapa e conferir à sua candidatura o que até agora ela não tem: um viés popular.
Mas não é só essa “experiência” que os petistas buscam, não! Outro macaco velho da política paulistana está sendo atraído “pelo novo homem” Fernando Haddad: Paulo Maluf, que completa em setembro 81 anos de pura, como posso dizer?, esperteza. Dilma acaba de lhe dar uma secretaria do Ministério das Cidades, conforme ele reivindicava, em troca do seu 1min30s de tempo na TV. O apoio não está ainda sacramentado, mas é muito possível. Eis o aspecto mais perverso do horário eleitoral gratuito: virou mera moeda de troca. Bem, uma excrescência autoritária como essa não poderia mesmo dar em boa coisa.
Assim, o “novo homem” Haddad pretende construir “um novo tempo” com dois passados tão conflitantes como os dos adversários históricos Erundina e Maluf. Se o deputado do PP aderir mesmo à campanha de Haddad, vamos ver como se comporta Marta Suplicy, que já o chamou de “o nefasto” em passado nem tão distante.
Por Reinaldo Azevedo - Veja Online
16 de junho de 2012

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