"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



sábado, 16 de junho de 2012

FAZ SUCESSO NA INTERNET UM ARTIGO DE ALEXANDRE GARCIA SOBRE A BOLHA DA ECONOMIA BRASILEIRA

Não sei se torço para que seja verdade ou para que seja engano… O Rei Juan Carlos esteve com a presidente Dilma. Fico imaginando a chefe de estado do Brasil a dizer ao chefe de estado da Espanha: “Eu sou você, amanhã”, tal como na propaganda de vodka.

Não é difícil chegar a essa conclusão. A crise na Espanha começou quando se decidiu que a expansão imobiliária seria uma solução maravilhosa para o crescimento do país: criaria emprego na construção civil ao mesmo tempo em que resolveria do problema da habitação.

Empregou-se muita gente e estrangeiros começaram a chegar aos milhares para atender à demanda de mão-de-obra. Tijolo e concreto se tornaram sinônimos de riqueza. Áreas verdes foram cobertas por construções, assim como o cinturão verde de muitas cidades.

Em poucos anos, o preço do metro quadrado disparou e o boom da construção atraiu especuladores. O metro quadrado da habitação subiu, mas os salários não. Os bancos, para manter a roda circulando, baixaram exigências para financiamentos, não se importando com a renda do financiado nem com as garantias.

Imaginaram que se o imóvel estava se valorizando tanto, se o devedor não pudesse pagar, venderia o imóvel por mais preço e ainda sobraria dinheiro. E ofereceram crédito para comprar casa, carro, móveis, eletrodomésticos, viagens… A dívida se tornou fator de crescimento.

Mas aí, estourou a bolha dos Estados Unidos. Os espanhóis se retraíram, o consumo caiu, vieram as demissões e se descobriu que o país se sustentava tirando do futuro; nunca houve realmente riqueza nem subida na escala social.

Você que me lê, e percebe as semelhanças, bata na madeira para torcer que por aqui não aconteça o mesmo. Os sinais são alarmantes: o PIB brasileiro do primeiro trimestre deste ano, segundo o IBGE, aumentou apenas dois décimos por cento(0,2%). A inflação vai crescer o dobro do PIB neste ano.

Na Veja , a excelente Lya Luft chama de “ilusão” o que está acontecendo no Brasil. Ela mostra como também estamos sacando do futuro. “Palavras de ordem nos impelem a comprar, autoridades nos pedem para consumir, somos convocados a adquirir o supérfluo, até danoso, como botar mais carros em nossas ruas atravancadas ou em nossas péssimas estradas…Estamos enforcados em dívidas impagáveis, mas nos convidam a gastar ainda mais, de maneira impiedosa, até cruel.”- escreveu ela. Nossa bolha está inchada.
E é de sabão.

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