O número de soldados norte-americanos que morreram por suicídio desde o início deste ano já ultrapassa o número de tropas mortas em combate na guerra do Afeganistão em 2012, confirmam números oficiais disponibilizados pelo Departamento da Defesa dos Estados Unidos.Nos primeiros 155 dias do ano, foram reportados 154 suicídios de soldados americanos no activo, o que quer dizer que, em média, entre janeiro e junho de 2012 o Exército norte-americano perdeu uma pessoa por dia.
No mesmo período, o número de americanos que morreram no Afeganistão foi inferior: menos 50%, de acordo com o Pentágono; 139, segundo o site icasualties.org, que reúne a contabilidade das mortes em combate.
Os dados do Pentágono apontam uma subida extraordinária da taxa de suicídio de tropas, que se encontra agora num nível histórico – face aos valores do período homólogo de 2011, a taxa de suicídio disparou 18%, e 25% quando comparada com 2010. Nunca, na última década em que os Estados Unidos estiveram envolvidos em duas guerras (no Iraque e Afeganistão), o ritmo de suicídios entre militares foi tão elevado.
O Departamento de Defesa manifestou extrema preocupação com a tendência de subida do número de suicídios, que se tem verificado desde 2006, até atingir um pico em 2009 e novamente agora. Antes de ter sido feita a contagem do primeiro semestre do ano, o próprio secretário da Defesa, Leon Panetta, tinha alertado as chefias para a questão, escrevendo numa nota interna que “o suicídio de militares é um dos problemas mais complexos e urgentes” a necessitar de atenção e soluções.
###
EXÉRCITO COMBATE ESTIGMA
“Há que continuar a trabalhar para eliminar o estigma de quem sofre de stress pós-traumático ou outros problemas mentais para que esses indivíduos procurem ajuda especializada”, dizia o documento, citado pela Associated Press.
O secretário Panetta escreveu ainda que os comandantes têm uma responsabilidade adicional e “não podem tolerar qualquer acção que leve à menorização, humilhação ou ostracização de qualquer indivíduo, principalmente daqueles que necessitem de tratamento”.
Num esforço para gerir os problemas individuais e sociais provocados pelo esforço de guerra da última década — além do aumento dos suicídios, verifica-se também uma subida nos casos de toxicodependência, de violência sexual e doméstica e de outros crimes praticados por soldados —, o Exército norte-americano lançou programas de saúde mental, de prevenção do abuso de álcool e drogas, assim como de aconselhamento jurídico e financeiro para os soldados e as suas famílias.
Como comentava o director-executivo da associação de Soldados Veteranos da América e do Afeganistão, Paul Rieckhoff, o número de suicídios entre militares no activo é apenas “a ponta visível do icebergue” — um inquérito conduzido junto dos 160 mil membros da sua organização revelava que 37% tinha conhecimento pessoal de alguém que tinha posto fim à própria vida.
As causas para o problema estão identificadas: os estudos realizados pelo Pentágono com o seu pessoal demonstram que os anos de destacamentos sucessivos para o teatro de guerra elevam a probabilidade dos soldados desenvolverem um quadro de stress pós-traumático. Especialistas dizem que a situação económica dos Estados Unidos também poderá estar a contribuir para o aumento da angústia e desespero das tropas americanas e respectivas famílias.
Rita Siza (Jornal O Público, de Portugal)
16 de junho de 2012
No mesmo período, o número de americanos que morreram no Afeganistão foi inferior: menos 50%, de acordo com o Pentágono; 139, segundo o site icasualties.org, que reúne a contabilidade das mortes em combate.
Os dados do Pentágono apontam uma subida extraordinária da taxa de suicídio de tropas, que se encontra agora num nível histórico – face aos valores do período homólogo de 2011, a taxa de suicídio disparou 18%, e 25% quando comparada com 2010. Nunca, na última década em que os Estados Unidos estiveram envolvidos em duas guerras (no Iraque e Afeganistão), o ritmo de suicídios entre militares foi tão elevado.
O Departamento de Defesa manifestou extrema preocupação com a tendência de subida do número de suicídios, que se tem verificado desde 2006, até atingir um pico em 2009 e novamente agora. Antes de ter sido feita a contagem do primeiro semestre do ano, o próprio secretário da Defesa, Leon Panetta, tinha alertado as chefias para a questão, escrevendo numa nota interna que “o suicídio de militares é um dos problemas mais complexos e urgentes” a necessitar de atenção e soluções.
###
EXÉRCITO COMBATE ESTIGMA
“Há que continuar a trabalhar para eliminar o estigma de quem sofre de stress pós-traumático ou outros problemas mentais para que esses indivíduos procurem ajuda especializada”, dizia o documento, citado pela Associated Press.
O secretário Panetta escreveu ainda que os comandantes têm uma responsabilidade adicional e “não podem tolerar qualquer acção que leve à menorização, humilhação ou ostracização de qualquer indivíduo, principalmente daqueles que necessitem de tratamento”.
Num esforço para gerir os problemas individuais e sociais provocados pelo esforço de guerra da última década — além do aumento dos suicídios, verifica-se também uma subida nos casos de toxicodependência, de violência sexual e doméstica e de outros crimes praticados por soldados —, o Exército norte-americano lançou programas de saúde mental, de prevenção do abuso de álcool e drogas, assim como de aconselhamento jurídico e financeiro para os soldados e as suas famílias.
Como comentava o director-executivo da associação de Soldados Veteranos da América e do Afeganistão, Paul Rieckhoff, o número de suicídios entre militares no activo é apenas “a ponta visível do icebergue” — um inquérito conduzido junto dos 160 mil membros da sua organização revelava que 37% tinha conhecimento pessoal de alguém que tinha posto fim à própria vida.
As causas para o problema estão identificadas: os estudos realizados pelo Pentágono com o seu pessoal demonstram que os anos de destacamentos sucessivos para o teatro de guerra elevam a probabilidade dos soldados desenvolverem um quadro de stress pós-traumático. Especialistas dizem que a situação económica dos Estados Unidos também poderá estar a contribuir para o aumento da angústia e desespero das tropas americanas e respectivas famílias.
Rita Siza (Jornal O Público, de Portugal)
16 de junho de 2012
Nenhum comentário:
Postar um comentário