O bom Augusto Nunes faz, na Veja de 23 de Maio, a crítica do livro Getúlio – Dos anos de formação à conquista do poder – do autor Lira Neto, cearense, bom biógrafo, comentando que o que se escreveu até hoje sobre o personagem estava contaminado por palavrório deformado por veneração, afeto, rancores, miopia ou vassalagem, e considera o livro uma biografia genuína, com uma cansativa busca de informações.
O que me interessou em falar a respeito foi a legenda que Augusto colocou junto da foto que ilustra este texto, coisa que me tocou muito, de quem sabe escrever:
“Getúlio entre a multidão, que viria a idolatrá-lo durante seus anos de governo: a platéia da política brasileira continua a mesma, desinteressada dos rumos da nação; já o elenco mudou dramaticamente, e hoje, em vez dos atores brilhantes de ontem, é composto de canastrões incuráveis e celebridades que não se dão nem merecem respeito.”
Poucas vezes tive chance de ler uma conclusão tão lúcida, que, em tão poucas palavras, sintetizou o ambiente de nosso país, fazendo uma similitude com uma peça teatral, melhor dizendo uma tragicomédia, do que é a política brasileira.
Em certo momento do texto crítico, diz que os netos dos que viam em Getúlio o “pai dos pobres” agora enxergam no etílico príncipe de Caetés o “exterminador da fome”, e ainda aplaudem as oníricas proezas imaginárias da pretensamente super-executiva exterminadora dos gêneros da escrita portuguesa.
Encômios a Augusto Nunes, que ele merece.
(*) Foto: Getulio Vargas saudando a multidão
03 de junho de 2012
Magu
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