"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



domingo, 3 de junho de 2012

SATISFAÇÃO GARANTIDA, OU SE CARGO DE VOLTA

Eis que, sem nunca perder uma bola quicando na frente da área, Marco Aurélio Mello - o mais pernóstico e prolixo ministro da Suprema Corte do país, chuta com força:
- É "legítimo" e "normal" que o ex-presidente Lula manifeste opinião sobre a data que considera mais conveniente para o julgamento do mensalão.

E emendou em seguida, rápido e rasteiro:

- Por que é aceitável? Primeiro porque é um leigo. Leigo na área do direito. Na área da política, não. Segundo, porque ele integra o partido, o PT.

E mais não disse, porque não quis dizer. Marco Aurélio, segundo mais antigo dos atuais 11 ministros do Supremo, órgão que vai julgar os acusados do mensalão, não disse por exemplo que a opinião de Lula vira pressão, porque dos 11 doutos julgadores, pelo menos oito foram indicados pelo hoje bem fornido presidente de honra do PT.

Isso, cá pra nós e para a dócil torcida organizada do Corinthians, é a mais pura e cristalina garantia de satisfação ou seu cargo de volta.

RODAPÉ - Este último período foi só para trocadilhar uma declaração de ministro tão inoportuna quanto o achaque de Lula aos nobres pares do profeta do STF. Na verdade traduz com escárnio a pressão que está contida no assédio desesperado de Lula para melar o mensalão, marca registrada do seu governo.
 
03 de junho de 2012
sanatório da notícia

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