"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



domingo, 3 de junho de 2012

DESENTUSIASMO



Ruth Costas, correspondente da BBC Brasil em Londres, escreve um alentado artigo intitulado “Desaceleração estoura ‘bolha’ de entusiasmo com o Brasil”, do qual apresento aos leitores um extrato:

“Nos últimos anos, quando o Brasil ganhou a preferência de investidores estrangeiros, os holofotes da mídia internacional e, de quebra, o direito de sediar uma Olimpíada e uma Copa do Mundo, o termo “Brasilmania” passou a ser usado para referir-se ao crescente interesse internacional pelo País. Richard Lapper, do Financial Times, jornal inglês, diz que, no mercado, o clima é de que a festa brasileira acabou. Nouriel Roubini, economista conhecido, informa que, da mesma forma como o Brasil subiu com os preços das commodities, pode cair com uma eventual desvalorização dos mesmos provocada pela desaceleração da economia chinesa. Recomenda aos investidores um choque de realidade em relação a isso.
Neil Shearing, da consultoria Capital Economics, em Londres, um dos analistas “decepcionados” com o Brasil, diz que o problema é que o crescimento brasileiro ficou atrás não só dos outros Brics, mas também de outros latino-americanos, como o México: “Havia uma bolha de entusiasmo pelo Brasil – e agora ela estourou”.

Para a Foreign Policy, por exemplo, o escritor e jornalista Bill Hinchberger defendeu que o crescimento de 2,7% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2011, fez o Brasil “acordar em uma quarta-feira de cinzas” de ressaca da euforia do crescimento da década passada. “O carnaval acabou”, anunciou.

A revista The Economist ilustra um artigo sobre as “fraquezas” da economia brasileira com uma imagem grandiosa: um boi debatendo-se para tentar sair de um pântano.

Marcos Troyjo, da Universidade de Columbia, em um artigo para a BBC Brasil, apesar de a Brasilmania ter feito muitos acreditarem que o PIB do Brasil “estava destinado a um ascensão irresistível e sem escalas”, o País não aumentou muito sua fatia da economia global na última década e só consegui tornar-se a sexta economia do mundo por causa do real valorizado. No plano internacional, o foco das preocupações hoje são as incertezas sobre a zona do euro e a as perspectivas de um desaquecimento da China – cenário que levaria a uma redução das exportações brasileiras e desvalorização das commodities.

O consultor britânico Simon Anholt: “O Brasil era em 2011 o único País em desenvolvimento entre os 20 mais admirados”, explica. “Mas curiosamente a sua imagem mudou pouco mesmo nos anos de bonança, estando fundamentalmente ligada a chavões como futebol e carnaval. É um País que desperta carinho, mas não respeito.”

Como se vê das posições mundiais que Ruth enumera, é hora da senhora dona presidente, como costuma dizer o Magu, botar as barbas de molho porque, com o “staff’ de incompetentes que ela tem, logo a tripulação de ratos começarão a abandonar o navio. E nós, infelizmente, somos os passageiros. Outro Titanic anunciado?

Elgien
03 de junho de 2012

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