Além do contraventor e do ex-presidente da Delta, Fernando Cavendish, 83 pessoas vinculadas ao grupo foram convocadas para prestar depoimentos
Acusado de direcionar os trabalhos da CPI do Cachoeira e blindar o PT nas investigações sobre o esquema de corrupção comandado pelo contraventor Carlinhos Cachoeira, o relator da CPI, deputado Odair Cunha (PT-MG), encerra a primeira etapa de apuração com os trabalhos dirigidos aos comparsas do bicheiro e à construtora Delta. Levantamento do site de VEJA registra que 78,7% dos convocados até agora são diretamente ligados a Cachoeira e à empreiteira suspeita de ser a financiadora do esquema de compra de autoridades e empresários.
Cunha nega o direcionamento das investigações e justifica a condução dos trabalhos com o argumento de que a Polícia Federal identificou que o núcleo de atuação da quadrilha se dava por meio de acordos e troca de favores com a Delta.
Por ora, além do próprio contraventor e do ex-presidente da Delta, Fernando Cavendish, 83 pessoas ligadas aos dois foram convocadas para prestar depoimentos que, em tese, poderiam esclarecer a extensão da organização criminosa. A exemplo de Cachoeira, que se recusou a depor na CPI por orientação do advogado criminalista Márcio Thomaz Bastos, a maior parte dos depoentes tem utilizado o silêncio diante dos parlamentares.
Deputados e senadores da CPI também já aprovaram a convocação de seis familiares do bicheiro, além do ex-cunhado, Adriano Aprígio, e da ex-mulher, Andréa Aprígio, em cujo nome estão registradas empresas envolvidas no esquema criminoso.
Excluídos os depoentes vinculados a Carlinhos Cachoeira e à Delta, a CPI também aprovou 12 requerimentos de convocação relacionados ao governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB). Além do tucano, já compareceram à comissão o ex-assessor especial do governador, Lúcio Fiúza, a ex-chefe de gabinete Eliane Pinheiro e Luiz Carlos Bordoni, ex-coordenador de programas de rádio da campanha de Perillo.
Quebras de sigilo – A CPI aprovou até agora a quebra do sigilo de 25 pessoas e 52 empresas. Quase todos os pedidos incluem dados financeiros fiscais e telefônicos. Também foram aprovados dois requerimentos genéricos de quebra de sigilo: um sobre informações de todos os investigados da operação Saint Michel, deflagrada pela Polícia Civil do Distrito Federal, e o outro sobre acesso a informações confidenciais das empresas que tiveram negócios com a MCGL Empreendimentos.
Na lista de afetados pelas quebras de sigilo, estão todos os integrantes conhecidos da quadrilha de Cachoeira e os governadores Marconi Perillo e Agnelo Queiroz (PT-DF). No grupo das empresas, os parlamentares ainda aprovaram a quebra de sigilo da construtora Delta e de várias companhias de fachada, como a Alberto & Pantoja. Também estão na lista empresas usadas para explorar ilegalmente jogos de azar.
Leia também
Em VEJA de 11 de julho: Os milionários da Delta
Em VEJA de 4 de julho: A tesouraria-fantasma da Delta
Em VEJA de 6 de junho: O Laranjal da Delta
Nos pouco mais de 60 dias de funcionamento, a CPI também solicitou ao Coaf (órgão do Ministério da Fazenda que detecta movimentações financeiras atípicas) dados sobre a Delta e o grupo de Cachoeira, entre eles o senador cassado Demóstenes Torres (GO), apontado como principal braço político do esquema.
Apesar do volume de requerimentos aprovados e de depoentes convocados, isso não significa que a CPI tenha efetivamente avançado porque parte das informações sigilosas ainda não foi recebida.
O deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS) tem feito queixas frequentes a respeito da demora na chegada de dados bancários, especificamente da construtora Delta: "O que está nos travando é a falta de abastecimento para que a gente possa fazer os cruzamentos entre a Delta e as empresas que nós estamos suspeitando que são laranjas. Aí é que vai se abrir a investigação para outros estados", afirma.
A expectativa do comando da CPI é que os documentos pendentes cheguem à comissão durante as próximas semanas de recesso no Congresso. Dessa forma, teriam material em mãos para avançar na condução das investigações no segundo semestre.
Laryssa Borges e Gabriel Castro, VEJA
17 de julho de 2012
Cachoeira e Márcio Thomaz Bastos: estratégia do silêncio foi adotada por quase todos na CPI (Fernando Bizerra Jr./EFE)
Cunha nega o direcionamento das investigações e justifica a condução dos trabalhos com o argumento de que a Polícia Federal identificou que o núcleo de atuação da quadrilha se dava por meio de acordos e troca de favores com a Delta.
Por ora, além do próprio contraventor e do ex-presidente da Delta, Fernando Cavendish, 83 pessoas ligadas aos dois foram convocadas para prestar depoimentos que, em tese, poderiam esclarecer a extensão da organização criminosa. A exemplo de Cachoeira, que se recusou a depor na CPI por orientação do advogado criminalista Márcio Thomaz Bastos, a maior parte dos depoentes tem utilizado o silêncio diante dos parlamentares.
Deputados e senadores da CPI também já aprovaram a convocação de seis familiares do bicheiro, além do ex-cunhado, Adriano Aprígio, e da ex-mulher, Andréa Aprígio, em cujo nome estão registradas empresas envolvidas no esquema criminoso.
Excluídos os depoentes vinculados a Carlinhos Cachoeira e à Delta, a CPI também aprovou 12 requerimentos de convocação relacionados ao governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB). Além do tucano, já compareceram à comissão o ex-assessor especial do governador, Lúcio Fiúza, a ex-chefe de gabinete Eliane Pinheiro e Luiz Carlos Bordoni, ex-coordenador de programas de rádio da campanha de Perillo.
Quebras de sigilo – A CPI aprovou até agora a quebra do sigilo de 25 pessoas e 52 empresas. Quase todos os pedidos incluem dados financeiros fiscais e telefônicos. Também foram aprovados dois requerimentos genéricos de quebra de sigilo: um sobre informações de todos os investigados da operação Saint Michel, deflagrada pela Polícia Civil do Distrito Federal, e o outro sobre acesso a informações confidenciais das empresas que tiveram negócios com a MCGL Empreendimentos.
Na lista de afetados pelas quebras de sigilo, estão todos os integrantes conhecidos da quadrilha de Cachoeira e os governadores Marconi Perillo e Agnelo Queiroz (PT-DF). No grupo das empresas, os parlamentares ainda aprovaram a quebra de sigilo da construtora Delta e de várias companhias de fachada, como a Alberto & Pantoja. Também estão na lista empresas usadas para explorar ilegalmente jogos de azar.
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Em VEJA de 11 de julho: Os milionários da Delta
Em VEJA de 4 de julho: A tesouraria-fantasma da Delta
Em VEJA de 6 de junho: O Laranjal da Delta
Nos pouco mais de 60 dias de funcionamento, a CPI também solicitou ao Coaf (órgão do Ministério da Fazenda que detecta movimentações financeiras atípicas) dados sobre a Delta e o grupo de Cachoeira, entre eles o senador cassado Demóstenes Torres (GO), apontado como principal braço político do esquema.
Apesar do volume de requerimentos aprovados e de depoentes convocados, isso não significa que a CPI tenha efetivamente avançado porque parte das informações sigilosas ainda não foi recebida.
O deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS) tem feito queixas frequentes a respeito da demora na chegada de dados bancários, especificamente da construtora Delta: "O que está nos travando é a falta de abastecimento para que a gente possa fazer os cruzamentos entre a Delta e as empresas que nós estamos suspeitando que são laranjas. Aí é que vai se abrir a investigação para outros estados", afirma.
A expectativa do comando da CPI é que os documentos pendentes cheguem à comissão durante as próximas semanas de recesso no Congresso. Dessa forma, teriam material em mãos para avançar na condução das investigações no segundo semestre.
Laryssa Borges e Gabriel Castro, VEJA
17 de julho de 2012
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