O ex-ministro e fundador da Vale Eliezer
Batista, um dos brasileiros mais respeitados no exterior, criticou nesta
segunda-feira, durante as comemorações pelo 203º aniversário da Associação
Comercial do Rio de Janeiro (ACRJ), a situação da economia brasileira. Segundo
ele, o país erra em não ter uma postura mais agressiva na exportação de produtos
industrializados:
- Eu vejo (essa elevada
participação de produtos básicos nas exportações) como algo muito mau, nós
estamos virando uma colônia europeia africana do século passado. E sem agregar
valor você não cria empregos de qualidade.
Ele disse que o Brasil precisa
copiar o modelo coreano para se desenvolver com inovação. Aos 88 anos, Eliezer
afirmou que hoje no Brasil se fala muito em educação, mas pouco se faz para
elevar a qualidade dos docentes no país. E criticou a falta de conhecimento
aprofundado:
- Olha essa discussão do Código
Florestal. Muitos lutam sem conhecer a Amazônia, não há um estudo sério sobre a
floresta. É a luta pela luta, com boa intenção, mas sem conhecimento
científico.
Eliezer disse que o país
precisa de mais ordem e civismo, além de uma transformação cultural, e lembrou
que os grandes projetos do país em infraestrutura, como a exploração de petróleo
em Macaé, a construção de Brasília e as grandes hidrelétricas, foram
responsáveis por uma elevada favelização em seus entornos.
O fundador da Vale afirmou,
contudo, que nos empreendimentos da EBX - grupo de seu filho, Eike Batista, e da
qual participa do Conselho de Administração - têm outra visão e não haverá
favelização em suas frentes, como a construção do Superporto de Açu, em São João
da Barra.
Eliezer também defendeu os
negócios do filho na área de petróleo. Segundo o engenheiro, o mercado
financeiro está sendo “exagerado e injusto” com a empresa. Os papéis da EBX
caíram muito nas últimas semanas, depois que a empresa enfrentou dificuldades
para explorar petróleo no litoral Norte do Rio.
- A reação do mercado foi muito
exagerada. Exagerada e injusta. Uma firma que está no processo de produção. Dar
um tratamento injusto a uma companhia brasileira é, no mínimo, falta de civismo
- afirmou, lembrando ainda que a EBX não vive uma onda de otimismo exagerado e
que todo operador de petróleo encontra obstáculos que não estavam
previstos.
- Está tudo no começo, o
petróleo está lá e vai ser retirado - completou Eliezer, dizendo tratar-se
apenas de um problema técnico.
Eis
trechos do documentário “Eliezer – O Engenheiro do Brasil”
Nenhum comentário:
Postar um comentário