Dizem que o texto é do Niemeyer. Não consegui confirmar. Mas é interessante. Tem o título: MINHA DESPEDIDA
“Contei meus anos e descobri que terei menos tempo para viver daqui para a frente do que já vivi até agora.
Tenho muito mais passado do que futuro.
Sinto-me como aquele menino que recebeu uma bacia de jabuticabas. As primeiras , ele chupou displicente, mas percebendo que faltam poucas, rói o caroço.
Já não tenho tempo para lidar com mediocridades.
Não quero estar em reuniões onde desfilam egos inflamados.
Inquieto-me com invejosos tentando destruir quem eles admiram, cobiçando seus lugares, talentos e sorte.
Já não tenho tempo para conversas intermináveis, para discutir assuntos inúteis sobre vidas alheias que nem fazem parte da minha.
Já não tenho tempo para administrar melindres de pessoas, que apesar da idade cronológica, são imaturos.
Detesto fazer acareação de desafetos que brigam pelo majestosos cargo ‘de secretário geral do coral’.
As pessoas não debatem conteúdos, apenas rótulos’. Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos.
Quero a essência, minha alma tem pressa…
Sem muitas jabuticabas na bacia, quero viver ao lado de gente humana, muita humana; que sabe rir de seus tropeços, não se encanta com triunfos, não se considera eleita antes da hora, não foge de sua mortalidade.
Caminhar perto de coisas e pessoas de verdade.
O essencial faz a vida valer a pena.
E para mim, basta o essencial !”
Nem por isso deixou de cobrar os tubos para a arquitetura da capital da Ilha da Fantasia. E que despedida longa, não? Correlata com o imorrível, Coma Andante de Cuba. Putz, como é difícil livrar-se de velhos comunistas…
Anhangüera
19 de julho de 2012
(*) Fotomontagem: Fisel Castro e Oscar Niemeyer
NOTA AO PÉ DO TEXTO
O poema não é de Niemeyer, mas de Rubem Alves. Vale o texto pela sua intenção.
O tempo e as
jabuticabas
“Contei meus anos e descobri que terei menos tempo para viver daqui para a frente do que já vivi até agora.
Tenho muito mais passado do que futuro.
Sinto-me como aquele menino que recebeu uma bacia de jabuticabas. As primeiras , ele chupou displicente, mas percebendo que faltam poucas, rói o caroço.
Já não tenho tempo para lidar com mediocridades.
Não quero estar em reuniões onde desfilam egos inflamados.
Inquieto-me com invejosos tentando destruir quem eles admiram, cobiçando seus lugares, talentos e sorte.
Já não tenho tempo para conversas intermináveis, para discutir assuntos inúteis sobre vidas alheias que nem fazem parte da minha.
Já não tenho tempo para administrar melindres de pessoas, que apesar da idade cronológica, são imaturos.
As pessoas não debatem conteúdos, apenas rótulos’. Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos.
Quero a essência, minha alma tem pressa…
Sem muitas jabuticabas na bacia, quero viver ao lado de gente humana, muita humana; que sabe rir de seus tropeços, não se encanta com triunfos, não se considera eleita antes da hora, não foge de sua mortalidade.
Caminhar perto de coisas e pessoas de verdade.
O essencial faz a vida valer a pena.
E para mim, basta o essencial !”
Nem por isso deixou de cobrar os tubos para a arquitetura da capital da Ilha da Fantasia. E que despedida longa, não? Correlata com o imorrível, Coma Andante de Cuba. Putz, como é difícil livrar-se de velhos comunistas…
Anhangüera
19 de julho de 2012
(*) Fotomontagem: Fisel Castro e Oscar Niemeyer
NOTA AO PÉ DO TEXTO
O poema não é de Niemeyer, mas de Rubem Alves. Vale o texto pela sua intenção.
Contei meus anos e
descobri que terei menos tempo para viver
daqui para frente do que já vivi até agora.
descobri que terei menos tempo para viver
daqui para frente do que já vivi até agora.
Tenho mais passado do que futuro...
Sinto-me como aquele menino
que ganhou uma bacia de jabuticabas...
Sinto-me como aquele menino
que ganhou uma bacia de jabuticabas...
As primeiras, ele chupou displicente...
mas percebendo que faltam poucas,
rói o caroço...
mas percebendo que faltam poucas,
rói o caroço...
Já não tenho tempo
para lidar com mediocridades...
para lidar com mediocridades...
Não quero estar em reuniões
onde desfilam egos inflados.
onde desfilam egos inflados.
Inquieto-me com invejosos
tentando destruir quem eles admiram,
cobiçando seus lugares, talentos e sorte.
tentando destruir quem eles admiram,
cobiçando seus lugares, talentos e sorte.
Já não tenho tempo
para conversas intermináveis...
para conversas intermináveis...
Já não tenho tempo para administrar
melindres de pessoas que,
apesar da idade cronológica,
são imaturas...
melindres de pessoas que,
apesar da idade cronológica,
são imaturas...
Detesto fazer acareação de desafetos
que brigaram pelo majestoso
cargo de secretário geral do coral...
que brigaram pelo majestoso
cargo de secretário geral do coral...
As pessoas não debatem conteúdos...
apenas os rótulos...
apenas os rótulos...
Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos...
quero a essência...
minha alma tem pressa...
quero a essência...
minha alma tem pressa...
Sem muitas jabuticabas na bacia,
quero viver ao lado de gente humana, muito humana;
que sabe rir de seus tropeços...
não se encanta com triunfos...
não se considera eleita antes da hora...
não foge de sua mortalidade..
quero viver ao lado de gente humana, muito humana;
que sabe rir de seus tropeços...
não se encanta com triunfos...
não se considera eleita antes da hora...
não foge de sua mortalidade..
Caminhar perto de coisas e pessoas de verdade...
O essencial faz a vida valer a pena...
e para mim
basta o essencial...
e para mim
basta o essencial...
Rubem Alves
m.americo
Nenhum comentário:
Postar um comentário