"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



quinta-feira, 19 de julho de 2012

O RITUAL

    
          Artigos - Cultura 
O fato de não se reconhecer a atuação do demônio, de não se acreditar nele, não livra o vivente de sua possessão.

Por esses dias eu vi e revi o filme O Ritual, estrelado por Anthony Hopkins e dirigido pelo sueco Mikaël Hafström. Ótimo roteiro, o filme prende o expectador do princípio ao fim. Está na senda de O Exorcismo de Emily Rose e do clássico O Exorcista.


O eixo da história é precisamente a prática do exorcismo como uma necessidade espiritual e a sua fronteira com a ciência médica. A história de fundo é a de um diácono que, em véspera de se ordenar sacerdote, decide abandonar por ser cético. Diga-se que o cineasta trata das questões do catolicismo com grande respeito e retrata o interior da Igreja com cores modernas, escapando aos estereótipos habituais que lhes são dados pelo cinema.

A atuação de Anthony Hopkins como o Padre Lucas, que de exorcista passa ele mesmo ser dominado por demônios, é única, espetacular. Sozinho ele vale o esforço de ver o filme.

O ponto central é: o demônio existe? Se existe, Deus também existe. É por essa via que o diácono Michel Kovak chegará à fé. O fato de não se reconhecer a atuação do demônio, de não se acreditar nele, não livra o vivente de sua possessão. Os sofrimentos físicos e espirituais da presença demoníaca são indizíveis.
Importante observar que o roteiro tomou com base fatos reais e os personagens foram modelados a partir daqueles que os viveram.

Os nomes dos demônios nominados são de divindades estatais antigas, como Baal e Leviatã. Sempre os mesmos, desde tempos imemoriais.

O roteiro foca nas experiências individuais, deixando em aberto as questões ligadas ao Estado e à política. Me impressionou bastante o sintoma de possessão que o Padre Lucas apresentou, com tremores nas mãos, lembrando aqueles portadores do Mal de Alzheimer. Imediatamente liguei esse sintoma àquele apresentado por Hitler nos tempos finais. No filme A Queda - As Últimas Horas de Hitler podemos ver com clareza a progressão do sintoma.

Até então o único sinal evidente da presença demoníaca no círculo familiar de Hitler era a cadela, sacrificada com ele. Eu desconhecia essa conexão entre tremores de membros e possessão. Quem não sabe é como quem não vê. Pelo tamanho do mal que causou, Hitler deveria conter em si todas as legiões infernais. Faltou-lhe um exorcista no tempo certo.

Trailer de O Ritual:

 http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=2ATnirjIhkU


Nivaldo Cordeiro
19 de julho de 2012



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