"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



quinta-feira, 19 de julho de 2012

MOSCOU APRESENTARÁ NOVO PLANO DE SOLUÇÃO PARA CONFLITO NA SÍRIA

 

Foram poucas as informações divulgadas sobre os resultados do encontro de uma hora e meia entre o presidente da Rússia, Vladímir Pútin, e o representante especial da ONU, Kofi Annan, na última terça-feira (17). Após o encontro com Pútin, Annan limitou-se a dizer aos jornalistas que manifesta confiança na obtenção de um acordo entre os membros do Conselho de Segurança da ONU sobre a futura solução do conflito.

O chanceler russo Serguêi Lavrov também declarou ser a favor. “Chegamos a um difícil acordo em Genebra, na conferência convocada por Kofi Annan, em junho. Não vejo razões que nos impeçam de chegar a um acerto com base naqueles princípios também agora, no Conselho de Segurança”, anunciou o ministro russo após as negociações no Kremlin.

A julgar pelo tom das declarações na entrevista coletiva, Moscou e Kofi Annan compartilham não apenas a compreensão mútua, mas também o desejo de trabalhar em conjunto. “Espero que o Conselho de Segurança mande um sinal claro de que a atual situação na Síria é inaceitável, de que é preciso pôr fim à violência”, disse o enviado especial da ONU, sublinhando que, para atingir esse objetivo, “faremos pressão juntos”.



CESSAR-FOGO
O plano de Annan, do qual muito se esperou nos últimos meses, não alcançou os resultados desejados. O conflito na Síria está se transformando em uma guerra civil, com clara divisão das partes pelo princípio confessional.

Por isso, o problema que se coloca diante dos membros do Conselho de Segurança da ONU consiste não no prazo de prorrogação do mandato dos observadores – por três meses, como propõe a Rússia, ou por 45 dias, como sugerem o Reino Unido e os EUA. A questão é propor um acordo de cessar-fogo, pois, sem isso, não será possível o diálogo político das partes em conflito, como almejam Moscou e Annan.

Moscou aperfeiçoou o seu projeto para a resolução do Conselho de Segurança da ONU, cuja votação deve ocorrer no final da semana, ou seja, na data de expiração do atual mandato dos observadores.

“Em nosso projeto, há uma série de elementos que tratam dos direitos humanos e do mecanismo do cessar-fogo local”, informou aos jornalistas o representante interino da Federação Russa junto à ONU, Aleksandr Pankin. O diplomata russo lembrou que a iniciativa de promover gradualmente o cessar-fogo foi “discutida por Kofi Annan em Damasco com o governo sírio”.

De acordo com o documento, a Rússia considera importante fechar, com todas as partes sírias, um plano concreto de cessar-fogo simultâneo e, ao mesmo tempo, de saída das forças do governo e dos destacamentos militares de todas as cidades e povoados onde há combates.

Moscou propõe dar à missão da ONU não apenas funções informativas, mas também políticas, mediadoras. O governo russo dificilmente apresentaria uma nova resolução à ONU, com semelhantes propostas, caso Annan fosse contrário a elas. É evidente que este foi o principal resultado do encontro com Pútin nesta terça-feira.

Enquanto isso, o embate diplomático em torno da questão síria continua a todo vapor. Nesta quarta-feira (18), o primeiro-ministro da Turquia, Recep Erdogan também esteve em Moscou para discutir a posição do Exército Livre Sírio, principal parte beligerante na luta entre a oposição e o regime no poder.

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SOLUÇÃO MULTILATERAL

A visita à Rússia foi precedida de encontros de Kofi Annan com o presidente da Síria, Bashar al-Assad, e o governo do Irã, que, como parceiro mais próximo de Damasco, está profundamente inserido na situação síria.
Por outro lado, por também desempenhar um papel-chave nesse contexto, a Rússia teve um encontro com as principais forças da oposição, em especial com os dirigentes do Conselho Nacional Sírio (CNS).
Apesar de as partes terem apenas confirmado suas posições, diametralmente opostas, sobre o afastamento de Assad e sobre a intervenção externa nos assuntos da Síria, o diálogo com esse grupo influente do conflito sírio já representa um bom começo.
(Artigo enviado por Valter Xéu, do site Pátria Latina)

Andrêi Iliachenko (Gazeta Russa)

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