Ao discursar sexta-feira na Bahia, na inauguração do estaleiro Paraguaçu, a presidente Dilma Rousseff defendeu a política econômica de seu governo e condenou frontalmente a tese antiga do ex-ministro Delfim Neto de que, na economia de um país, é preciso primeiro fazer crescer o bolo para depois dividi-lo.
O ex- ministro dos governos Costa e Silva, Médici e Figueiredo, embaixador do presidente Ernesto Geisel em Paris referia-se, claro, ao desenvolvimento econômico em relação à massa trabalhadora. Foi uma frase infeliz. Eternizou-se na história.
Delfim Neto, um tecnocrata absolutamente antipopular, mentor da política de achatamento salarial cujos efeitos perduram para sempre, não esperava certamente a afirmação da presidente da República. Não em função do passado como ministro dos anos de chumbo, mas do presente. Por quê digo isso? Por causa dos artigos que publica semanalmente na Folha de São Paulo procurando aproximar-se do Palácio do Planalto, colocando em posição de disponibilidade para qualquer colaboração.
Aliás, diga-se de passagem, ele, antes de Dilma Rousseff, utilizou o espaço concedido pelo jornal para integrar-se no governo Lula. Quase conseguiu. Mas Lula não se empenhou para superar as resistências de correntes partidárias aterrorizadas com tal hipótese.
Delfim Neto insistiu até sábado, dia em que O Globo publicou a reportagem de Blagio Talento e Donaldson Gomes destacando aquele ponto forte do discurso da presidente. A foto que acompanhou a matéria é de Roberto Stuckert Filho.
Nada de fazer o bolo crescer para dividi-lo depois. Temos que fomentar o desenvolvimento com a participação do povo – acrescentou a presidente.
Depois do bolo crescido nas mãos do capital, seus donos não dividem mais nada. A vida é assim. Ingenuidade supor o contrário. Ingenuidade esperar comportamento cristão na realidade humana. Pois é preciso levar em consideração que, 1979 anos depois da morte de Cristo, vinte por cento da população mundial não contam sequer com energia elétrica. A mesma fração abrange os analfabetos. Os que não têm saneamento básico, os que vão dormir sem dinheiro para comer.
Ao contrário do que previu Malthus, há cerca de 200 anos, a produção de alimentos não recuou comparando-a à população. Uma parte dessa população é que não possui recursos para comer e morar dignamente.
Vá alguém esperar o bolo crescer para reparti-lo depois. Ficará esperando eternamente. A eternidade não tem limite. Mas os seres humanos são limitados no tempo. Esta a grande contradição entre a economia e a sociedade.
Dilma foi oportuna na colocação. Aliás por acaso. Sempre ele a entrar em cena. Rousseff, em seu discurso, criticava as soluções adotadas pela Espanha que elevaram o desemprego para a escala de 22%. O índice brasileiro é de 6%. Os leitores perguntarão: e daí?
E daí que, também no sábado, em artigo traduzido na edição da Folha de São Paulo, o prêmio Nobel de economia Paul Krugman, ao criticar a plataforma superconservadora de Mitt Romney, lembrou que, em 1960, os norteamericanos mais ricos representavam 0,01% da população dos Estados Unidos.
As políticas conservadoras sucessivas não redistribuíram renda alguma. Ao contrário. Concentraram a maior parte do Produto Bruto – 15 trilhões de reais – na fração de 0,04 do andar de cima, como costuma citar Elio Gaspari. O bolo, portanto, cresceu significativamente. A renda per capita subiu. E a redistribuição? Aí foi zero.
Delfim Neto, um tecnocrata absolutamente antipopular, mentor da política de achatamento salarial cujos efeitos perduram para sempre, não esperava certamente a afirmação da presidente da República. Não em função do passado como ministro dos anos de chumbo, mas do presente. Por quê digo isso? Por causa dos artigos que publica semanalmente na Folha de São Paulo procurando aproximar-se do Palácio do Planalto, colocando em posição de disponibilidade para qualquer colaboração.
Aliás, diga-se de passagem, ele, antes de Dilma Rousseff, utilizou o espaço concedido pelo jornal para integrar-se no governo Lula. Quase conseguiu. Mas Lula não se empenhou para superar as resistências de correntes partidárias aterrorizadas com tal hipótese.
Delfim Neto insistiu até sábado, dia em que O Globo publicou a reportagem de Blagio Talento e Donaldson Gomes destacando aquele ponto forte do discurso da presidente. A foto que acompanhou a matéria é de Roberto Stuckert Filho.
Nada de fazer o bolo crescer para dividi-lo depois. Temos que fomentar o desenvolvimento com a participação do povo – acrescentou a presidente.
Depois do bolo crescido nas mãos do capital, seus donos não dividem mais nada. A vida é assim. Ingenuidade supor o contrário. Ingenuidade esperar comportamento cristão na realidade humana. Pois é preciso levar em consideração que, 1979 anos depois da morte de Cristo, vinte por cento da população mundial não contam sequer com energia elétrica. A mesma fração abrange os analfabetos. Os que não têm saneamento básico, os que vão dormir sem dinheiro para comer.
Ao contrário do que previu Malthus, há cerca de 200 anos, a produção de alimentos não recuou comparando-a à população. Uma parte dessa população é que não possui recursos para comer e morar dignamente.
Vá alguém esperar o bolo crescer para reparti-lo depois. Ficará esperando eternamente. A eternidade não tem limite. Mas os seres humanos são limitados no tempo. Esta a grande contradição entre a economia e a sociedade.
Dilma foi oportuna na colocação. Aliás por acaso. Sempre ele a entrar em cena. Rousseff, em seu discurso, criticava as soluções adotadas pela Espanha que elevaram o desemprego para a escala de 22%. O índice brasileiro é de 6%. Os leitores perguntarão: e daí?
E daí que, também no sábado, em artigo traduzido na edição da Folha de São Paulo, o prêmio Nobel de economia Paul Krugman, ao criticar a plataforma superconservadora de Mitt Romney, lembrou que, em 1960, os norteamericanos mais ricos representavam 0,01% da população dos Estados Unidos.
As políticas conservadoras sucessivas não redistribuíram renda alguma. Ao contrário. Concentraram a maior parte do Produto Bruto – 15 trilhões de reais – na fração de 0,04 do andar de cima, como costuma citar Elio Gaspari. O bolo, portanto, cresceu significativamente. A renda per capita subiu. E a redistribuição? Aí foi zero.
Nenhum comentário:
Postar um comentário