"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



domingo, 1 de julho de 2012

OS 18 DO FORTE


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Da esquerda para direita, tenentes Eduardo Gomes, Siqueira Campos, Newton Prado e o civil Otávio Correia (Reprodução/Internet)
Revolta dos 18 do Forte de Copacabana ocorreu em 5 de Julho de 1922, na cidade do Rio de Janeiro, então capital do Brasil
O episódio conhecido como “Os 18 do Forte” foi o ápice da insatisfação política da época. As discordâncias começaram com a publicação na imprensa de cartas, supostamente escritas pelo candidato à presidência Arthur Bernardes, durante a campanha eleitoral em 1921. Nelas eram feitas acusações ao Exército e insultos ao ex-presidente Marechal Hermes da Fonseca.

Mesmo com a oposição, Artur Bernardes foi eleito em março de 1922 e sua posse foi marcada para novembro. Em dois de julho, Epitácio Pessoa, ainda presidente, após ter sido criticado pelo Marechal Hermes por sua intervenção na sucessão estadual de Pernambuco, mandou prendê-lo e fechar o Clube Militar que o marechal presidia.

A crise culminou em uma série de levantes militares no Rio de Janeiro e em Mato Grosso na madrugada de cinco de julho. A maioria da oficialidade se recusou a participar do movimento, que foi comandado pelos tenentes — iniciando o Tenentismo.

O Forte de Copacabana era então comandado pelo capitão Euclides Hermes da Fonseca, filho do marechal Hermes da Fonseca, que com seus comandados, escavou trincheiras desde o portão do forte até o farol e estabeleceu que a uma hora da madrugada fossem iniciados os ataques. O tenente Siqueira Campos, obedecendo ao combinado, disparou um canhão e esperou que as outras guarnições respondessem. Nada aconteceu, pois o governo foi informado do movimento e antecipou-se trocando os principais comandos militares da capital.

Outros disparos foram feitos pelo tenente, matando algumas pessoas. O governo revidou e a artilharia da Fortaleza de Santa Cruz bombardeou o Forte de Copacabana durante todo o dia cinco. Com o caos que se instalou no forte, o capitão Euclides Hermes e o tenente Siqueira Campos permitiram que saíssem aqueles que não estivessem dispostos a combater. Deixaram o forte na madrugada seguinte 273 dos 301 da guarnição. Euclides Hermes foi ao encontro do Ministro no Palácio do Catete para tentar negociar a situação e recebeu voz de prisão.

Siqueira Campos, pressionado pelos bombardeios navais ao forte e pelas ameaças de bombardeios à cidade, decidiu continuar o combate com os remanescentes. Na tarde do dia seis a bandeira do Brasil do forte foi cortada em 28 pedaços e entregue aos 18 rebeldes que saíram em marcha pela Avenida Atlântica até o Palácio do Catete. Juntou-se a eles o engenheiro civil gaúcho Otávio Correia, amigo do tenente.

A luta chegou até a antiga rua Barroso, hoje rua Siqueira Campos, só com metade dos militares que saíram do forte. O confronto massacrante — cerca de três mil homens contra os rebeldes — terminou com a captura dos tenentes Siqueira Campos e Eduardo Gomes feridos. Todos os outros 16 foram mortos.

01 de julho de 2012
visão panorâmica

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