Greves no país e violência urbana em Brasília. Começo a desconfiar que a ênfase na revelação dos salários do funcionalismo público, depois da Lei de Acesso à Informação, não tenha sido mero acaso. Os meios de comunicação dependem, hoje, mais do que nunca, de verbas do governo.
E o primeiro governo Lula “abriu as torneiras” depois da crise do mensalão para obter a reeleição e, depois, a eleição de sua sucessora, o que facilita entender que tenha sido tão generoso com alguns funcionários públicos, mantendo a distorção entre carreiras, de modo totalmente aleatório, e uma enorme diferença entre os maiores e os menores salários pagos no serviço público. Essa é a questão de fundo dessa onda de greves que assola o país.
Já participei de greves, estando de um lado ou de outro da mesa das negociações. Como empregada da Petrobras, nos anos de 1960, dirigi greves e fiz inúmeros piquetes. Depois, na PUC-Minas, fui professora da Escola de Serviço Social onde, em 1975 – em plena ditadura -, os alunos entraram em greve e, para tentar evitar a repressão contra eles, todos nós, professores, pedimos, coletivamente, demissão de nossos cargos. Mais tarde, já na Universidade Federal de Minas Gerais, participei de todas as greves havidas desde os anos 80 até quando de lá saí para exercer meu primeiro mandato parlamentar.
Finalmente, como secretária municipal de Educação, em 1993, estive do outro lado da mesa e acabei indo à assembleia dos trabalhadores do ensino, onde pedi para ser votado se eu poderia ou não usar da palavra, antes que as discussões começassem, para explicar a todos a proposta da prefeitura. Meu pedido foi aprovado, e fiz uso da palavra. Não houve a greve, e a Prefeitura de BH, naquele ano, fez, em sua história, a primeira negociação coletiva com a categoria.
Acompanho, agora, os movimentos do secretário de Relações do Trabalho do Ministério do Planejamento, Sérgio Mendonça, experimentado técnico do Dieese. Por que não se conseguiu chegar, até agora, a um acordo?
Com certeza, porque houve a consciente protelação de negociações que, bem-conduzidas, poderiam ter levado a corrigir as distorções de que falei antes. Mas isso não interessa a um governo que acaba de vetar a obrigatoriedade de revelar, pela Lei de Acesso, a remuneração dos dirigentes de autarquias e estatais, que chega a mais de R$ 50 mil por mês, em alguns casos.
Além do sem-número de manifestações que ocorrem diariamente na praça dos Três Poderes,
Brasília vive, agora, apavorada diante da sucessão de sequestros-relâmpago em plena luz do dia. Durante este mês, foram 47 episódios, número jamais registrado na cidade.
Por que essa violência? Será que os salários pagos a alguns e a diferença em relação ao cidadão comum têm atraído meliantes? Por que isso, se dizem que a vida do brasileiro melhorou demais, e estão todos contentes, sem desemprego e com uma renda maior?!
Estou sem entender. E escrevo sobre esses assuntos apenas para repartir com quem me lê as perguntas que me faço.
E o primeiro governo Lula “abriu as torneiras” depois da crise do mensalão para obter a reeleição e, depois, a eleição de sua sucessora, o que facilita entender que tenha sido tão generoso com alguns funcionários públicos, mantendo a distorção entre carreiras, de modo totalmente aleatório, e uma enorme diferença entre os maiores e os menores salários pagos no serviço público. Essa é a questão de fundo dessa onda de greves que assola o país.
Já participei de greves, estando de um lado ou de outro da mesa das negociações. Como empregada da Petrobras, nos anos de 1960, dirigi greves e fiz inúmeros piquetes. Depois, na PUC-Minas, fui professora da Escola de Serviço Social onde, em 1975 – em plena ditadura -, os alunos entraram em greve e, para tentar evitar a repressão contra eles, todos nós, professores, pedimos, coletivamente, demissão de nossos cargos. Mais tarde, já na Universidade Federal de Minas Gerais, participei de todas as greves havidas desde os anos 80 até quando de lá saí para exercer meu primeiro mandato parlamentar.
Finalmente, como secretária municipal de Educação, em 1993, estive do outro lado da mesa e acabei indo à assembleia dos trabalhadores do ensino, onde pedi para ser votado se eu poderia ou não usar da palavra, antes que as discussões começassem, para explicar a todos a proposta da prefeitura. Meu pedido foi aprovado, e fiz uso da palavra. Não houve a greve, e a Prefeitura de BH, naquele ano, fez, em sua história, a primeira negociação coletiva com a categoria.
Acompanho, agora, os movimentos do secretário de Relações do Trabalho do Ministério do Planejamento, Sérgio Mendonça, experimentado técnico do Dieese. Por que não se conseguiu chegar, até agora, a um acordo?
Com certeza, porque houve a consciente protelação de negociações que, bem-conduzidas, poderiam ter levado a corrigir as distorções de que falei antes. Mas isso não interessa a um governo que acaba de vetar a obrigatoriedade de revelar, pela Lei de Acesso, a remuneração dos dirigentes de autarquias e estatais, que chega a mais de R$ 50 mil por mês, em alguns casos.
Além do sem-número de manifestações que ocorrem diariamente na praça dos Três Poderes,
Brasília vive, agora, apavorada diante da sucessão de sequestros-relâmpago em plena luz do dia. Durante este mês, foram 47 episódios, número jamais registrado na cidade.
Por que essa violência? Será que os salários pagos a alguns e a diferença em relação ao cidadão comum têm atraído meliantes? Por que isso, se dizem que a vida do brasileiro melhorou demais, e estão todos contentes, sem desemprego e com uma renda maior?!
Estou sem entender. E escrevo sobre esses assuntos apenas para repartir com quem me lê as perguntas que me faço.
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