A Comissão de Meio Ambiente e Defesa do Consumidor do Senado Federal tomou ontem uma dessas decisões que deixam evidente a capacidade de Suas Excelências gastar tempo com providências inúteis enquanto há tanto trabalho sério à espera do assim chamado “esforço parlamentar”.
A nova investida nessa direção é uma lei que (veja só!) proíbe as lanchonetes do Oiapoque ao Chuí de distribuir brindes para quem comprar seus sanduíches. Isso mesmo: os senadores encontraram tempo para enfiar na legislação brasileira a proibição proposta pelo ilustre senador Eduardo Amorim, do Ceará, de as lanchonetes se utilizarem desse expediente de marketing para melhorar suas vendas.
Segundo os nobres senadores, a oferta de brinquedos não passa disso mesmo: uma ação de marketing destinada a atrair atenção do público infantil, que, segundo eles, não tem discernimento suficiente para resistir à atração nefasta exercida pelos bonequinhos de brinquedo. Não tem mesmo.
Mas também não tem dinheiro para escolher o que quer comer. As crianças da classe média que estão expostas aos efeitos de ações como essa normalmente chegam às lanchonetes da rede McDonald’s (o alvo da ira parlamentar) pelas mãos dos próprios pais. Que podem, sim, ser bombardeados pelos filhos com pedidos insistentes para que adquiram os tais brindes perigosos.
Mas que, ao fim e ao cabo, têm toda capacidade (exatamente como têm os pais das crianças americanas e europeias, também “bombardeadas” por campanhas semelhantes) de decidir se devem ou não presentear seus filhos com os brinquedinhos que acompanham o sanduíche.
O país espera que nossos políticos olhem com carinho para a questão tributária que está a ponto de sufocar as empresas
Sincera e honestamente, ações desse tipo em nada contribuem para melhorar a imagem dos políticos brasileiros. E deixam o eleitor com a sensação de que ou eles não têm nada para fazer ou preferem fazer o que não tem utilidade. O documento terá que passar pela Câmara dos Deputados antes de seguir para a sanção presidencial.
A lei, em si, não terá consequências nem positivas nem negativas. Apenas revela a implicância de um determinado parlamentar com uma ação de marketing que, se for mesmo proibida, será substituída por outra. E, no final da história, não terá o menor efeito sobre as vendas de refeições rápidas.
Enquanto isso, o país espera que os políticos tomem providências capazes de modernizar nossa legislação e de torná-la menos nociva às ações empreendedoras.
O país espera que nossos políticos olhem com carinho para a questão tributária que está a ponto de sufocar as empresas. O país espera que sejam tomadas providências capazes de reduzir o custo Brasil e tornar o país mais amigável para os negócios.
Mas o Congresso não tem tempo para se debruçar sobre esse tipo de medida. Até porque, está ocupado se preocupando com o impacto dos bonequinhos distribuídos pelo McDonald’s nos hábitos alimentares de nossas crianças. Tenham a santa paciência!
Ricardo Galuppo
30 de agosto de 2012
Fonte: Brasil Econômico
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