A Petrobras possui controle estatal, mas tem capital misto, com milhares de investidoresbrasileiros e estrangeiros. O uso político da estatal tem custado cada vez mais a esses investidores, cujos interesses são ignorados pelo governo.
O prejuízo divulgado na sexta é mais uma prova disso.
O governo mantém o preço dos combustíveis defasado para segurar a inflação, afetando negativamente o lucro da empresa. Além disso, ele demanda grande participação de fornecedores nacionais nos bilionários investimentos da estatal, o que custa mais e atrasa o cronograma.
É o uso da empresa para a política industrial de governo, que já arrecada bilhões em royalties e impostos.
Infelizmente, quando o assunto é Petrobras o debate fica tomado pela emoção, sem espaço para argumentos racionais. A esquerda estatizante e a direita nacionalista se unem ideologicamente, alimentadas por muitos interesses obscuros em jogo, e repetem em uníssono que o setor é "estratégico".
A Embraer, a Telebrás e a Vale também eram "estratégicas".
Ora, justamente por ser estratégico o setor deveria ser retirado da gestão politizada, ineficiente e corrupta do governo. A exploração do petróleo começou pela iniciativa privada nos Estados Unidos. Desde a primeira prospecção de Edwin Drake em 1859, na Pensilvânia, o setor viu um crescimento incrível com base na competição de várias empresas privadas.
O Canadá também conta com dezenas de empresas privadas atuando no setor.
Por outro lado, países como Venezuela,
México, Irã,
Arábia Saudita,
Nigéria e Rússia possuem estatais controlando a exploração de petróleo.
Ninguém ousaria dizer que isto fez bem para seus respectivos povos, vítimas de regimes autoritários.
O brasileiro paga uma das gasolinas mais caras do mundo, o país ainda precisa importar derivados de petróleo após décadas de sonho com a autossuficiência, a estatal é palco de diversos escândalos de corrupção, mas muitos ainda repetem, inflando o peito, que "o petróleo é nosso!" Nosso de quem, cara-pálida?
O crescimento da produção de óleo e gás da Petrobras desde que o PT assumiu o governo foi medíocre: somente 2,4% ao ano.
Trata-se de um resultado lamentável após tantos bilhões investidos, inclusive com financiamento do BNDES.
A Petrobras, que tinha R$ 26,7 bilhões de dívida líquida em 2007, terminou o primeiro semestre de 2012 devendo mais de R$ 130 bilhões. O endividamento sobe em ritmo acelerado por conta de seu gigantesco programa de investimentos, mas nem os investidores nem os consumidores se beneficiam disso.
A rentabilidade da Petrobras é uma das menores do setor.
Seu retorno sobre patrimônio líquido não chega a 10%, metade da média de seus pares internacionais. Os investidores acusam o golpe, e as ações da Petrobras apresentam um dos piores desempenhos no mundo.
Desde 2009, suas ações caíram 5%, enquanto o Ibovespa subiu mais de 40%, e a Vale, mais de 50%. É o governo destruindo o valor da poupança de milhares de pessoas, incluindo todos que utilizaram o FGTS como instrumento para apostar na empresa.
Por que não há maior revolta?
Por que não há mobilização pela privatização da Petrossauro, como a chamava Roberto Campos? Parte da resposta é o fator ideológico já citado.
Outra parte diz respeito à enorme quantidade de grupos de interesse que mamam nas tetas da estatal.
Seus 80 mil funcionários custaram para a empresa mais de R$ 18 bilhões em 2011, ou quase R$ 20 mil mensais por empregado. Claro que muitos merecem o que ganham, mas como negar o uso da estatal como cabide de emprego para os "amigos do rei"?
Fornecedores nacionais ineficientes ou corruptos também agradecem, pois não precisam competir abertamente no livre mercado. O caminho até a estatal muitas vezes é outro, como comprova o caso do Silvinho "Land Rover", o ex-secretário do PT que ganhou um carro importado de uma empresa fornecedora da estatal.
Artistas e cineastas engajados da "esquerda caviar" também aplaudem a estatal, que destinou mais de R$ 650 milhões para patrocínios culturais de 2008 a 2011.
Isso sem falar de blogueiros "chapa-branca", que recebem gordas verbas da estatal.
A lista é longa.
Os políticos, então, nem se fala.
Quem esqueceu Severino Cavalcanti negociando à luz do dia, em nome da "governabilidade", aquela diretoria que "fura poço"?
O ex-presidente Lula era outro que adorava usar a Petrobras para seus fins políticos em parceria com Hugo Chávez.
Só há uma maneira eficaz de acabar com esta pouca vergonha que tem custado tão caro aos investidores da empresa:
sua privatização!
Rodrigo Constantino
O prejuízo divulgado na sexta é mais uma prova disso.
O governo mantém o preço dos combustíveis defasado para segurar a inflação, afetando negativamente o lucro da empresa. Além disso, ele demanda grande participação de fornecedores nacionais nos bilionários investimentos da estatal, o que custa mais e atrasa o cronograma.
É o uso da empresa para a política industrial de governo, que já arrecada bilhões em royalties e impostos.
Infelizmente, quando o assunto é Petrobras o debate fica tomado pela emoção, sem espaço para argumentos racionais. A esquerda estatizante e a direita nacionalista se unem ideologicamente, alimentadas por muitos interesses obscuros em jogo, e repetem em uníssono que o setor é "estratégico".
A Embraer, a Telebrás e a Vale também eram "estratégicas".
Ora, justamente por ser estratégico o setor deveria ser retirado da gestão politizada, ineficiente e corrupta do governo. A exploração do petróleo começou pela iniciativa privada nos Estados Unidos. Desde a primeira prospecção de Edwin Drake em 1859, na Pensilvânia, o setor viu um crescimento incrível com base na competição de várias empresas privadas.
O Canadá também conta com dezenas de empresas privadas atuando no setor.
Por outro lado, países como Venezuela,
México, Irã,
Arábia Saudita,
Nigéria e Rússia possuem estatais controlando a exploração de petróleo.
Ninguém ousaria dizer que isto fez bem para seus respectivos povos, vítimas de regimes autoritários.
O brasileiro paga uma das gasolinas mais caras do mundo, o país ainda precisa importar derivados de petróleo após décadas de sonho com a autossuficiência, a estatal é palco de diversos escândalos de corrupção, mas muitos ainda repetem, inflando o peito, que "o petróleo é nosso!" Nosso de quem, cara-pálida?
O crescimento da produção de óleo e gás da Petrobras desde que o PT assumiu o governo foi medíocre: somente 2,4% ao ano.
Trata-se de um resultado lamentável após tantos bilhões investidos, inclusive com financiamento do BNDES.
A Petrobras, que tinha R$ 26,7 bilhões de dívida líquida em 2007, terminou o primeiro semestre de 2012 devendo mais de R$ 130 bilhões. O endividamento sobe em ritmo acelerado por conta de seu gigantesco programa de investimentos, mas nem os investidores nem os consumidores se beneficiam disso.
A rentabilidade da Petrobras é uma das menores do setor.
Seu retorno sobre patrimônio líquido não chega a 10%, metade da média de seus pares internacionais. Os investidores acusam o golpe, e as ações da Petrobras apresentam um dos piores desempenhos no mundo.
Desde 2009, suas ações caíram 5%, enquanto o Ibovespa subiu mais de 40%, e a Vale, mais de 50%. É o governo destruindo o valor da poupança de milhares de pessoas, incluindo todos que utilizaram o FGTS como instrumento para apostar na empresa.
Por que não há maior revolta?
Por que não há mobilização pela privatização da Petrossauro, como a chamava Roberto Campos? Parte da resposta é o fator ideológico já citado.
Outra parte diz respeito à enorme quantidade de grupos de interesse que mamam nas tetas da estatal.
Seus 80 mil funcionários custaram para a empresa mais de R$ 18 bilhões em 2011, ou quase R$ 20 mil mensais por empregado. Claro que muitos merecem o que ganham, mas como negar o uso da estatal como cabide de emprego para os "amigos do rei"?
Fornecedores nacionais ineficientes ou corruptos também agradecem, pois não precisam competir abertamente no livre mercado. O caminho até a estatal muitas vezes é outro, como comprova o caso do Silvinho "Land Rover", o ex-secretário do PT que ganhou um carro importado de uma empresa fornecedora da estatal.
Artistas e cineastas engajados da "esquerda caviar" também aplaudem a estatal, que destinou mais de R$ 650 milhões para patrocínios culturais de 2008 a 2011.
Isso sem falar de blogueiros "chapa-branca", que recebem gordas verbas da estatal.
A lista é longa.
Os políticos, então, nem se fala.
Quem esqueceu Severino Cavalcanti negociando à luz do dia, em nome da "governabilidade", aquela diretoria que "fura poço"?
O ex-presidente Lula era outro que adorava usar a Petrobras para seus fins políticos em parceria com Hugo Chávez.
Só há uma maneira eficaz de acabar com esta pouca vergonha que tem custado tão caro aos investidores da empresa:
sua privatização!
Rodrigo Constantino
08 de agosto de 2012
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