Mais do que para a rotina, caminha para a pasmaceira a seqüência de intervenções dos advogados dos mensaleiros, depois da segunda-feira já conhecida como Dia da Fantasia, quando os principais réus foram apresentados como anjinhos. Ontem mesmo, ninguém agüentava mais ouvir a defesa de outros cinco, senão de menor culpabilidade, ao menos de menor importância.
Imagine-se então o tédio que por três semanas tomará conta dos onze ministros do Supremo Tribunal Federal, obrigados a ficar cinco horas por dia escutando discurseiras sem fim. Talvez a exceção em termos de atenção venha a ser a última intervenção, do patrono de Duda Mendonça, certamente mostrado como outro querubim que nem sabia dos milhões depositados pelo PT em suas contas no exterior.
A dúvida continua a mesma que vem desde 2005: irão ou não parar na cadeia os responsáveis pelo maior escândalo político da República? Conseguirão safar-se pela prescrição da lei ou a benevolência dos julgadores?
A fase atual é de indigestão de julgamento, pois a partir de amanhã a própria mídia arrefecerá em espaço e tempo dedicados aos trabalhos na mais alta corte nacional de justiça. A menos, é claro, que sobrevenham fatos inusitados, daqueles impossíveis de prever.
Ficam alguns sinais da performance dos advogados de Dirceu, Genoíno, Delúbio e Valério: se o primeiro “desligou-se do PT assim que assumiu a Casa Civil”, como esquecer que durante quase um ano enfeixou a coordenação política do governo Lula, da qual só abriu mão forçado pelo acúmulo com as funções administrativas? Se Genoíno não cuidava das finanças do partido, por que assinou e endossou todos os pedidos de empréstimo junto ao Banco Rural e penduricalhos?
Quanto a Delúbio, se não mantinha contacto com Dirceu, por que dispunha de gabinete no quarto andar do palácio do Planalto? De Valério, como passou de publicitário vitorioso a operador que autorizava a remessa de dezenas de milhões em malas entregues a pombos-correio dos partidos da base do governo, que nenhuma relação tinham com campanhas publicitárias junto à mídia?
Enfim, cada ministro que vá formando suas convicções e retocando seus votos, a maioria dos quais já esboçada. A gente só não sabe de seu conteúdo…
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O CANSAÇO ÀS VEZES NÃO VENCE
Tem-se a impressão de que a tática da presidente Dilma para enfrentar o atual surto de greves é vence-las pelo cansaço. Pode não ser bem assim, já que novas categorias do serviço público vem aderindo ao movimento, sem que as anteriores tenham desistido. A ameaça de cortar o ponto dos grevistas parece não se ter concretizado e as negociações do governo com eles dão a impressão de não andar. O perigo está na desmoralização do poder público, além dos óbvios prejuízos para a população. Dos países do BRICS, somos o único a enfrentar paralisações desse vulto: mais de 150 mil servidores públicos de braços cruzados.
As greves terão sido um dos temas da demorada conversa entre Dilma e Lula, segunda-feira, em São Paulo, ignorando-se, porém, qual o conselho dado pelo ex-presidente.
Imagine-se então o tédio que por três semanas tomará conta dos onze ministros do Supremo Tribunal Federal, obrigados a ficar cinco horas por dia escutando discurseiras sem fim. Talvez a exceção em termos de atenção venha a ser a última intervenção, do patrono de Duda Mendonça, certamente mostrado como outro querubim que nem sabia dos milhões depositados pelo PT em suas contas no exterior.
A dúvida continua a mesma que vem desde 2005: irão ou não parar na cadeia os responsáveis pelo maior escândalo político da República? Conseguirão safar-se pela prescrição da lei ou a benevolência dos julgadores?
A fase atual é de indigestão de julgamento, pois a partir de amanhã a própria mídia arrefecerá em espaço e tempo dedicados aos trabalhos na mais alta corte nacional de justiça. A menos, é claro, que sobrevenham fatos inusitados, daqueles impossíveis de prever.
Ficam alguns sinais da performance dos advogados de Dirceu, Genoíno, Delúbio e Valério: se o primeiro “desligou-se do PT assim que assumiu a Casa Civil”, como esquecer que durante quase um ano enfeixou a coordenação política do governo Lula, da qual só abriu mão forçado pelo acúmulo com as funções administrativas? Se Genoíno não cuidava das finanças do partido, por que assinou e endossou todos os pedidos de empréstimo junto ao Banco Rural e penduricalhos?
Quanto a Delúbio, se não mantinha contacto com Dirceu, por que dispunha de gabinete no quarto andar do palácio do Planalto? De Valério, como passou de publicitário vitorioso a operador que autorizava a remessa de dezenas de milhões em malas entregues a pombos-correio dos partidos da base do governo, que nenhuma relação tinham com campanhas publicitárias junto à mídia?
Enfim, cada ministro que vá formando suas convicções e retocando seus votos, a maioria dos quais já esboçada. A gente só não sabe de seu conteúdo…
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O CANSAÇO ÀS VEZES NÃO VENCE
Tem-se a impressão de que a tática da presidente Dilma para enfrentar o atual surto de greves é vence-las pelo cansaço. Pode não ser bem assim, já que novas categorias do serviço público vem aderindo ao movimento, sem que as anteriores tenham desistido. A ameaça de cortar o ponto dos grevistas parece não se ter concretizado e as negociações do governo com eles dão a impressão de não andar. O perigo está na desmoralização do poder público, além dos óbvios prejuízos para a população. Dos países do BRICS, somos o único a enfrentar paralisações desse vulto: mais de 150 mil servidores públicos de braços cruzados.
As greves terão sido um dos temas da demorada conversa entre Dilma e Lula, segunda-feira, em São Paulo, ignorando-se, porém, qual o conselho dado pelo ex-presidente.
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