Desde sua primeira eleição, em 1982, José Genoino logo se tornou um dos deputados federais mais queridos. Mostrou ser um homem simples e acessível, o sucesso na política jamais subiu-lhe à cabeça.
Na Câmara, manteve sempre um posicionamento firme em defesa dos ideais do PT, mas sabia respeitar os adversários.
Era interessante sua forma de proceder. Jamais permitiu que a política ideológica o transformasse num parlamentar sectário. Fora da tribuna e do plenário, mantinha uma convivência maravilhosa com seus principais adversários. Deputados radicais de direita como Amaral Neto e Roberto Cardoso Alves sempre tiveram um relacionamento altamente amistoso com Genoino.
No restaurante do último andar da Câmara, o almoço se animava com as gozações recíprocas entre eles. Na época, década de 80, eu trabalhava na sucursal de Brasília da revista Manchete e cheguei a escrever sobre essa convivência cordial entre políticos adversários, um fato que me trazia esperanças de que a política brasileira pudesse ser travada exclusivamente no terreno das ideias, sem desentendimentos pessoais, o que ainda hoje é uma utopia.
Assim como Genoino, outro parlamentar cujo comportamento também me causava admiração era Roberto Dávila, do PDT, muito ligado a Leonel Brizola e que circulava por todas as correntes ideológicas existentes no Congresso, era um interlocutor de alto nível, muito ponderado e com uma característica admirável – saber ouvir.
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ABATIMENTO
Depois da crise do mensalão, quando um assessor de seu irmão (deputado petista José Nobre Guimarães) foi preso no aeroporto com 100 mil dólares na cueca, José Genoino mudou muito. Há alguns anos o reencontrei na pequenina lanchonete do subsolo da Câmara, sozinho, com uma espécie de rosário na mão direita, parecia estar rezando.
Sua tristeza era constrangedora. Eu estava com um amigo, cumprimentei Genoino e o convidei a juntar-se a nós. Ele aceitou, almoçamos juntos e conversamos sobre os principais projetos em pauta. Mas já era outra pessoa, aquela alegria contagiante não existia mais.
Genoino nunca mais foi o mesmo. embora seja o réu do mensalão que menos mereça punição por atuação direta no esquema de corrupção. Na verdade, seus problemas começaram em 2002, quando atendeu ao partido, aceitou concorrer ao governo de São Paulo e perdeu. O candidato deveria ter sido Dirceu, que se elegeu deputado federal para ser chefe da Casa Civil já estava em outra.
Sem mandato, Genoino não foi convidado para nenhum cargo importante no governo de Lula eassumiu a presidência do PT no lugar de José Dirceu, o verdadeiro chefe da quadrilha. Foi assim Genoino acabou enrolado no caso do mensalão. O crime principal que cometeu foi o de conivência. Por isso, merece a cadeia, sabe que não escapará.
Hoje, ele trabalha como assessor do ministro da Defesa, e está cada vez mais deprimido. Uma reportagem de Cátia Seabra na Folha mostra que o ex-deputado está muito abatido e já se prepara para cumprir pena de prisão. Vai providenciar uma procuração para que sua mulher, Rioco Kayano, possa administrar suas contas.
O ex-presidente do PT responde no STF pelos crimes de corrupção ativa e formação de quadrilha. Segundo a denúncia, apesar de ter reduzido patrimônio, ele foi avalista de empréstimos dos bancos Rural e BMG que ajudaram a financiar o mensalão.
Genoino vai cumprir pena, mas sabe que tem um prêmio de consolação – sua aposentadoria como deputado federal não é nada desprezível. Algo em torno de R$ 20 mil por mês.
Na Câmara, manteve sempre um posicionamento firme em defesa dos ideais do PT, mas sabia respeitar os adversários.
Era interessante sua forma de proceder. Jamais permitiu que a política ideológica o transformasse num parlamentar sectário. Fora da tribuna e do plenário, mantinha uma convivência maravilhosa com seus principais adversários. Deputados radicais de direita como Amaral Neto e Roberto Cardoso Alves sempre tiveram um relacionamento altamente amistoso com Genoino.
No restaurante do último andar da Câmara, o almoço se animava com as gozações recíprocas entre eles. Na época, década de 80, eu trabalhava na sucursal de Brasília da revista Manchete e cheguei a escrever sobre essa convivência cordial entre políticos adversários, um fato que me trazia esperanças de que a política brasileira pudesse ser travada exclusivamente no terreno das ideias, sem desentendimentos pessoais, o que ainda hoje é uma utopia.
Assim como Genoino, outro parlamentar cujo comportamento também me causava admiração era Roberto Dávila, do PDT, muito ligado a Leonel Brizola e que circulava por todas as correntes ideológicas existentes no Congresso, era um interlocutor de alto nível, muito ponderado e com uma característica admirável – saber ouvir.
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ABATIMENTO
Depois da crise do mensalão, quando um assessor de seu irmão (deputado petista José Nobre Guimarães) foi preso no aeroporto com 100 mil dólares na cueca, José Genoino mudou muito. Há alguns anos o reencontrei na pequenina lanchonete do subsolo da Câmara, sozinho, com uma espécie de rosário na mão direita, parecia estar rezando.
Sua tristeza era constrangedora. Eu estava com um amigo, cumprimentei Genoino e o convidei a juntar-se a nós. Ele aceitou, almoçamos juntos e conversamos sobre os principais projetos em pauta. Mas já era outra pessoa, aquela alegria contagiante não existia mais.
Genoino nunca mais foi o mesmo. embora seja o réu do mensalão que menos mereça punição por atuação direta no esquema de corrupção. Na verdade, seus problemas começaram em 2002, quando atendeu ao partido, aceitou concorrer ao governo de São Paulo e perdeu. O candidato deveria ter sido Dirceu, que se elegeu deputado federal para ser chefe da Casa Civil já estava em outra.
Sem mandato, Genoino não foi convidado para nenhum cargo importante no governo de Lula eassumiu a presidência do PT no lugar de José Dirceu, o verdadeiro chefe da quadrilha. Foi assim Genoino acabou enrolado no caso do mensalão. O crime principal que cometeu foi o de conivência. Por isso, merece a cadeia, sabe que não escapará.
Hoje, ele trabalha como assessor do ministro da Defesa, e está cada vez mais deprimido. Uma reportagem de Cátia Seabra na Folha mostra que o ex-deputado está muito abatido e já se prepara para cumprir pena de prisão. Vai providenciar uma procuração para que sua mulher, Rioco Kayano, possa administrar suas contas.
O ex-presidente do PT responde no STF pelos crimes de corrupção ativa e formação de quadrilha. Segundo a denúncia, apesar de ter reduzido patrimônio, ele foi avalista de empréstimos dos bancos Rural e BMG que ajudaram a financiar o mensalão.
Genoino vai cumprir pena, mas sabe que tem um prêmio de consolação – sua aposentadoria como deputado federal não é nada desprezível. Algo em torno de R$ 20 mil por mês.
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