"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



sábado, 29 de setembro de 2012

RECÓRTER TUCANOPAPISTA HIDRÓFOBO GANHA FAMA COM TALENTO ALHEIOI


Comentando o livro do recórter chapa-branca tucanopapista hidrófobo da Veja, Bernardo Mello Franco, jornalista da Folha de São Paulo, escreve na edição de hoje:

“Lula, alvo principal do blog, é chamado de “O Apedeuta”. No verbete de dicionário transcrito pelo próprio Azevedo: “quem não tem instrução, ignorante”.

Ora, a palavrinha consta obviamente dos dicionários. Existe desde quando existem os gregos. Mas sua associação a Lula é achado meu. No fundo, me sinto até contente por ter contribuído com algo à cultura rasa do recórter tucanopapista hidrófobo. Quando lancei a expressão Supremo Apedeuta, era minha intenção que fosse divulgada, Brasil et orbi. O recórter foi útil nesse sentido. Pena que, em seu narcisismo, passou a julgar-se autor dela.

Ex-comunista, o recórter diz não arrepender-se de seu passado. Sei, o recórter se diz ex-trotskista, como se trotskistas não fossem comunistas que não conseguiram chegar ao poder. Seja como for, o supostamente erudito recórter deve ter ouvido falar de Kronstadt. Na melhor das hipóteses, foi cúmplice intelectual do massacre comandado por Trotsky. Hoje, ao orgulhar-se de ter sido comunista, orgulha-se também de combater o comunismo. Como aquela outra Madalena maranhense, o Ferreira Gullar, vende dos dois lados do balcão.

O recórter chapa-branca tucanopapista hidrófobo de Veja se pretende criador de neologismos. Há quatro anos, pretendia ter criado a palavra pobrismo. Ora, a palavrinha está em El P.r.u.n.: Almazán y el desastre final, de autoria de Bernardino Mena Brito. O livro foi publicado em 1941 e a palavra se difundiu rapidamente pela América Latina, na segunda metade do século passado.

Catolicão de fachada, em 2007 o recórter deitou erudição e produziu esta pérola:

"Se você conhece mesmo Santo Tomás, sabe que ele jamais chamaria de ciência a concepção imaculada. Volte aos livros. O que é matéria de fé está fora do escrutínio científico. Mesmo as provas da existência de Deus, na Suma Teológica, são exercícios lógicos. Assim, em termos estritamente tomistas, Maria ter concebido virgem não pode jamais ser um 'absurdo' porque há uma condição anterior a qualquer verificação da experiência: 'é preciso crer'."

Ora, o aquinata jamais escreveria uma bobagem destas. A Imaculada Concepção nada tem a ver com virgindade. Se o recórter não conhece nem o catecismo, duvido que tenha lido a Suma. Imaculada Concepção significa apenas que Maria foi preservada do pecado original desde o primeiro instante de sua existência. Se era mãe do Cristo, que nascera sem a mancha do pecado original, ela também não poderia ter esta mancha. O dogma foi definido a 08 de dezembro de 1854, por Pio IX, na bula Ineffabilis Deus. Sem falar que São Tomás morreu em 1274. Seis séculos antes da proclamação do dogma.

Faccioso, raivoso e inculto, o recórter apela a achados alheios para construir sua fama. Cronista medíocre, pelo menos tem a virtude de ler os bons cronistas. Não custa repetir:



RECÓRTER CHUPIM RIDES AGAIN*
Janer

Na edição atual da revista Piauí, número 47, tem uma matéria sobre a internet e as eleições. Chama-se "Pancadaria na rede", enfim, a matéria é sobre como os nossos ilustres candidatos estão usando a internet nas suas respectivas campanhas.
O que me chamou atenção é que na matéria, é citado o Reinaldo Azevedo como a pessoa que criou o termo "apedeuta" para se referir ao nosso presidente, o Lula. Mas, eu tenho visto no teu blog que vc ja usa o termo a um bom tempo. Veja aí, podem estar querendo dar a autoria para outra pessoa. Abraço,
Glaucius Djalma Pereira Junior


Grato, meu caro Glaucius. Mal falei do burro, logo apontou as orelhas. Piauí se engana. A associação de apedeuta a Lula é minha e data de 2002, muito antes de eu ter começado este blog. Em 2004, cunhei a expressão Supremo Apedeuta, por alusão a Supremo Magistrado. Criei-a para que fosse divulgada, e nisto fui bem sucedido. Mas não para que alguém dela se pretendesse autor. O recórter tucano papista além de assumi-la andou criando trocadilhos bobos, como Apedeutakov e Apedeutakoba (Koba era um dos codinomes do Stalin).

Como se Lula um dia tivesse sido comunista ou stalinista. Em sua histeria em xingar o PT, o virtuose do cut & paste lhe atribui defeitos que em verdade não tem. Lula é simplesmente oportunista. Nossa sorte é que só foi eleito bem após a queda do Muro e desmoronamento da URSS. Fosse antes, certamente teria aderido à União Soviética. Há mais de quatro anos, em 17 de abril de 2006, escrevi:

O sumo analfabeto, com o apoio da Igreja Católica e da universidade, acabou sendo eleito. No ano mesmo de sua eleição, em crônica intitulada "Eu sou o que sou", publicada no Baguete, jornal eletrônico de Porto Alegre (29/03/2002), pareceu-me oportuno qualificá-lo como apedeuta: "Até hoje as esquerdas são pródigas em contar piadas sobre a falta de cultura de Costa e Silva. Mas Costa e Silva fez Escola Militar, cujo acesso não é para qualquer apedeuta".

Em 19 de agosto do mesmo ano, no mesmo jornal, na crônica intitulada "O neoaparatchik", voltei ao tema: "Existe uma raça de apedeutas que se sentem muito eruditos quando usam proparoxítonas ou quadrissílabos. No debate organizado pela Folha de São Paulo, na segunda feira-passada, ele se superou. Lá pelas tantas, arrotou erudição: 'Entretanto, há coisas a serem feitas concomitantemente'. Embriagado pelo próprio verbo, feliz pelo heptassílabo, perguntou ao interlocutor: 'Gostou do concomitantemente?'"

Em 17 de março de 2003, no artigo "Armadilha para negros", publicado no MSM, escrevi: "O atual presidente da República está longe de ser o primeiro apedeuta a assumir o poder neste país. Câmara e Senado estão repletos de analfabetos jurídicos, que nada entendem da confecção de leis nem sabem sequer distinguir lei maior de lei menor". Na tradução do artigo para o inglês, publicada na revista Brazzil, de Los Angeles, o tradutor teve um feliz achado: First Ignoramus.

Em "Fala, ó metamorfose ambulante", publicado também no MSM, em 20 de setembro de 2004, lá está: "Durante solenidade em Brasília, o Supremo Apedeuta disse que 'o ser humano não tem que ter medo de ser uma eterna metamorfose ambulante', fazendo referência a um dos sublimes autores que embasam sua erudição". Na Brazzil, a expressão foi traduzida como Supreme Ignoramus. Se alguém se der ao trabalho de pesquisar nos arquivos do MSM, verá que, de 2003 para cá, escrevi pelo menos 21 crônicas, onde uso as expressões apedeuta ou Supremo Apedeuta.

Em suma, para meu prazer, a expressão foi fazendo fortuna na mídia eletrônica. Tanto o Supremo Apedeuta como o Supreme Ignoramus. Nada lisonjeia tanto um jornalista como ver seus achados correndo mundo. Outro dia, lendo ao azar a revista Primeira Leitura, vi que um jornalista tucano chapa-branca a empregava várias vezes. Maravilha, pensei, minha trouvaille já é de conhecimento dos partidos de oposição. Ocorre que, conversando com outros jornalistas, fiquei sabendo que o autor do artigo está reivindicando a autoria da expressão.

Alto lá, senhor Reinaldo Azevedo. Supremo Apedeuta é cria minha, e isto qualquer pesquisa rápida no Google pode comprovar. Use e abuse da expressão, quantas vezes quiser, divulgue-a aos quatro ventos, isto só me faz feliz. Mas não pretenda tê-la criado. Isto é muito feio para um jornalista. Ou, para usarmos uma palavra da moda, é antiético. E não fica bem para o porta-voz de um partido que pretende dar um banho de ética no partido que se dizia dono da ética tomar atitudes assim antiéticas. O Supremo Apedeuta é meu.


29 de setembro de 2012
janer cristaldo

(*)13/08/2010. Meu livro O Supremo Apedeuta pode ser baixado de http://www.ebooksbrasil.org/adobeebook/supremo.pdf, em formato PDF
ou
http://www.ebooksbrasil.org/eLibris/supremo.html, em formato exlibris.

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