Vai bem, vai mal
Há muitas maneiras de medir o progresso de um país - ou a ausência dele. Cada índice conta a sua história, triste ou animadora. Talvez os mais significativos sejam aqueles que nos dizem a quantas anda a educação básica.
A esse respeito, temos, simultaneamente, motivos de satisfação e de tristeza. Os números da alfabetização, por exemplo, são animadores. A taxa do analfabetismo passou de 11,4% em 2004 para 8,6% no ano passado.
Com um dado positivo: 60% dos brasileiros nesse grupo têm mais de 50 anos.
Pode-se concluir que o Brasil do futuro será melhor do que o de hoje?
A resposta honesta a essa pergunta é desalentadora:
pode ser, mas nem tanto quanto seria desejável ou necessário.
Não é possível esquecer que alfabetizar é apenas um primeiro passo. Um cidadão realmente funcional não sabe apenas ler e escrever. Isso não basta para o exercício da cidadania. Ele precisa conhecer a história de seu país e do mundo em que vive. Sem entender o passado não fica nada fácil enfrentar os desafios do futuro.
Os números mais recentes a esse respeito provocam pessimismo.
A mais recente pesquisa oficial a respeito mostra que está crescendo o número de jovens de 15 a 17 anos que deveriam estar no ensino médio e lá não apareceram. Segundo uma pesquisa oficial, simultaneamente aumenta a alfabetização e cai a continuação do processo educativo.
A ênfase na educação elementar é obviamente indispensável e há muito tempo vem sendo o principal tema das campanhas e dos esforços no universo da educação no Brasil. Mas só agora, pelo visto, começamos a descobrir que isso não basta.
É com preocupação que especialistas no assunto constatam uma tendência negativa:
enquanto estamos vencendo a batalha da alfabetização das crianças, estamos começando a perder a guerra do ensino médio.
Os números são alarmantes:
os jovens de 15 a 17 anos estão abandonando as escolas. Em dois anos, a chamada taxa de escolarização desse grupo desceu de 85,2% para 83,7%.
E há outro dado assustador:
pesquisas mostram que muitos desses jovens não migraram para o mercado de trabalho.
Não se sabe bem para onde foram.
Há apenas uma explicação parcial:
são os casos de gravidez precoce.
Segundo fonte oficial, o número de meninas grávidas chega a 300 mil.
Concluindo:
a educação no Brasil vai, simultaneamente, melhor e pior.
E cada um que escolha os números que achar mais importantes.
Luiz Garcia/O Globo
03 de outubro de 2012
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