O STF (Supremo Tribunal Federal) começará a julgar hoje o ex-ministro José Dirceu, o ex-presidente do PT José Genoíno e o ex-tesoureiro do partido Delúbio Soares pelo crime de corrupção ativa no processo do mensalão. Dirceu é apontado pela Procuradoria-Geral da República como principal responsável pela organização do esquema operado por Delúbio com o empresário Marcos Valério Fernandes de Souza.
O ex-ministro chefiou a campanha que elegeu o ex-presidente Lula em 2002 e assumiu o papel de principal articulador político do novo governo, negociando acordos com os partidos que formaram a base de apoio.Em sua defesa no processo do mensalão, Dirceu admite que negociou com os partidos aliados, mas nega ter tratado de assuntos financeiros com eles e diz que se afastou da administração do PT ao assumir a Casa Civil.
Em seu interrogatório no processo, Dirceu disse que "organizou e negociou" a formação da base aliada, que incluía os partidos (PP, o extinto PL, hoje PR, PTB e PMDB) cujos líderes foram condenados nesta semana por corrupção passiva no Supremo. Sete dos dez ministros também disseram que o objetivo do esquema era comprar votos no Congresso no início do governo Lula, e não pagar dívidas de campanhas eleitorais, como dizem o ex-presidente Lula e os acusados.
Dirceu foi interrogado pela juíza federal Silvia Rocha em 24 de janeiro de 2008, por ordem do STF. Indagado se o ex-ministro da Casa Civil Aldo Rebelo (PC do B) havia conduzido as negociações para formação da base aliada, Dirceu a corrigiu: "Não, foi eu que organizei e negociei a base aliada entre janeiro de 2003 a janeiro de 2004, que eu era o ministro responsável pela articulação política".
No período citado por Dirceu, o esquema montado pelo PT e Valério já havia recebido R$ 30 milhões de um fundo controlado pelo Banco do Brasil e R$ 32 milhões em empréstimos concedidos pelo Banco Rural e considerados fraudulentos pelo STF. No mesmo período, o esquema destinou R$ 1,1 milhão para membros do PP, R$ 7,5 milhões para o extinto PL, R$ 1,6 milhão para o PTB e R$ 200 mil para o PMDB. Em nota enviada ontem à Folha, a assessoria de Dirceu afirmou que seu interrogatório na Justiça Federal e "todas as demais provas do processo" mostram que o ex-ministro jamais tratou de dinheiro com esses partidos. (Folha de São Paulo)
03 de outubro de 2012
in coroneLeaks
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