A audiência pública promovida pela Comissão da Verdade na UFMG – 22 de Outubro de 2012 – foi a exposição aberta de um – entre vários outros - problemas gerados por este grupo de trabalho. Algo que pressupõe o estabelecimento da mentira revolucionária como a história oficial de um país: sob o pretexto pedagógico, adotar uma narrativa pré-fabricada como a cartilha que formará o imaginário da juventude, carregando-a com estereótipos que estimulam sentimentos e reações contra tudo o que a ela se opõe.
É constrangedor assistir a uma
criança de 12 anos tomar o microfone para – com um olhar que se faz tímido ao
perceber que o público a mira com atenção e expectativa – pronunciar as palavras
vazias esgoeladas por todo militante rebelde, enquanto o auditório, e os
próprios integrantes da Comissão, aplaudem-na com um sorriso de satisfação no
rosto.
Nas próprias palavras de José
Carlos Dias – integrante da Comissão da Verdade – um dos propósitos das
audiências públicas é “sensibilizar” a sociedade. De fato, a investigação e a
pesquisa histórica foram afastadas para que seja feita a propaganda e a
publicidade da versão revolucionária da História. É a promoção da pedagogia
invertida: em vez do conhecimento, a “sensibilização” - condicionar o
comportamento e estimular reações. O efeito deste processo macabro foi
apresentado na própria solenidade de Belo Horizonte, onde a disposição para
conhecer História e rever a sua própria biografia – em um esforço de sinceridade
confessional – deu lugar à histeria - a histeria gravada na proclamação dos
ideais e projetos de “transformação do mundo” da antiga geração de
revolucionários; no ódio que babava a juventude universitária contra um inimigo
que nunca procurou ouvir; na condenação, aos prantos, da utilização de uniforme
escolar, considerado um ato bárbaro de tortura; na manifestação exótica de uma
Profetiza, que se dizendo emissária do divino, louvava a causa
revolucionária.
É curioso que uma Psicanalista –
e não um Historiador – integre a Comissão da Verdade. Parte fundamental deste
ofício é conectar as experiências dos seus pacientes em uma narrativa que
explique e, simultaneamente, amenize as angústias e sofrimentos deles. No caso
da comissária Maria Rita Kehl, no entanto, o propósito aparece invertido:
consagrar a histeria.
O princípio da inversão orienta
a re-escritura da História – para determiná-la História oficial do Brasil. A
nova geração aprende uma farsa como se fosse a verdade. Ela é condicionada pelos
sentimentos e pelos apelos do imaginário revolucionário: algo que Bella Dodd
tristemente reconheceu ao descrever a sua experiência no Partido Comunista dos
Estados Unidos - “eu fiz dos ódios deles os meus” [1]. A pedagogia da
“sensibilização” proposta pela Comissão da Verdade tem o propósito de educar a
nova geração: não dando o exemplo de vigor e disposição para buscar a verdade,
seja ela qual for; mas, com o propósito de escondê-la – porque o projeto para a
juventude é transformá-la na imagem e semelhança dos seus ídolos
revolucionários, fazendo dela uma geração histérica.
04 de novembro de 2012
Bruno Braga.
Referências.
[1]. DODD, Bella.
“School of Darkness”, p. 70.
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