Em São Paulo, a guerrilha virou guerra. Oitenta e seis policiais militares e 18 agentes penitenciários foram assassinados este ano. Mais 65 civis só nos últimos dez dias. Ignora-se quantos traficantes, mas, pelo menos, o dobro.
Acima e além desse conflito declarado entre polícia e bandidos, a verdade é que escoou pelo ralo o conceito de segurança pública. Meliantes de toda espécie transitam pela cidade, prontos para a cada esquina e a cada minuto assaltar, roubar, invadir, sequestrar e matar.
Sair às ruas, em especial depois que o sol se põe, é uma temeridade, não só na periferia, mas nos Jardins e no Morumbi. A maior e mais rica comunidade do país transformou-se num campo de batalha, com direito à extensão ao entorno e a outros centros nem tão próximos assim.
Autoridades e a mídia não conseguem mais minimizar a conflagração. Há que noticiar os crimes, como prometer providências, mesmo sem expor inteiramente o caos que assola São Paulo. Estariam os governantes temerosos da reação inevitável do cidadão comum, prestes a alistar-se nos batalhões da justiça pelas próprias mãos?
Logo assistiremos a participação de todos no confronto que o poder público não consegue mais conter. O número de paulistanos armados multiplicou-se. Quem não tinha revólver agora tem. E leva na cintura, na bolsa ou no carro, quando precisa deixar sua casa.
O infeliz que vem na calçada em sentido contrário é o inimigo. Quem atravessa a rua no farol é um potencial ladrão do veículo cujo motorista encontra-se pronto para arrancar, avançando o sinal vermelho. No bar, senta-se na cadeira encostada na parede, para garantia da retaguarda. No ônibus, finge-se ler um jornal ou uma revista, mas presta-se mesmo é atenção no vizinho do lado ou em pé diante do suposto leitor.
Quem fica parado diante da vitrina para conhecer a mais nova parafernália eletrônica é filmado e vigiado lá de dentro. Olhar nos olhos, aproximar-se do outro sem razão plausível, pedir informação ou ficar na fila do metrô contando moedas tornou-se um risco, já que ninguém garante tratar-se de gestos naturais ou da preliminar de um assalto ou coisa pior. Daqui a pouco será melhor atirar primeiro e perguntar depois.
O que imaginam fazer Geraldo Alckmin e agora Fernando Haddad? Podem muito pouco. Mas também movimentam-se cercados de seguranças e por montes de correligionários. O perigo imediato não é com eles, estarão blindados.
Vale o mesmo para o prefeito Kassab e, com um pouco de sorte, para seus secretários. Também permanecem protegidos os potentados financeiros e seus pimpolhos, envoltos no cinturão da segurança privada.
Mas o povo? Aquela outrora comunidade amena, amável, simpática e feliz vai-se transformando em tropa de choque privada, para sua própria preservação. Mesmo assim, sem conseguir…
Acima e além desse conflito declarado entre polícia e bandidos, a verdade é que escoou pelo ralo o conceito de segurança pública. Meliantes de toda espécie transitam pela cidade, prontos para a cada esquina e a cada minuto assaltar, roubar, invadir, sequestrar e matar.
Sair às ruas, em especial depois que o sol se põe, é uma temeridade, não só na periferia, mas nos Jardins e no Morumbi. A maior e mais rica comunidade do país transformou-se num campo de batalha, com direito à extensão ao entorno e a outros centros nem tão próximos assim.
Autoridades e a mídia não conseguem mais minimizar a conflagração. Há que noticiar os crimes, como prometer providências, mesmo sem expor inteiramente o caos que assola São Paulo. Estariam os governantes temerosos da reação inevitável do cidadão comum, prestes a alistar-se nos batalhões da justiça pelas próprias mãos?
Logo assistiremos a participação de todos no confronto que o poder público não consegue mais conter. O número de paulistanos armados multiplicou-se. Quem não tinha revólver agora tem. E leva na cintura, na bolsa ou no carro, quando precisa deixar sua casa.
O infeliz que vem na calçada em sentido contrário é o inimigo. Quem atravessa a rua no farol é um potencial ladrão do veículo cujo motorista encontra-se pronto para arrancar, avançando o sinal vermelho. No bar, senta-se na cadeira encostada na parede, para garantia da retaguarda. No ônibus, finge-se ler um jornal ou uma revista, mas presta-se mesmo é atenção no vizinho do lado ou em pé diante do suposto leitor.
Quem fica parado diante da vitrina para conhecer a mais nova parafernália eletrônica é filmado e vigiado lá de dentro. Olhar nos olhos, aproximar-se do outro sem razão plausível, pedir informação ou ficar na fila do metrô contando moedas tornou-se um risco, já que ninguém garante tratar-se de gestos naturais ou da preliminar de um assalto ou coisa pior. Daqui a pouco será melhor atirar primeiro e perguntar depois.
O que imaginam fazer Geraldo Alckmin e agora Fernando Haddad? Podem muito pouco. Mas também movimentam-se cercados de seguranças e por montes de correligionários. O perigo imediato não é com eles, estarão blindados.
Vale o mesmo para o prefeito Kassab e, com um pouco de sorte, para seus secretários. Também permanecem protegidos os potentados financeiros e seus pimpolhos, envoltos no cinturão da segurança privada.
Mas o povo? Aquela outrora comunidade amena, amável, simpática e feliz vai-se transformando em tropa de choque privada, para sua própria preservação. Mesmo assim, sem conseguir…
(Esse desabafo vai por conta de quem pretendia passar o fim
de semana na paulicéia mas achou melhor voltar no mesmo dia.)
de semana na paulicéia mas achou melhor voltar no mesmo dia.)
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