"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



domingo, 4 de novembro de 2012

KASSAB DERROTOU SERRA

 

Comentaristas e repórteres se dedicaram a apontar os motivos da eleição do candidato Fernando Haddad no segundo turno da maior cidade do país, que tem orçamento superior ao de qualquer Estado, à exceção de São Paulo.

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“Deixa comigo, Serra…”

Alguns disseram que o cacique do PT, o ex-presidente LULA, ao referendar e apoiar incondicionalmente o candidato Haddad, foi preponderante no resultado final, mas, então, qual a razão dos candidatos de Lula terem perdido em Campinas e em Salvador, amplamente apoiados por ele, tal e qual aqui em Sampa? Um mistério difícil de ser desvendado.

Outros tantos afirmaram que a rejeição de Serra era muito alta devido ao fato de ter abandonado o cargo no meio do mandato na Prefeitura, da qual saiu para se candidatar ao governo do Estado. Depois, foi governador e se desincompatibilzou para tentar novamente a presidência da República.

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KASSAB SE OMITIU

O fator crucial para a derrota, somado aos outros citados acima, se chama Gilberto Kassab.
Primeiro, lembremos que Serra apoiou a eleição de Kassab em detrimento do candidato de seu partido, o atual governador do Estado, Geraldo Alkimim, o que causou ferida ainda não cicatrizada. O PSDB marchou dividido e com pouco ou quase nenhum empenho de alguns integrantes. O cacique FHC, mais uma vez foi pouco utilizado na campanha televisiva.

Segundo, Kassab participou de uma plenária do PT anunciando a entrada de seu recém-criado partido, o PSD, na base aliada do governo, em um evento midiático de grandes proporções na cidade de São Paulo, para depois inexplicavelmente recuar e declarar que apoiava o seu padrinho José Serra para sucedê-lo na Prefeitura. O eleitor registrou no inconsciente o vai e vem de Kassab.

Por último, Kassab se preocupou muito mais em alavancar o seu PSD, na composição do arco de alianças, no troca-troca partidário, na engorda da legenda visando à eleição dos candidatos pessedistas de norte a sul do país, do que efetivamente mergulhar na campanha de Serra.

Ao mesmo tempo, os paulistanos não se esqueceram dos efeitos das enchentes do verão passado. O povo entendeu e deu o recado votando no adversário, que se apresentou com o discurso da mudança. O povo dera um cheque em branco para Serra e Kassab. Agora, ao contrariarem o eleitor, o cheque teve que ser devolvido através das urnas.

Não adianta chorar, nem ficar deprimido com a derrota, após cometerem erros fatais. Que sirva de lição para os derrotados, para aqueles que estão governando e para os que assumirão as prefeituras em janeiro de 2013. Em síntese: Cumpram as promessas, caso contrário, não serão reeleitos.

04 de novembro de 2012
Roberto Nascimento

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