Somente no último ano, 2,3 milhões de pessoas experimentaram crack e cocaína. Segundo pesquisa da USP, 442 mil foram adolescentes.
A cocaína em forma sólida se transformou em um problema de saúde pública, e que tem atingido cada vez mais crianças e adolescentes. O Recife é uma das capitais do país onde mais se consome o crack.
Em uma das avenidas mais movimentadas da capital pernambucana, crianças e adolescentes se misturam aos dependentes de crack. É cada vez mais comum encontrar menores de idade consumindo a droga nas ruas.
O Brasil é o maior mercado do mundo de crack e o segundo de cocaína. Somente no último ano 2,3 milhões de pessoas experimentaram esses tipos de droga. O que chama atenção é que 442 mil foram adolescentes, de acordo com uma pesquisa da Universidade Federal de São Paulo. O Recife é uma das cinco cidades brasileiras onde mais se usa o crack, junto com o Rio de Janeiro, São Paulo, Salvador e Brasília.
Para consumir a droga, alguns vendem o corpo, pedem esmola ou viram bandidos. A lei do tráfico é dura e cruel, e quando o problema aparece, a família vive um drama. As sequelas podem ficar pelo resto da vida. “Fumar significa que você dá uma descarga da substância, da droga, muito forte. Que o cérebro fica bombardeado pela substância e ela bagunça toda a estrutura dos neurotransmissores”, explica Evaldo Melo, psiquiatra.
O Brasil possui poucos centros de atendimento a usuários de crack. A rede de saúde mental conta hoje com 310 centros de atenção psicossocial especializado em álcool e drogas, 59 unidades de acolhimento, e 4240 leitos em hospitais.
Um CAPs em Jaboatão de Guararapes é exclusivo para crianças e adolescentes. O problema é que não tem médico. Em Pernambuco só existe um local para a internação e tratamento de menores, que fica em Caruaru, no agreste do estado. São trinta vagas e meninas não são aceitas.
Muitas vezes o tratamento é interrompido logo nos primeiros quinze dias. De cada dez menores que chegam, cinco ou fogem ou pedem pra sair.
Para os especialistas, o consumo maior do crack entre os jovens acontece porque alguém falhou. “A gente pode entender que a imagem de uma criança usando crack é o retrato mais cruel de uma sociedade, dos governantes no tratamento dessa situação”, avalia Thiago Queiroz, psiquiatra.
Lançado há um ano pelo governo federal, o programa "Crack, é possível vencer" prevê investimentos de quatro bilhões de reais até 2014. O governo federal pretende criar mais de treze mil novos leitos pelo Brasil.
26 de dezembro de 2012
Ronan Tardin e Edison Silva - Jornal HOJE - TV Globo
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