"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

CÚPULA DO PMDB TENTA BLINDAR RENAN

Vice-presidente Michel Temer afirma que candidato do partido fará 'belíssima gestão' no comando do Senado; José Sarney também faz elogios a colega
 
Já escolhido por seu partido para comandar o Senado no próximo biênio, com aval do PT e do Planalto, o senador Renan Calheiros (AL) conta com a blindagem da cúpula peemedebista para minimizar o desgaste de sua imagem.

O vice-presidente da República, Michel Temer, afirmou ontem que o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) "pode fazer uma belíssima gestão" na presidência do Senado. Temer disse que não acredita que o retorno do líder do PMDB ao comando do Senado afete a credibilidade da Casa.
Ontem, o Estado revelou que a Construtora Uchôa, de aliados políticos de Renan, faturou nos últimos dois anos R$ 70 milhões em recursos do programa Minha Casa, Minha Vida em Alagoas.
Em 2007, Renan renunciou à presidência do Senado para evitar ser cassado por quebra de decoro parlamentar após ser alvo de uma série de acusações de irregularidades, incluindo a suspeita de utilizar recursos de um lobista de empreiteira para pagar contas pessoais.

"Não creio (que a volta de Renan à presidência afete a credibilidade do Senado). Vai depender muito da gestão que ele queira fazer, se ele fizer uma gestão correta, adequada, ao invés de prejudicá-lo, vai enaltecer. Mas é o futuro que vai dizer", disse Temer, presidente de honra do PMDB. Segundo ele, Renan é "um nome escolhido pelo Senado, pelo partido, que tem tradição e pode fazer uma belíssima gestão".

O vice-presidente visitou de manhã o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP). Em entrevista à Agência Senado, Sarney também defendeu Renan. "Ele já foi presidente da Casa e tem grande capacidade de diálogo e conciliação", disse Sarney, acrescentando que cabe ao plenário fazer a escolha do novo presidente.

O vice-presidente ressalvou que o líder do PMDB ainda não é candidato, e deverá oficializar sua candidatura "a partir talvez da semana que vem".

Câmara. Sobre a disputa pela presidência da Câmara- cargo para o qual o deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) é o grande favorito -, Temer disse que "o melhor candidato, que ganhar simpatia da bancada, será eleito".
A deputada Rose de Freitas (PMDB-ES) já anunciou a disposição de disputar com o correligionário, também alvo de várias denúncias sobre uso político de emendas parlamentares.

Apesar das denúncias e suspeitas envolvendo Renan e Henrique Eduardo Alves, a ministra-chefe da Secretaria de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, disse ontem que o Palácio do Planalto "não tem preferência" por nenhum dos candidatos que disputam a sucessão no Congresso.

Ideli afirmou que a deliberação da presidência das duas Casas "é autônoma" do Congresso. "A deliberação da presidência e da Mesa é uma deliberação autônoma, soberana do Congresso Nacional e nós estamos apenas acompanhando e respeitaremos como sempre a deliberação soberana dos deputados e senadores.
Não há qualquer comentário. A deliberação é soberana do Congresso", insistiu a ministra, durante café da manhã em que recebeu jornalistas no Planalto.

O governo, segundo ela, não tem preferência por candidatos "porque a preferência nossa é que eles escolham e a gente possa continuar tendo essa relação produtiva, benéfica para o País que tivemos ao longo desses últimos dois anos".

Apesar da manifestação oficial da ministra, o governo Dilma articula e apoia nos bastidores a indicação de Calheiros e de Henrique Alves para os dois cargos de comando do Congresso.

24 de janeiro de 2013
O Estado de S.Paulo
 

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