Júlio Delgado e Pedro Taques temem desgaste do Congresso
Na reta final da disputa pela presidência da Câmara e do Senado, dois parlamentares tentam até o último instante se firmar como alternativa às candidaturas previamente acertadas dos peemedebistas Renan Calheiros (AL) e Henrique Alves (RN). Em comum, o senador Pedro Taques (PDT-MT) e o deputado Júlio Delgado (PSB-MG) criticam os “acordões” e loteamento de cargos na Mesa e em comissões que seus adversários fazem desde o ano passado com partidos para garantir a eleição. Também condenam o fato de seus adversários precisarem se defender de denúncias.
Na Câmara, Júlio Delgado (PSB-MG) bombardeia:
— Ele (Henrique Alves) ofereceu a mesma coisa para dois partidos. Como vai fazer para cumprir, não sei. Acabou fazendo muita promessa para muita gente. Esse tipo de acordo é no mínimo desrespeitoso com a representatividade dos partidos — afirma o socialista.
Delgado frisa que, se eleito, Alves precisará dar explicações sobre as denúncias de que tem sido alvo, inviabilizando a discussão de uma agenda positiva, de votação de matérias importantes para destravar o crescimento econômico.
— Uma pessoa que vai entrar questionada, ao invés de defender a instituição, e que vai ter que se defender na questão ética e moral, não vai poder estabelecer uma pauta positiva. A Câmara vai continuar de cócoras.
Delgado também ataca o vice-presidente Michel Temer, que está em campanha aberta pelo correligionário:
— Diferentemente do Eduardo Campos, que me ajuda mantendo equidistância, acho estranho que um vice-presidente da República, de forma ostensiva, interfira num processo interno do Legislativo.
No Senado, Taques opta por um discurso mais contido. No entanto, cobra mais debate sobre as candidaturas e critica os acordos feitos pelo adversário e o fato de Renan enfrentar denúncias:
— O que me causa espécie é não estarmos debatendo propostas. Temos o eleitor de cabresto e agora também o senador de cabresto. É impressionante no Brasil como as coisas não caminham. Desse tipo de acordo, eu não faço parte, considero condenável do ponto de vista político. Conversa política deve existir, mas barganha ultrapassa a política republicana que todos devemos fazer. É isso que vai acontecer se ele for eleito. E é muito ruim já chegar prestando esclarecimentos. Não podemos ter um Legislativo em função de denúncias. Isso enfraquece muito a Casa.
24 de janeiro de 2013
JUNIA GAMA - O Globo
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