O tema central nas preocupações do Fórum Econômico Mundial aqui em Davos é o futuro da Europa, e por isso mesmo a decisão do primeiro-ministro David Cameron de submeter a um referendo a permanência da Inglaterra na União Europeia dominou os debates de ontem.
A primeira reação, no dia do anúncio, fora de desinteresse, e o Primeiro-Ministro italiano Mario Monti colocou um caco em seu pronunciamento para dizer que a União Europeia não precisava de membros que não quisessem permanecer.
Ontem, diante da repercussão da notícia, a presença de Cameron ganhou uma dimensão maior e ele explicou melhor seus planos. Como fizera no anúncio, prometeu lutar para manter a Inglaterra na União Europeia, mas colocou em seu discurso algumas mudanças que pretende ver na comunidade, como uma abertura ampla no comércio entre os países europeus, com o fim de alguns empecilhos protecionistas ainda existentes.
Ele disse que suas propostas para melhorar o relacionamento com a União Europeia são necessárias para ambas as partes para se obter uma Europa mas competitiva, flexível e aberta. Cameron rejeitou, no entanto, uma unidade política da União Europeia, dizendo que o que é preciso é uma “vontade política” consolidada.
A permanência da Inglaterra na União Europeia é desejada pela França, para compensar o poder que a Alemanha vem tendo, mas a Inglaterra quer mais poderes dentro da União Europeia e, assim como não entrou na zona do euro, quer permanecer fora de algumas medidas fiscais que estão sendo impostas pela crise.
A chanceler da Alemanha, Angela Merkel, também esteve ontem aqui em Davos e manteve sua postura rigorosa com relação às reformas.
Segundo ela, os efeitos positivos das reformas já podem ser sentidos, mas ainda falta muita coisa a ser feita, como, por exemplo, um pacto para melhorar a produtividade das economias em cada país, buscando um dinamismo não a qualquer custo, mas capaz de prevenir choques. “Não estamos onde queremos estar, nem estamos fora de perigo, mas estamos na direção certa”.
O objetivo de Angela Merkel certamente foi chamar à realidade políticos e empresários europeus que têm demonstrado aqui em Davos uma satisfação com os resultados alcançados que faz muitos temerem uma recaída da Europa devido à complacência que pode dominar as ações dos governantes.
Em um dos muitos painéis sobre a situação europeia, um participante chamou a atenção para o fato de que a palavra “crise” só apareceu depois de meia hora de debate, E mesmo assim foi usada de maneira positiva, quando se destacou que há um ano a questão era se o Euro resistiria à crise, e hoje ela é se a Europa vai crescer.
De qualquer maneira, há uma convicção generalizada de que as reformas devem levar a Europa a um novo patamar de competitividade, sem o que não será possível atuar no mundo que está sendo moldado pela crise. Uma preocupação entre vários representantes do mundo dos negócios é o custo da energia, que passará a ser mais barata nos Estados Unidos com as novas fontes que estão sendo exploradas, como o xisto betuminoso.
A questão da infraestrutura europeia é fundamental para aumentar a produtividade da região, e a sensação generalizada é de que os governos nacionais não terão dinheiro para financiar as modernizações necessárias. O financiamento privado terá que suprir essa falta de dinheiro governamental, mas para isso será preciso também que a economia se recupere com solidez.
Também o desenvolvimento tecnológico está na pauta das lideranças políticas e empresariais europeias, cujo objetivo pode ser resumido na frase de um empresário: temos que mostrar que a Europa é não apenas o melhor lugar para viver, mas também para fazer negócios.
Veja o comentário no J10 da Globonews
Ouça comentário na CBN
25 de janeiro de 2013
merval pereira
A primeira reação, no dia do anúncio, fora de desinteresse, e o Primeiro-Ministro italiano Mario Monti colocou um caco em seu pronunciamento para dizer que a União Europeia não precisava de membros que não quisessem permanecer.
Ontem, diante da repercussão da notícia, a presença de Cameron ganhou uma dimensão maior e ele explicou melhor seus planos. Como fizera no anúncio, prometeu lutar para manter a Inglaterra na União Europeia, mas colocou em seu discurso algumas mudanças que pretende ver na comunidade, como uma abertura ampla no comércio entre os países europeus, com o fim de alguns empecilhos protecionistas ainda existentes.
Ele disse que suas propostas para melhorar o relacionamento com a União Europeia são necessárias para ambas as partes para se obter uma Europa mas competitiva, flexível e aberta. Cameron rejeitou, no entanto, uma unidade política da União Europeia, dizendo que o que é preciso é uma “vontade política” consolidada.
A permanência da Inglaterra na União Europeia é desejada pela França, para compensar o poder que a Alemanha vem tendo, mas a Inglaterra quer mais poderes dentro da União Europeia e, assim como não entrou na zona do euro, quer permanecer fora de algumas medidas fiscais que estão sendo impostas pela crise.
A chanceler da Alemanha, Angela Merkel, também esteve ontem aqui em Davos e manteve sua postura rigorosa com relação às reformas.
Segundo ela, os efeitos positivos das reformas já podem ser sentidos, mas ainda falta muita coisa a ser feita, como, por exemplo, um pacto para melhorar a produtividade das economias em cada país, buscando um dinamismo não a qualquer custo, mas capaz de prevenir choques. “Não estamos onde queremos estar, nem estamos fora de perigo, mas estamos na direção certa”.
O objetivo de Angela Merkel certamente foi chamar à realidade políticos e empresários europeus que têm demonstrado aqui em Davos uma satisfação com os resultados alcançados que faz muitos temerem uma recaída da Europa devido à complacência que pode dominar as ações dos governantes.
Em um dos muitos painéis sobre a situação europeia, um participante chamou a atenção para o fato de que a palavra “crise” só apareceu depois de meia hora de debate, E mesmo assim foi usada de maneira positiva, quando se destacou que há um ano a questão era se o Euro resistiria à crise, e hoje ela é se a Europa vai crescer.
De qualquer maneira, há uma convicção generalizada de que as reformas devem levar a Europa a um novo patamar de competitividade, sem o que não será possível atuar no mundo que está sendo moldado pela crise. Uma preocupação entre vários representantes do mundo dos negócios é o custo da energia, que passará a ser mais barata nos Estados Unidos com as novas fontes que estão sendo exploradas, como o xisto betuminoso.
A questão da infraestrutura europeia é fundamental para aumentar a produtividade da região, e a sensação generalizada é de que os governos nacionais não terão dinheiro para financiar as modernizações necessárias. O financiamento privado terá que suprir essa falta de dinheiro governamental, mas para isso será preciso também que a economia se recupere com solidez.
Também o desenvolvimento tecnológico está na pauta das lideranças políticas e empresariais europeias, cujo objetivo pode ser resumido na frase de um empresário: temos que mostrar que a Europa é não apenas o melhor lugar para viver, mas também para fazer negócios.
Veja o comentário no J10 da Globonews
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25 de janeiro de 2013
merval pereira
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