Millôr dizia, talvez as palavras não sejam exatamente estas, que o auge da contradição era um mendigo com medo do comunismo. O mundo assiste hoje em dia a uma contradição nova — que é mais aguda, como boa parte das besteiras, no Brasil: os bilionários de esquerda.
Talvez confundam alguma culpa com consciência social, sei lá eu. O fato é que aderem às teses mais estapafúrdias dos “companheiros” para demonstrar que seus bolsos estão sujos pelo vil metal, mas sua consciência está limpinha. Caso alguém aponte a incoerência, vem aquela velha desculpa: “A questão pessoal não tem importância…”.
Tem, sim, ué. Mas já vivi o bastante para saber também que mesmo as almas mais reformistas têm lá seus interesses. Não é que eu não confie nos propósitos humanitários de um George Soros, por exemplo. Acredito, sim! Mas sei que ele se tornou realmente notável na transformação de carbono em dinheiro, não é mesmo? É nessa arte que ele é um verdadeiro Rousseau…
Vou ver se algum bilionário financia uma pesquisa que tenho a intenção de fazer… As esquerdas, ao longo da história, fizeram fama e milhões de cadáveres pregando a revolução e o socialismo. E, como se sabe, excluíram do mundo dos vivos os que não comungavam de suas prefigurações.
O ambientalismo, o combate ao consumismo, a sustentabilidade e afins oferecem aos ricos uma chance de ser progressistas sem que precisem abrir mão do patrimônio e dos privilégios que conquistaram (no mais das vezes, herdaram). Os muito ricos, assim, também ganham o direito de ter uma utopia, entenderam?
Eles podem, de resto, olhar para aqueles pobres homens da classe média com um senso de superioridade que não deriva da condição social, o que seria horrível, mas da consciência social. Se alguém lhes propusesse financiar uma ditadura para assegurar seus privilégios de classe, eles, de pronto!, diriam “Não!”. E, por óbvio, eu os aplaudo por isso. Mas, se alguém lhes propuser que financiem uma ditadura para assegurar seus “privilégios de consciência”, eles imediatamente dirão “Sim”. E eu, por óbvio, os vaio por isso.
25 de janeiro de 2013
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