A ausência do vice-presidente Michel Temer, principal liderança do PMDB na
aliança governista, no evento de comemoração dos 10 anos do PT na Presidência da
República que serviu para lançar a presidente Dilma Rousseff à reeleição, expôs
a insatisfação do principal aliado a 16 meses do início oficial da campanha
eleitoral.
Apesar da presença do presidente do partido, o senador Valdir Raupp (RO), peemedebistas ouvidos pela Reuters admitiram que a decisão foi a de uma aparição "protocolar" no evento, ao contrário de 2010, quando Temer era figura constante ao lado de Dilma na campanha.
"Ele (Temer) tem tido uma relação boa com Dilma, mas isso não tem se traduzido em atos políticos que ele pode levar ao partido, que se sente desprestigiado", disse à Reuters uma fonte próxima ao vice-presidente.
O desconforto do PMDB, que desde o início do mandato reclama por mais espaço na Esplanada dos Ministérios como forma de reconhecimento de sua importância no governo e fidelidade, aumentou com episódios recentes protagonizados por petistas.
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que costura as alianças para 2014, sugeriu que Temer fosse candidato ao governo de São Paulo com o apoio do PT, deixando a vaga de vice na chapa de Dilma para Eduardo Campos, governador de Pernambuco, que tem se movimentado como possível candidato presidencial --e por isso mesmo, apesar de presidir o PSB, também não foi à festa petista.
Enfurecidos, peemedebistas de São Paulo responderam afirmando que Temer, se quisesse concorrer ao governo paulista, "não precisa de legenda", já que o partido é forte no Estado.
"Até mais (forte) que o PT", disse um peemedebista que faz parte do governo, sob condição de anonimato.
Na terça-feira, o diretório paulista do PMDB divulgou nota afirmando que a prioridade é manter Temer na vice de Dilma e que a sigla terá candidato próprio a governador no Estado.
Outra declaração que jogou mais lenha na fogueira de desagrado do PMDB foi a confirmação do ministro Gilberto Carvalho, da Secretaria Geral da Presidência, de que está crescendo dentro do PT a corrente que gostaria de ver a ideia de Lula realizada, Campos vice de Dilma em 2014.
A presidente ficou desconfortável com a afirmação e, conforme confirmaram assessores, chegou a repreender Carvalho, que telefonou para Temer para se desculpar.
CONGRESSO E CARGOS
Além do desagrado com o PT, cresce no PMDB o sentimento de desprestígio no governo, em especial pela dificuldade da presidente Dilma de dividir decisões com seu vice e de ampliar o espaço do PMDB na Esplanada em um momento que o partido comanda as duas Casas no Congresso.
Segundo um auxiliar da presidente, que falou à Reuters sob condição de anonimato, o PMDB não precisa de mais espaço nos ministérios justamente por presidir a Câmara e o Senado.
O PMDB comanda cinco pastas, menos importantes do que as seis que teve no final do governo Lula --Agricultura, Minas e Energia, Turismo, Previdência e Secretaria de Assuntos Estratégicos. Mesmo com a Vice-Presidência, o partido reclama que na prática tem menos espaço, orçamento e poder de decisão.
"Temos a vice, mas perdemos Saúde, Defesa e cargos importantes no Ministério das Minas e Energia", diz outro peemedebista.
A insatisfação já foi manifestada nos últimos dias pelo novo líder do PMDB na Câmara, Eduardo Cunha (RJ).
Em entrevistas, Cunha afirmou que está na hora de Dilma "recompor" seu governo com vistas a quem a estará apoiando em 2014 --um recado claro da necessidade de rever ministérios em posse do PSB e aumentar a fração peemedebista.
A presidente, que fará mudanças em seu governo --a mexida ministerial prevista inicialmente para janeiro foi adiada para março--, deve incluir o PSD, quarta maior bancada na Câmara, na Esplanada, e pode rever o espaço de outras siglas.
22 de fevereiro de 2013
(Reportagem de Ana Flor) Reuters
Apesar da presença do presidente do partido, o senador Valdir Raupp (RO), peemedebistas ouvidos pela Reuters admitiram que a decisão foi a de uma aparição "protocolar" no evento, ao contrário de 2010, quando Temer era figura constante ao lado de Dilma na campanha.
"Ele (Temer) tem tido uma relação boa com Dilma, mas isso não tem se traduzido em atos políticos que ele pode levar ao partido, que se sente desprestigiado", disse à Reuters uma fonte próxima ao vice-presidente.
O desconforto do PMDB, que desde o início do mandato reclama por mais espaço na Esplanada dos Ministérios como forma de reconhecimento de sua importância no governo e fidelidade, aumentou com episódios recentes protagonizados por petistas.
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que costura as alianças para 2014, sugeriu que Temer fosse candidato ao governo de São Paulo com o apoio do PT, deixando a vaga de vice na chapa de Dilma para Eduardo Campos, governador de Pernambuco, que tem se movimentado como possível candidato presidencial --e por isso mesmo, apesar de presidir o PSB, também não foi à festa petista.
Enfurecidos, peemedebistas de São Paulo responderam afirmando que Temer, se quisesse concorrer ao governo paulista, "não precisa de legenda", já que o partido é forte no Estado.
"Até mais (forte) que o PT", disse um peemedebista que faz parte do governo, sob condição de anonimato.
Na terça-feira, o diretório paulista do PMDB divulgou nota afirmando que a prioridade é manter Temer na vice de Dilma e que a sigla terá candidato próprio a governador no Estado.
Outra declaração que jogou mais lenha na fogueira de desagrado do PMDB foi a confirmação do ministro Gilberto Carvalho, da Secretaria Geral da Presidência, de que está crescendo dentro do PT a corrente que gostaria de ver a ideia de Lula realizada, Campos vice de Dilma em 2014.
A presidente ficou desconfortável com a afirmação e, conforme confirmaram assessores, chegou a repreender Carvalho, que telefonou para Temer para se desculpar.
CONGRESSO E CARGOS
Além do desagrado com o PT, cresce no PMDB o sentimento de desprestígio no governo, em especial pela dificuldade da presidente Dilma de dividir decisões com seu vice e de ampliar o espaço do PMDB na Esplanada em um momento que o partido comanda as duas Casas no Congresso.
Segundo um auxiliar da presidente, que falou à Reuters sob condição de anonimato, o PMDB não precisa de mais espaço nos ministérios justamente por presidir a Câmara e o Senado.
O PMDB comanda cinco pastas, menos importantes do que as seis que teve no final do governo Lula --Agricultura, Minas e Energia, Turismo, Previdência e Secretaria de Assuntos Estratégicos. Mesmo com a Vice-Presidência, o partido reclama que na prática tem menos espaço, orçamento e poder de decisão.
"Temos a vice, mas perdemos Saúde, Defesa e cargos importantes no Ministério das Minas e Energia", diz outro peemedebista.
A insatisfação já foi manifestada nos últimos dias pelo novo líder do PMDB na Câmara, Eduardo Cunha (RJ).
Em entrevistas, Cunha afirmou que está na hora de Dilma "recompor" seu governo com vistas a quem a estará apoiando em 2014 --um recado claro da necessidade de rever ministérios em posse do PSB e aumentar a fração peemedebista.
A presidente, que fará mudanças em seu governo --a mexida ministerial prevista inicialmente para janeiro foi adiada para março--, deve incluir o PSD, quarta maior bancada na Câmara, na Esplanada, e pode rever o espaço de outras siglas.
22 de fevereiro de 2013
(Reportagem de Ana Flor) Reuters
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