O assunto que tem tomado conta da imprensa mundial nesses últimos dias, foi a permissão que a ditadura cubana, se viu constrangida a dar para que a dissidente Yoani Sanchez viajasse ao exterior.
A única coisa que ela não esperava, como uma lutadora da liberdade, ser hostilizada da forma como foi, num país que se diz democrático. Tentaram até agredi-la fisicamente.
Esses manifestantes, como havia noticiado uma reportagem de VEJA cumpria as ordens do embaixador cubano no Brasil, Carlos Zamora Rodríguez.
O pior de tudo é que há uma participação direta do governo brasileiro nesses ataques à lisura de Sanchez.
Um dos coordenadores da Secretaria-Geral da Presidência e auxiliar direto do ministro Gilberto Carvalho, Ricardo Augusto Poppi Martins, foi a Cuba, e participou da reunião da embaixada brasileira, onde foi arranjada a trama para desqualificar Yoani, ele saiu de lá levando um disquete com um dossiê contra a cubana.
A estranheza nisso tudo é o fato do governo ser conivente no ataque a uma pessoa que luta pela liberdade em seu país, enquanto cumulou de gentilezas e privilégios o terrorista assassino italiano Cesare Battisti.
O artigo sobre o assunto que mais me agradou foi o do professor Eugênio Bucci, “Para Cuba com carinho” (21/2), do qual separei as partes que penso mais significativas, estas seguem abaixo.
Para ler na íntegra Para Cuba, com carinho – opiniao – versaoimpressa.
Eram reações esperadas, assim como era esperado que Yoani roubasse a cena em todos os noticiários. Simpatizantes do governo cubano, mesmo os de boa-fé, dizem que tudo não passa de propaganda da imprensa burguesa contra o socialismo dos irmãos Castro.
Não é bem assim. Colunista deste jornal, autora do livro De Cuba, com Carinho (Editora Contexto), uma antologia de crônicas em que descreve com acidez e delicadeza o seu cotidiano em Havana, Yoani é uma dessas pessoas que se tornam símbolo de uma causa.
Está para a ditadura cubana, hoje, mais ou menos como Nelson Mandela, guardadas as proporções, esteve para o apartheid na África do Sul, tempos atrás.
Conquistou notoriedade internacional e foi apontada como uma das pessoas mais influentes do mundo pela revista Time.(…)
Yoani Sánchez é notícia não por obra de uma conspiração internacional. Em primeiro lugar, ela é notícia, em boa parte, graças à barulheira de seus detratores, que fazem com que sua passagem por aqui vire um incidente de parar o trânsito. Em segundo lugar, e no que mais importa, ela é notícia porque, em sua saga pessoal, se escancara a grande contradição da qual Cuba nunca soube se libertar.
Em Yoani vemos o significado final de mais de meio século da tirania da opinião que tomou conta da ilha. Na história dessa blogueira podemos vislumbrar o que foi feito (e desfeito) das utopias coletivistas que ainda enrijecem a fisionomia da América Latina. Sob qualquer perspectiva, Yoani é notícia. Os seus movimentos interessam a qualquer cidadão que preze a liberdade.
É certo que autocracias existem em toda parte do globo terrestre, enclausurando dissidentes (como em Cuba) e perseguindo homossexuais (os de Cuba chegaram a ser confinados).
Por que, então, falar tanto de Cuba e tanto de Yoani Sánchez? Porque essa mulher é a prova viva da promessa libertária não cumprida pelos Castros, uma promessa que seduziu e envolveu, em seu início, algumas das maiores inteligências do nosso continente.
Falar de Cuba – e de Yoani – é entender a nossa História.
22 de fevereiro de 2013
Giulio Sanmartini
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