O anúncio da desoneração dos produtos da cesta básica da cascata de impostos que incide sobre eles feito por dona Dilma Roussef na sexta-feira passada, em meio a uma torrente de autoelogios pela sua “condição feminina”, é só mais uma modalidade disfarçada da “matemática criativa” do dr. Mantega, destinada a mascarar os maus resultados que ela vem colhendo na economia e não em suprimir as causas que os estão produzindo.
Dona Dilma, aliás, vem se especializando em fazer a coisa certa do jeito errado, modo de agir que – ela e seus executivos amestrados insistem em não entender – constitui-se, ele próprio, no fulcro da crise de confiança em que vai mergulhando economia brasileira.
Essa desoneração estava apropriadamente agendada no calendário eleitoreiro que o chefe da presidenta houve por bem por na rua um ano antes da hora, para o 1º de maio, Dia do Trabalho, e não é, propriamente, uma medida econômica. É só mais um presente demagógico de sabor bolivariano.
Foi a iminência do estouro do teto da inflação (acima de 6,5% ao ano) já em março que a levou a antecipar a entrega.
A manobra vai produzir uma redução imediata da medida do aumento do custo de vida que é tomada principalmente sobre essa cesta de produtos. Mas esse efeito vai se produzir uma vez só. No mês seguinte, a medida da inflação retoma a sua expressão verdadeira.
Além da mentira que, repito, é o fulcro da crise que afugenta os investidores e explica porque a bolsa brasileira é a que mais caiu entre as 48 do mundo que o mercado internacional acompanha, a medida vai na direção contrária de um ataque sério ao problema inflacionário, que está preso à demanda exacerbada, como vem avisando o Banco Central ha três ou quatro reuniões do Copom sem que o governo o autorize a aumentar os juros.
Pois liberando mais dinheiro no orçamento familiar, vai-se contribuir para alimentar, e não para conter, essa demanda. Outra forma de conter a inflação é administrar com mais rigor as contas públicas, coisa que também se torna mais difícil a cada renúncia fiscal implicando perda de arrecadação.
A questão é simples: quanto mais engana o eleitor, mais o PT desengana o investidor. E o que fica mais claro a cada dia é que o partido fez a sua escolha.
O PT sabe que o mundo já entendeu quem ele é, fato que se reflete na recusa geral em participar do tratamento intensivo da nossa infraestrutura moribunda mesmo com a promessa de cobrir de ouro quem o fizer.
Mas entre deixá-la morrer e cortar na própria carne ou admitir erros que lhe possam custar um voto, o partido de Lula prefere a primeira opção, mesmo com a super safra já encalhada nas nossas estradas esburacadas e nos nossos portos estrangulados.
Vamos, portanto, pelo mesmo caminho da Venezuela, que teve sua economia destruída justamente no período de maior multiplicação da riqueza nacional – o da campanha eleitoral permanente acompanhado de ação concreta nenhuma. Só que com o petróleo ainda enterrado a um Everest de distância, debaixo de dois ou três quilômetros de água e mais cinco ou seis de sal.
12 de março de 2013
vespeiro
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