Senador encampa projeto de Paulinho da Força, do PDT, e cria saída de emergência para sua candidatura ao governo em 2014, não garantida pelo PT
Pré-candidato petista ao governo do Rio, Lindbergh Farias faz corpo a corpo em Japeri (Cecília Ritto)
Discretamente, como manda a prudência, o senador petista Lindbergh Farias ganhou status de forte articulador, no Rio de Janeiro, para a criação do Partido Solidariedade, projeto de Paulinho da Força, do PDT.
Autoproclamado candidato ao governo do Rio em 2014, numa disputa que já o põe em linha de colisão com a aliança PT-PMDB no estado, Lindbergh opera a coleta de assinaturas para propor a fundação da nova sigla.
A leitura óbvia é de que, caso perca a queda de braço com o partido, diante de uma postura do PT de apoiar o peemedebista Luiz Fernando Pezão e garantir palanques para Dilma Rousseff no ano que vem, Lindbergh não ficará na chuva.
O trabalho é feito nos bastidores, mas não a ponto de o próprio Partido dos Trabalhadores ou o PMDB ignorarem a iniciativa. Com sutileza, o pré-candidato ao governo mede forças com a executiva nacional. Dado o estado de amadurecimento do projeto de Lindbergh, que na semana retrasada iniciou sua “caravana da cidadania” em versão estadual, retroceder não parece mesmo uma opção. O obstáculo a ser vencido, no entanto, não é pequeno.
Os peemedebistas não trabalham com a possiblidade de retirar o Pezão da corrida ao Palácio Guanabara, e pedem à executiva nacional do PT que o senador saia da disputa em nome de um palanque único no estado para a campanha pela reeleição de Dilma.
A campanha do PMDB também começou, com inserções na TV, no Youtube, no Facebook e, claro, em todo e qualquer espaço que Pezão possa ocupar – entre eles, no momento, a campanha contra a mudança na distribuição dos royalties do petróleo, liderada em Brasília pelo vice-governador.
Apesar de o PT do Rio ter afirmado em diversas oportunidades que teria candidato próprio ao governo, ainda não foi batido o martelo sobre o lançamento de Lindbergh. O PT fluminense tenta mostrar poder de fogo, com o propósito de deixar de ser satélite do PMDB no estado. Contra o ‘grito de independência’ pesa o fato de, na última década, o PT do Rio não ter se renovado nem criado alternativas que o ponham em condição de exercer protagonismo – fora, claro, o próprio Lindbergh.
PT e PMDB fluminense têm faturas a cobrar. Pelo lado dos peemedebistas, há uma lista de serviços prestados ao longo do governo de Luiz Inácio Lula da Silva. Pelo PT, há um histórico de passagens para o acostamento: em 2010, o senador foi convencido por Lula a não se lançar ao governo para que os dois partidos permanecessem unidos. E, assim, Lindbergh tentou – e conseguiu – o cargo de senador na chapa que tinha Cabral como o candidato à reeleição ao governo.
A empreitada em favor de Paulinho da Força é a segunda ‘saída de emergência’ à disposição de Lindbergh. A primeira delas, para o caso de o PT não comprar seu projeto, está na possibilidade de tentar a sorte no PSB, montando um palanque importante para Eduardo Campos no Sudeste. A contrapartida pela aproximação com o PSB e com o Solidariedade também está desenhada: no caso de conseguir manter a candidatura pelo PT, são fortes as chances de levar os dois partidos na coligação para enfrentar a máquina de Cabral e Pezão.
12 de março de 2013
Cecília Ritto, Veja
Nenhum comentário:
Postar um comentário