“Gloria al Bravo Pueblo que el yugo
lanzó,
la ley
respetando la virtud y honor.
¡Abajo
cadenas! ¡Abajo cadenas! Gritaba el Señor
y el
pobre en su choza libertad pidió
(...) A
este santo nombre tembla de pavor
el vil
egoísmo que otra vez triunfó!
"Heil, Chávez!" Consolida-se o culto à personalidade que transforma a Venezuela em um condomínio fechado onde só cabem os tiranos cubanos e seus eleitos |
Assim começa e é o refrão do belo Hino Nacional da
Venezuela, entretanto, desde as eleições daquele 7 de outubro de 2012, quando
elegeram fraudulentamente Hugo Chávez como presidente, que ando à cata desse
“bravo povo” que se deixou enganar e manipular pela traição de Henrique
Capriles, que se calou sobre o crime constitucional da “continuidade do mandato”
em 10 de janeiro último, e que permitiu - e referendou com seu silêncio - a
usurpação de Nicolás Maduro como vice-presidente, presidente “encarregado” (que
não é a mesma coisa de presidente interino) e agora candidato presidencial “por
decreto testamentário do falecido”, segundo apresentou a presidente da Argentina
Cristina Kirchner.
Não sei quantas pessoas assistiram à juramentação de
Nicolás Maduro na última sexta-feira 8 de março. Eu assisti ao vivo, pela CNN
em Espanhol. Durante 3 horas fiquei plantada na frente da televisão
observando todos os detalhes. E me saltou aos olhos o que foi dito, primeiro por
Diosdado Cabello alegando a “constitucionalidade” daquele ato obsceno ao qual
foi efusivamente aplaudido, e depois no discurso de Maduro já como “presidente”
empossado.
Segundo Cabello, antes de tomar o juramento de
Maduro e após ler o Art. 233 da Constituição: “É público e constitucional
que o presidente Chávez tinha 14 anos ininterruptos em posse do
cargo. Isso não cabe dúvidas a ninguém”, referindo-se sobre a
“continuidade administrativa” do governo, decretado pela presidente do TSJ. E
acrescentou: “Não creio que esses setores da oposição não tenham se dado
conta deste detalhe, porque levam 14 anos atacando e
vilipendiando Chávez”. Entretanto, também é “público e constitucional” que
Chávez juramentou-se novamente em 2006, inclusive pelas mãos da hoje “primeira
dama”, Cilia Flores, que era a presidente da Assembléia Nacional na ocasião.
Ora, se em 2006 ele teve que fazer novo juramento, assinar a ata e
receber outra faixa presidencial, por que agora não, se era igualmente
OUTRO período presidencial? Para que não restem dúvidas, vejam o vídeo
abaixo da segunda tomada de posse de Chávez em 2006:
No seu juramento, Maduro disse: “Com a mão dura de um povo disposto a ser livre”. E quando recebeu a faixa presidencial: “Assumo esta faixa de Chávez, como presidente legítimo, para lançar adiante o socialismo bolivariano”. E em seu longo e enfadonho discurso, acrescentou: “Eu vou ser candidato presidencial, eu vou ser presidente da República e comandante-em-chefe da Força Armada, porque assim Chávez me ordenou que fosse e eu vou cumprir plenamente suas ordens”. Ora, nem o cargo, nem a faixa pertencem “a Chávez” mas ao Estado e ao Governo da Venezuela, mas nenhum dos presentes ao ato, inclusive uns 5 deputados da oposição e um membro da OEA viram nisso nada de anormal e aplaudiram! E lá estavam aplaudindo e sendo aplaudidos os ex-presidentes depostos LEGAL e CONSTITUCIONALMENTE, Manuel Zelaya e Fernando Lugo, por esta mesma malta que condenou como “golpe de Estado” ao Paraguai e Honduras.
Durante a transmissão Patricia Janiot, uma das
âncoras de CNN em Espanhol, entrevistou um advogado constitucionalista
(cujo nome não guardei e não publicaram o vídeo), apontou que TODA aquela
situação estava irregular e inconstitucional. Segundo a análise desse advogado,
em primeiro lugar o ato do TSJ em 10 de janeiro foi um arranjo inadmissível em
qualquer país e um atentado ao Direito Constitucional. Em seguida, disse que
aquele ato na Assembléia deveria ter sido convocado pelos parlamentares que
informariam oficialmente ao CNE da vacância do cargo e só depois dar posse ao
presidente da casa, como reza o Art. 233. Além disso, foi Maduro quem solicitou
à presidente do CNE que marcasse a data para a convocação das eleições, numa
total inversão de papéis. Aliás, dona Tibisay Lucena lá não apareceu e informou
depois que não estava sabendo das novas eleições, marcando-as, finalmente, para
o dia 14 de abril.
Além disso, transformar Maduro de vice-presidente em
exercício, que já era ilegal, em presidente encarregado, foi outra manobra
sórdida para dar-lhe o direito - aí sim, constitucional - a se candidatar ao
cargo. Muitas pessoas no Brasil, que se metem a falar do que não conhecem, têm
dito que Maduro estava como “presidente interino” mas este mesmo advogado
explicou que não é a mesma coisa, uma vez que em todos os países democráticos o
vice é votado pelo povo, através de uma composição feita com o candidato
presidencial. Na Venezuela, conforme já expliquei em edições anteriores, ele é
escolhido pelo presidente eleito e igualmente toma posse após a juramentação do
mandatário. E como não foi eleito pelo povo, o presidente encarregado não
é o comandante-em-chefe das Forças Armadas, não pode nomear ministros,
embaixadores e demais membros do governo.
Após a cerimônia de posse Maduro nomeou Jorge
Arreaza, genro de Chávez e ministro de Ciência e Tecnologia, para exercer a
função de Vice-Presidente, o qual fez seu juramento por volta de 1 hora da manhã
sob o ataúde de Chávez na Academia Militar. Não é apenas um culto à morbidez que
move esta gente mas, sobretudo, um culto à personalidade em grau exponencial,
pois imagino que nem Lenin nem Stalin tiveram algo parecido.
Através de amigos venezuelanos me chega uma
correspondência de um militar que diz muito dessas atitudes bizarras que vimos
nesses dias. Traduzo literalmente o que me foi enviado, dada a gravidade e que
de certa forma confirma o que eu vinha apontando ao longo desse
período.
“A ausência de Maria Gabriela Chávez no funeral
de seu pai deveu-se a que ela se opôs à extensão e agora exposição de Chávez na
urna de cristal, e para completar, deixá-lo fora do 23 de janeiro (Bairro
onde Chávez se abrigou após sair da prisão em 1994 e onde se encontra seu maior
reduto e bandas delinqüenciais que o apóiam. MG), porque Maduro o está
utilizando para ganhar a indulgência de seus seguidores e chegar ao poder. Os
comandos médios militares não o querem e na terça-feira pela manhã esses
comandos, para pressionar o governo, ameaçaram tomar o poder e dizer a verdade
da morte de Chávez.
Como tudo se soube pelos telefones celulares
grampeados, Maduro, para ficar bem, culpou e expulsou ao IL Monaco para não
culpar os militares daqui que já haviam se comunicado com ele, por isso lançaram
o primeiro comunicado. Maduro acreditou que os ânimos se acalmariam e não foi
assim. Ao meio-dia os militares se aborreceram mais e por isso lançaram a
segunda emissão contando do falecimento, que foi tudo improvisado e não havia
nenhum militar quando deram a notícia. E tanto foi a pressão e o susto, que
nesse mesmo momento não disseram dos 7 dias de luto nem nada, senão quase 2
horas depois. E sabem por que? Porque tiveram que planejar o de velar Chávez na
Academia Militar e assim poder acalmar os militares. Quer dizer, acalmar os
militares internos e planejar depois.
Chávez faleceu sim em dezembro, em Cuba e já está
embalsamado. O processo durou 70 dias e utilizaram o processo egípcio, por isso
não o traziam. Mataram Chávez em Cuba, pela má praxis médica e tudo sob a lupa
atenta de Maduro e Cabello, o traíram, do mesmo modo que a maior parte de sua
família, por poder e dinheiro. Comandos militares médios do Exército
venezuelano, inconformados e aborrecidos com Maduro e Diosdado por não ter
revelado a morte de Chávez no mesmo 31 de dezembro de 2012, planejam um “Golpe
de Estado”.
Bem, essa carta é muito reveladora porque confirma o
que sempre afirmou o Padre José Palmar, que foi ameaçado de morte (e revelei na
edição passada) mas também diz nas entrelinhas por quê Diosdado Cabello aceitou
pacificamente a usurpação de um cargo que por direito era seu. Maduro não é bem
visto nem respeitado no meio militar, ao contrário de Cabello. Esse, entretanto,
deixou-se “imolar” em nome da revolução, pois assim foi determinado pelos pais
da “revolução bolivariana”, Raúl e Fidel Castro, aos quais Chávez obedecia
cegamente, e porque é esse o pensamento de todo comunista: as determinações do
partido estão cima de aspirações pessoais ou legais, porque esses são conceitos
“burgueses”.
Do mesmo modo que Cabello, o ministro da Defesa,
Diego Molero - que é chavista, por mais esdrúxulo que pareça a um militar -
também defendeu o “legado de Chávez”, e não a Constituição, embora a invoque:
“Nos encontramos coesos para cumprir a vontade de nosso líder Hugo
Chávez. Senhor vice-presidente Nicolás Maduro, senhor presidente da
Assembléia Nacional Diosdado Cabello, e todos os poderes constituídos do Estado
venezuelano, contem com sua Força Armada, que é do povo e para o povo, disposta
a dar tudo pelo tudo para fazer cumprir a
Constituição”. Fica claro, portanto, que não é a Constituição, as
Leis ou os poderes constituídos mas Chávez, sua revolução e seus apaniguados que
determinam as diretrizes do país. É o condomínio fechado, o clube privê dos
Castro em quê se transformou a Venezuela.
E tudo começa a fazer mais sentido quando se conhece
o passado e as origens de Nicolás Maduro. Maduro deriva de um grupo
guerrilheiro, o “Movimiento de Izquierda Revolucionaria” (MIR). Expulso do Liceu
de Caracas, se incorpora aos grupos encapuzados da Universidade Central da
Venezuela (UCV) que copiaram esse modelo da guerrilha urbana de El Salvador e lá
consegue se tornar o presidente da Federação dos Estudantes de Educação Média de
Caracas. Alguns desses encapuzados são presos pela DISIP que descobre seus
rostos e anuncia à imprensa que eles seriam julgados como “desocupados e
malfeitores”.
A Liga Socialista consegue um acordo para enviar um
reduzido grupo de ativistas, dentre os quais está Maduro a Havana, para receber
treinamento e formação político-militar no Partido Comunista. Maduro não se
ressalta como dirigente mas como “quadro” de ação, por isso quando voltou foi
admitido no Metrô de Caracas não para trabalhar de fato, mas sim para obedecer a
um plano político de se infiltrar nos sindicatos de serviços básicos, como o
transporte, onde trabalhou como motorista de ônibus e vivia gozando de licenças
médicas sucessivas.
De limitada capacidade intelectual, após o falido
Golpe Militar de 1992 Maduro junta-se a outras pessoas que clamavam pela
liberdade dos militares presos, dentre eles Chávez que foi o mentor, e acaba
conhecendo Cilia Flores que na ocasião era advogada e sumariadora da Polícia
Técnica Judicial (PTJ) o que lhe permite chegar ao “Comandante prisioneiro
Chávez”. Dessa amizade, tão logo assumiu o poder do país Chávez dá a Maduro
oportunidade de ascensão e este, conhecendo as próprias limitações, complexo de
vira-lata e subserviência natural, agarra-se a Chávez e torna-se o mais fiel de
todos os seus seguidores. Por isso foi o indicado como seu sucessor, com as
bênçãos dos Castro e de Ramiro Valdés que é uma espécie de seu tutor, dá ordens
e determina o que e quando deve fazer as coisas. É a fraqueza de Maduro que o
torna forte por isso se iludem aqueles que o subestimam.
Comandante Ramiro Valdés, "tutor" de
Maduro, que segue suas ordens com um fiel cão de guarda |
“Assim que, portanto, ao vir falar assim ao povo
da Venezuela, faço-o pensando honradamente e fundamente, que se queremos salvar
a América, se queremos salvar a liberdade de cada uma de nossas sociedades, que,
ao fim e ao cabo são parte de uma grande sociedade da América Latina,
se é que queremos salvar a revolução de Cuba, a revolução da Venezuela
e a revolução de todo os países do nosso continente, temos que nos aproximar e
temos que nos respaldar solidamente porque sós e divididos
fracassamos”.
E este ser abominável NUNCA tirou essa idéia
da cabeça, tanto que fundou o Foro de São Paulo que hoje mostra seus frutos
psicóticos, doentes, apodrecidos, a maldita Hidra Vermelha. Chávez se foi mas
seu legado continua e só será exterminado definitivamente se a cabeça horrenda
desta hidra for cortada. Por tudo isso creio que as eleições do dia 14 de abril
já estão viciadas e a vitória será de Nicolás Maduro, o delfim ungido de Chávez,
dos Castro e do Foro de São Paulo. Se a Mesa de
Unidade Nacional (MUD), que até agora mostrou-se passiva em relação a todas
estes crimes constitucionais não se impuser, não aproveitar o momento da
campanha para provar que crimes foram cometidos contra o povo e o país, é melhor
desistir desde já porque Maduro já é presidente da Venezuela. Fiquem com Deus e
até a próxima!
12 de março de 2013
Notalatina
Comentários e traduções: G.
Salgueiro
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