A harmoniosa convivência do livro impresso, cada vez mais bonito e lúdico, com o e-book é uma nova realidade do mercado editorial, tornando infrutífera a discussão sobre o risco de extinção do primeiro. As editoras, mais do que nunca, tornam-se provedoras de conteúdos e espaço de produção criativa, no qual interagem autores, ilustradores, tradutores, capistas, designers gráficos, revisores e, agora, os profissionais de TI especializados na elaboração de edições digitais.
Eletrônicos ou impressos, não há livros de qualidade, em todos os gêneros, inclusive os didáticos, sem boas ideias, criatividade e, principalmente, ótimos conteúdos. Considerada essa premissa, o advento do e-book, ao invés de limitante do livro convencional, agrega valor e acrescenta novas experiências. Cria possibilidades instigantes e permite pensar em maior interatividade e na exploração de todo o potencial das plataformas multimídias.
Para as novas gerações, sem dúvida, os formatos digitais são muito atrativos e certamente contribuirão para ampliar o número de leitores, um objetivo do mercado a serviço do País, pois somente a democratização do conhecimento permitirá a permanente ascensão socioeconômica da população.
Alguns números referendam esses movimentos propiciados pela tecnologia. Nos Estados Unidos, mais de 10% do mercado são cobertos por livros digitais, significando faturamento de um bilhão de dólares. Isso equivale a cerca de 20% das receitas das editoras norte-americanas. No Reino Unido, aproximadamente 8% das vendas do mercado editorial são referentes ao e-book. Os dados são de 2010.
Com a internet, a informação foi democratizada e a criação estimulada. Esse avanço tem reflexos na produção de livros. O Google calcula que, antes da Web, havia 130 milhões de títulos disponíveis. Depois de seu advento, o número aumentou para 676 milhões.
Surgiram novos leitores e autores como resultado das novas possibilidades abertas pelos computadores, tablets e a rede mundial. Tudo isso conspira a favor do livro. Cabe às editoras disponibilizarem ao público versões de qualidade dos livros impressos e dos digitais. As avançadas tecnologias da indústria gráfica e da eletrônica, respectivamente, possibilitam que se atenda às duas vertentes com elevada qualidade.
Para editoras como a nossa, com forte atuação no âmbito do público infantojuvenil, o e-book é ainda mais relevante como mídia para a expansão da leitura. Para essa nova geração de leitores, é muito simples baixar conteúdos da internet por meio de computadores, ou via Apple Store ou Google Play para tablets e celulares.
A convergência de mídias, uma realidade já concretizada, também permite ampliar as possibilidades do livro convencional: com o uso da câmera fotográfica do tablet ou do smartfone apontada para as páginas impressas, é possível ver imagens animadas em 3D.
As possibilidades são infinitas, contribuindo para o estímulo à leitura. No caso dos livros didáticos, por exemplo, esses recursos são fantásticos, conferindo vida aos elementos da biologia, a personagens da história e aos fenômenos da natureza, com utilização possível em casa, nas salas de aula e nas bibliotecas.
Escolas particulares já estão utilizando os tablets para professores e alunos, agregando aos conteúdos todas as possibilidades de interatividade, pesquisa e informação em tempo real. A adoção do e-book também nas escolas públicas, a partir de 2015, conforme anunciou o governo, é um passo importante para a sua disseminação e também para o avanço da qualidade do ensino no País.
Estamos diante de uma nova e irreversível dimensão do livro. Compete-nos, como editores, prospectá-la com a máxima eficácia, para multiplicar a base de leitores no Brasil.
01 de junho de 2013
Antonio Luiz Rios, economista, é o diretor-superintendente da Editora FTD.
Antonio Luiz Rios, economista, é o diretor-superintendente da Editora FTD.
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