Como protesto algum estivesse acontecendo nas ruas do país, Renan resolve gastar rios de dinheiro para divulgar imagem dos senadores em seus Estados. Entre outras coisas, serão instalados novos canais da TV Senado em 10 capitais
Até parece que o senador Renan Calheiros (PMDB-AL), presidente do Senado, vive em Marte.
Num momento em que protestos contra aumento de passagens de ônibus em várias cidades se espalham para outras e passam a abarcar várias outras mazelas do país, e num período em que o prestígio dos políticos está péssimo nas pesquisas de opinião pública, ele resolve gastar uma dinheirama para “divulgar o trabalho” dos senadores — e, claro, dele próprio — nos Estados.
O Senado já sustenta uma enorme máquina de divulgação: tem uma emissora de TV, uma emissora de rádio, uma agência de notícias e um jornal, que empregam mais de mil pessoas. Isso, porém, para o senador, parece pouco.
Leiam a reportagem abaixo e tirem vocês mesmos suas conclusões:
Renan cria máquina de divulgação nos Estados
Numa cruzada para expandir a exposição do trabalho dos parlamentares pelo país, especialmente nos seus Estados, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), acelerou o ritmo de implantação de veículos oficiais de comunicação da Casa.
Ao custo de mais de 15 milhões de reais somente neste ano, Renan quer montar uma máquina de comunicação com o aumento da presença da TV e da Rádio Senado.
Essa operação ocorre no momento em que o presidente alardeia que enxuga custos, com previsão de economia de 316 milhões de reais em dois anos.
A previsão é que, com a compra de equipamentos para a instalação de novos canais de televisão em 10 capitais, todos dotados de tecnologia digital, o Senado gaste 12,7 milhões de reais em 2013. A Casa também custeará, por mais de 2,5 milhões até o final do ano, a aquisição de transmissores de rádio em nove Estados.
Nos dois casos, o Senado terá de firmar parcerias com órgãos públicos locais para veicular a sua programação.
A estrutura de comunicação que vem sendo montada por Renan será maior do que a implementada pelo ex-presidente do Senado José Sarney (PMDB-AP) nos últimos quatro anos.
Nas duas gestões Sarney, sete canais de TV começaram a operar. Até completar um ano e meio na presidência, em julho do ano que vem, Renan quer instalar o canal institucional com tecnologia digital em outras 12 capitais: Palmas, São Luís, Goiânia, Boa Vista, Macapá, Belém, Teresina, Maceió, Curitiba, Porto Velho, Aracaju e Campo Grande. Em Cuiabá, João Pessoa e Rio de Janeiro, a Casa pretende melhorar o sinal de analógico de TV para o digital.
A expectativa é a de que Renan encerre sua presidência em 2014 com a TV Senado em 25 capitais. Somente Florianópolis e Vitória não tem, até o momento, previsão de sinal do canal para cobrir as atividades do Legislativo federal. Em Natal, Rio Branco e Salvador o sinal permanece analógico.
Os gastos com a ampliação dos veículos de comunicação do Senado contam com a simpatia de aliados e até oposicionistas, que podem se beneficiar eleitoralmente da medida. “Ele (Renan) está acelerando e ampliando até pela intenção de dar mais transparência às ações da Casa”, afirmou o segundo vice-presidente do Senado, Romero Jucá (PMDB-RR). “Tem que economizar em outras coisas, com a expansão da TV, não. É uma medida de transparência”, defendeu o vice-líder do PSDB, Álvaro Dias (PR).
A máquina de comunicação não se restringe apenas à compra de equipamentos.
Nove servidores, entre jornalistas, técnicos e engenheiros, foram designados para cuidar especificamente do projeto.
Eles integram o Grupo Estratégico da Expansão da TV e Rádio Senado.
Após retornar à presidência do Senado em fevereiro, depois de renunciar ao cargo em 2007 para evitar a cassação, Renan tem se esforçado em adotar uma política de visibilidade do trabalho dos senadores em seus Estados.
A intenção é acabar com a ideia de que senador só trabalha de terça a quinta ao criar uma agenda positiva para eles, o que pode trazer benefícios eleitorais indiretos para quem for concorrer em 2014.
Estrutura.
A Secretaria de Comunicação Social do Senado negou que a implantação da nova estrutura de comunicação seja fruto dos desejos do presidente. Recursos previstos em orçamento e condições técnicas para levar adiante o projeto teriam garantido a ampliação. A secretaria disse não ter informações sobre custos dos equipamentos de produção da TV e da rádio, já que grande parte do sistema atual foi adquirido na inauguração, há mais de 15 anos
17 de junho de 2013
Por Débora Álvares e Ricardo Brito, do jornal O Estado de S. Paulo
Até parece que o senador Renan Calheiros (PMDB-AL), presidente do Senado, vive em Marte.
Num momento em que protestos contra aumento de passagens de ônibus em várias cidades se espalham para outras e passam a abarcar várias outras mazelas do país, e num período em que o prestígio dos políticos está péssimo nas pesquisas de opinião pública, ele resolve gastar uma dinheirama para “divulgar o trabalho” dos senadores — e, claro, dele próprio — nos Estados.
O Senado já sustenta uma enorme máquina de divulgação: tem uma emissora de TV, uma emissora de rádio, uma agência de notícias e um jornal, que empregam mais de mil pessoas. Isso, porém, para o senador, parece pouco.
Leiam a reportagem abaixo e tirem vocês mesmos suas conclusões:
Renan cria máquina de divulgação nos Estados
Numa cruzada para expandir a exposição do trabalho dos parlamentares pelo país, especialmente nos seus Estados, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), acelerou o ritmo de implantação de veículos oficiais de comunicação da Casa.
Ao custo de mais de 15 milhões de reais somente neste ano, Renan quer montar uma máquina de comunicação com o aumento da presença da TV e da Rádio Senado.
Essa operação ocorre no momento em que o presidente alardeia que enxuga custos, com previsão de economia de 316 milhões de reais em dois anos.
A previsão é que, com a compra de equipamentos para a instalação de novos canais de televisão em 10 capitais, todos dotados de tecnologia digital, o Senado gaste 12,7 milhões de reais em 2013. A Casa também custeará, por mais de 2,5 milhões até o final do ano, a aquisição de transmissores de rádio em nove Estados.
Nos dois casos, o Senado terá de firmar parcerias com órgãos públicos locais para veicular a sua programação.
A estrutura de comunicação que vem sendo montada por Renan será maior do que a implementada pelo ex-presidente do Senado José Sarney (PMDB-AP) nos últimos quatro anos.
Nas duas gestões Sarney, sete canais de TV começaram a operar. Até completar um ano e meio na presidência, em julho do ano que vem, Renan quer instalar o canal institucional com tecnologia digital em outras 12 capitais: Palmas, São Luís, Goiânia, Boa Vista, Macapá, Belém, Teresina, Maceió, Curitiba, Porto Velho, Aracaju e Campo Grande. Em Cuiabá, João Pessoa e Rio de Janeiro, a Casa pretende melhorar o sinal de analógico de TV para o digital.
A expectativa é a de que Renan encerre sua presidência em 2014 com a TV Senado em 25 capitais. Somente Florianópolis e Vitória não tem, até o momento, previsão de sinal do canal para cobrir as atividades do Legislativo federal. Em Natal, Rio Branco e Salvador o sinal permanece analógico.
Os gastos com a ampliação dos veículos de comunicação do Senado contam com a simpatia de aliados e até oposicionistas, que podem se beneficiar eleitoralmente da medida. “Ele (Renan) está acelerando e ampliando até pela intenção de dar mais transparência às ações da Casa”, afirmou o segundo vice-presidente do Senado, Romero Jucá (PMDB-RR). “Tem que economizar em outras coisas, com a expansão da TV, não. É uma medida de transparência”, defendeu o vice-líder do PSDB, Álvaro Dias (PR).
A máquina de comunicação não se restringe apenas à compra de equipamentos.
Nove servidores, entre jornalistas, técnicos e engenheiros, foram designados para cuidar especificamente do projeto.
Eles integram o Grupo Estratégico da Expansão da TV e Rádio Senado.
Após retornar à presidência do Senado em fevereiro, depois de renunciar ao cargo em 2007 para evitar a cassação, Renan tem se esforçado em adotar uma política de visibilidade do trabalho dos senadores em seus Estados.
A intenção é acabar com a ideia de que senador só trabalha de terça a quinta ao criar uma agenda positiva para eles, o que pode trazer benefícios eleitorais indiretos para quem for concorrer em 2014.
Estrutura.
A Secretaria de Comunicação Social do Senado negou que a implantação da nova estrutura de comunicação seja fruto dos desejos do presidente. Recursos previstos em orçamento e condições técnicas para levar adiante o projeto teriam garantido a ampliação. A secretaria disse não ter informações sobre custos dos equipamentos de produção da TV e da rádio, já que grande parte do sistema atual foi adquirido na inauguração, há mais de 15 anos
17 de junho de 2013
Por Débora Álvares e Ricardo Brito, do jornal O Estado de S. Paulo
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