Polícia de São Paulo quer negociar trajeto e manifestantes resistem
Manifestantes e policiais estarão hoje, mais uma vez, frente a frente em São Paulo e em pelo menos outras três capitais do país – Rio, Brasília e Belo Horizonte. A quinta jornada de protestos contra o aumento das passagens na capital paulista, anunciada pelos organizadores como a maior até aqui, terá inicio no fim da tarde, no Largo do Batata, em Pinheiros. O governo estadual, preocupado com as consequências, abriu negociações, mas os líderes do Movimento Passe Livre (MPL) não aceitam discutir com as autoridades o percurso do protesto. O secretário de Segurança Pública, Fernando Grella, garantiu que a polícia não usará a Tropa de Choque da PM, nem gás lacrimogêneo e tiros de bala de borracha.
O movimento espera a participação de 20 mil pessoas. Nas redes sociais, quase 190 mil haviam confirmado presença. Algumas sugeriam o uso de escudos e capacetes para se defender da polícia. Mas o governo, depois do desgaste sofrido pela atuação violenta da polícia nos últimos protestos, está agora agindo com cautela. O objetivo da reunião prevista para hoje com o MPL, explicou Grella, é permitir que a Polícia Militar possa planejar com antecedência a melhor forma de minimizar os transtornos à cidade. Na quinta-feira passada, foi o descumprimento de um acordo feito entre líderes do grupo e a PM sobre o percurso que provocou o confronto.
— O fundamental é definirmos o trajeto. É a melhor maneira de reduzir o incômodo para o restante da população e de proteger os próprios manifestantes. Com isso, faremos um ordenamento do trânsito, com bloqueio de ruas e adjacências — afirmou.
Mas os organizadores relutam em negociar o percurso:
— Estamos abertos ao diálogo, mas acreditamos que os manifestantes são os responsáveis por definir o trajeto. O papel da PM é garantir a liberdade do povo de se manifestar, e nós vamos ocupar vias importantes da cidade, sobretudo porque devemos reunir cerca de 20 mil pessoas — disse Mayara Vivian, integrante da linha de frente do MPL.
Para reunir o maior número de manifestantes em São Paulo, os organizadores contam com a adesão de entidades ligadas à Central Sindical e Popular-Conlutas. No perfil do movimento no Facebook, pessoas defendiam o direito de levar vinagre, usado para reduzir os efeitos do gás lacrimogêneo. O secretário de Segurança, contudo, garantiu que o produto não será necessário diante da expectativa de uma passeata pacífica, sem a Tropa de Choque. O número de policiais que estarão nas ruas para acompanhar o protesto não foi divulgado.
— Não vai precisar de vinagre porque não vai ter bomba — disse Grella.
Por precaução, a estação do metrô Pinheiros, ponto de partida da passeata, ontem já estava cercada por tapumes. A concessionária informou que o objetivo é “proteger o patrimônio público e resguardar a segurança de seus usuários”. Ontem, jovens se reuniram para Praça Roosevelt para confeccionar cartazes.
Protesto na estreia de BH na Copa
Manifestações menores, em solidariedade ao ato de São Paulo, deverão ocorrer em mais três cidades. Em Brasília, o grupo pretende se reunir em frente ao Museu Nacional, na Esplanada, às 16h, e seguir para o Congresso. No Rio, o ato começará na Candelária, partindo provavelmente pela Avenida Rio Branco em direção à Cinelândia. Em Belo Horizonte, a mobilização acontecerá no dia da estreia da capital mineira na Copa das Confederações. A concentração está marcada para as 13h na Igreja São Francisco de Assis, próxima do Mineirão.
Os mineiros vão protestar apesar de uma proibição judicial. Na última quinta-feira, liminar do desembargador Carlos Augusto de Barros Levenhagen, do Tribunal de Justiça, a pedido do governo estadual, proibiu qualquer tipo de manifestação no estado durante o evento esportivo.
17 de junho de 2013
Roberta Scrivano e Sílvia Amorim - O Globo
Colaboraram: Letícia Fernandes (Rio), Vinicius Sassine (Brasília) e Ezequiel Fagundes (Belo Horizonte)
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