Vão muito além do protesto contra um injusto aumento de 20
centavos nas passagens de ônibus os motivos das passeatas no Rio.
O que mobiliza
as pessoas é a gana de retomar para si uma cidade que os governos do município e
do estado entregaram às especulações da Fifa, das imobiliárias, dos tubarões do
transporte e das empreiteiras, farreando com dinheiro público e exibindo aquele
arrogante sorriso de escárnio contra a sociedade. Tem uma hora que o povo briga
pelo que lhe foi roubado.
Nesta guerra de Paes e Cabral contra a população, é claro que são usados a PM e seus infiltrados conhecidos, porque foi justamente para proteger o Estado e a grande burguesia que ela foi criada. Mas, o que a imprensa convencional se nega a ver, é contra o quê bradam as pessoas que apenas exercem o direito cívico de lembrar: se a cidade não for boa a seus munícipes, não há Copa nem Olimpíadas que se justifiquem, por mais que as telinhas insistam em criar um falso consenso festivo em torno dos megaeventos.
A luta das ruas também é contra a destruição do saudoso Maracanã, supostamente para atender a critérios da corrupta Fifa, entregando-o à Odebrecht, tendo Eike como de testa de ferro.
É contra a remoção forçada no Morro da Providência, onde, como nazistas, a Secretaria Municipal de Habitação marca às casas que serão desapropriadas por valor vil.
É contra a Transcarioca, que valoriza condomínios na Barra e tenta expulsar gente como Dona Zélia. que não arreda o pé de sua pequena casa.
É contra os péssimos trens, metrôs e barcas, privatizados quando Cabral era do PSDB e presidia a Alerj, e contra o monopólio das empresas de ônibus amissíssimas de Paes desde quando ele era do finado PFL e que, por isso, nunca enfrentam licitações nem fiscalizações sérias da prefeitura.
É contra hospitais em coma e escolas reprovadas, enquanto o prefeito distribui um jogo em que suas “realizações” viram propaganda pessoal.
É contra Cabral chamar bombeiros de vândalos e deles se servir para resgatar amigos mortos enquanto viajavam no helicóptero de Eike ao regabofe de Cavendish, da Delta, na Bahia.
É contra Cabral a priori imputar a tragédia no bondinho de Santa Teresa ao Nelson, condutor falecido no acidente.
É contra a Justiça proibir o protesto contra o aumento das barcas e impor censura prévia à expressão da opinião.
A luta não é por centavos, como um cínico comentarista afirmou. É para lembrar que cidade é coletivo de cidadão e que só tem sentido se existir para seus munícipes serem nela felizes.
17 de junho de 2013
Carlos Tautz, jornalista, coordenador do Instituto Mais Democracia, transparência e controle cidadão de governos e empresas.
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