Quando qualquer pessoa pensa no Rio, imagina o que quer fazer, o que quer sonhar sob o olhar atento do Redentor. Fato. Mas e o cenário, sim porque toda a história tem um cenário. Ah, sem sombra de dúvidas o Pão de Açúcar! E olha só, já é assim desde 1º de março de 1565, quando o Capitão –Mor Estácio de Sá e seus homens desembarcaram na pequena várzea, ou terra baixa e chã.
Seja lá o que isso queira dizer era a atual Praia de Fora, na Fortaleza São João, na Urca. O Frei Vicente do Salvador também deu seu toque poético ao Pão de Açúcar quando o descreveu como um penedo que vai as nuvens.
A partir daí iniciou-se a fortificação para fazer frente aos franceses comandados por Villegagnon ergueu-se o que forma o Forte São João, São Martinho, São Teodósio, São José e São Diego. É santo que não acaba mais, mas a Coroa é católica e logo se ergue uma igreja, de sapé, mas uma igreja e ao seu redor se estabelecem as primeiras residências. Essa área é hoje a Escola de Educação Física do Exército, dentro do Forte.
A Urca passou a ser chamada de Cidade Velha quando a cidade mudou-se para o Castelo. Desta parte da história restaram, um portão do sec XVI, tombado pelo patrimônio Histórico, os construídos por ordem de D Pedro II e alguns canhões.
Vamos avançar 300 pequenos anos pra chegar a uma Urca digamos moderna, 1921. A Urca que encanta meu Irmão Fabrício, amante inveterado do Rio Antigo. Foi ele que no dia do seu aniversário, 6 de junho me pediu um artigo sobre a Urca.
Anteriormente só existiam as Avenidas Portugal e João Luiz Alves, pra se chagar ao Forte, só de barco. Mas são os portugueses, comerciantes e a gente sabe bem como é isso… Foi a visão digamos privilegiada e o sonho de quem via não apenas uma praia e seu casebre.
O comerciante Domingo Fernandes Pinto, que dá nome a ponte que liga a Avenida Pasteur à Avenida Marechal Cantuária, era de transformar aquela paisagem bucólica em bairro. Audácia limitada pelo exército em 1895, por medo de tornar a Fortaleza vulnerável.
Mas quem sonha não sonha só, em 1921 o engenheiro Oscar Almeida da Gama criou a Sociedade Anônima Empresa da Urca. Daí por diante o leitor vai ver uma Urca mais familiar, contruiu-se um ancoradouro junto á ponte que serviria como piscina para competições, daí o fundo azulejado. Localizando melhor, da Avenida João Luis Alves, Avenida Portugal e Hotel Balneário.
Hotel Balneário, onde meu Bisavô, Napoleão Tavares e seus Soldados Musicais, animaram os bailes no Cassino da Urca, de onde me vem à certeza de que boemia é um traço familiar. Ary Barroso, Carmem Miranda, noitadas com seu trompete encantado. De fato uma arma em guerra contra a vida tediosa!Anos depois, no mesmo Hotel, Meu Pai encenava com Gracindo Júnior, na época Epaminondas, um programa chamado “Barbosadas” na extinta TV Tupi.
E hoje eu que iniciei meu amor pelo surdo de resposta, ou de 2ª como preferirem no carnaval de 1998, sob a batuta do Mestre de Bateria Délio da Silva, aplaudo o por do sol sentada na mureta no BarUrca, foi uma recomendação da minha Filha mais velha, Giuliana.
A mesma que me acompanhava na bateria ainda no carrinho. Então hoje a Befana, espera ter se redimido pela ausência da semana passada. Se vocês acharem muita viagem aplaudir o pôr-do-sol, vá a Urca mergulhe fundo na história enquanto bebe….; não é assim, melhor: degusta o que lhe aprouver. Afinal é de prazeres e história que abasteço minha vassoura.
17 de junho de 2013
Fabiana Sanmartini
COLUNA DA BEFANA
(1) Fotografia: À direita a praia da Urca. As duas praias à esquerda estão dentro da Fortaleza de São João; a menor é a de Dentro e a outra a de Fora, onde foi fundada a cidade.
(2) Agradecimentos a Urca.net
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