Dona Dilma vaiadíssima. Um ministro do STJ salvou a Petrobras, que não podia importar e exportar.Daniel Ellsberg, campeão do fim da Guerra do Vietnã, volta aos 82 anos.
Que maravilha viver. Alckmin dá entrevista entre dois coronéis da PM, diz que o povo foi culpado do que aconteceu nas ruas.
Já contei aqui, há tempos, a história da defesa da liberdade e da democracia, jornalismo heróico de Daniel Ellsberg, que entrou na História como “Documentos do Pentágono”, terminou com a Guerra do Vietnã (a maior derrota dos EUA, em todos os tempos) e foi uma vitória da opinião pública e da própria Suprema Corte.
Ele não servia a ninguém, foi ao Vietnã ver com se travava essa guerra. Juntou milhares de documentos publicados pelo New York Times. Denunciado perante a Corte Suprema dos EUA, Daniel Ellsberg compareceu, certo de que sairia preso e condenado.
A Suprema Corte lotada, começaram os votos dos onze juízes, naquela época não havia mulher nem negro, nomeados muito depois.
O relator, considerado o mais inflexível e também respeitadíssimo, leu seu voto de exaltação à liberdade, escreveu textualmente:
“O acusado não subverteu a liberdade, não praticou ato de traição ao país, como diz a acusação. Ele é um herói da democracia, se o condenarmos, estaremos exaltando o retrocesso”.
Foi emoção pura, mas silêncio à espera do voto dos outros juízes. Todos com a mesma segurança, a mesma coerência e a mesma responsabilidade do relator. Aí, o silêncio se transformou numa explosão de aprovação que estava contida.
Agora, aos 82 anos, Ellsberg reaparece para aplaudir, entusiasmado, o jovem Edward Snowden, que fez quase a mesma coisa que ele, só que os EUA não estão perdendo nenhuma guerra.
A entrevista do herói do fim da derrota no Vietnã, pode devolver a Snowden, aos 29 anos, a vida que estava perdendo. Muito moço, foi sempre um admirador de Ellsberg. Agora, muito mais.
JUSTIÇA RÁPIDA
O ministro do STJ, Benedito Gonçalves, negou certidão negativa à Petrobras. Motivo da decisão: uma suposta dívida de 7 bilhões de reais. A Petrobras recorreu, o próprio ministro, com bom senso e velocidade, mudou o voto em 24 horas, e a Petrobras já está com a certidão indispensável. Sem ela, ficava quase imobilizada. Não poderia exportar ou importar, desastre total.
Parabéns, 7 bilhões não são nada para o movimento da empresa, e a dívida nem existia, era apenas suposta e não confirmada. A Petrobras pode ser criticada, até para melhorar a competência e a eficiência. Mas não pode ser sabotada de maneira alguma.
Uma das maiores empresas do Brasil, haja o que houver, “o petróleo é nosso”, não pode ser atingida como as de outros setores, que NÃO SÃO MAIS NOSSOS.
ALCKMIN ANESTESIADO
Numa mesa com 3 lugares, o governador entre 2 coronéis da Polícia Militar, exaltou descaradamente a violência, disse: “A Polícia Militar cumpriu seu dever”. O que poderia falar nessa condição? Devia ter falado sozinho numa mesa.
O povo está nas ruas, nem perceberam. Também, veja os personagens da primeira fila, com mais visibilidade: Alckmin, em São Paulo, junto com Haddad, Sergio Cabral, no Rio, junto com Pezão (a palavra que ele merece, de “pai do PAC”, e em Brasília, o governador Agnelo Queiroz (este, salvo pela CPI mista e arruinada).
DONA DILMA: IMPRUDENTE E IMPREVIDENTE
Não devia nem podia ir à inauguração oficial da Copa e do Mané Garrincha. Pelo menos precisava ter se informado do comportamento das multidões. Principalmente agora, que o povo está nas ruas. E sua popularidade em baixa, ninguém sabe até onde.
Foi vaiada várias vezes e sempre demoradamente. Constrangidíssima, teve que ser “socorrida” pelo presidente da Fifa, a quem detesta.
Quando Castelo Branco (já ex-“presidente”) morreu num desastre de avião, trouxeram o corpo para o Rio, foi velado no Clube Militar.
Na mesma hora, no Maracanã, jogavam América e Botafogo.
Pediram um minuto de silêncio, vaia ampla, geral e irrestrita.
Nelson Rodrigues, ao meu lado, quase gritou:
“O Maracanã é implacável, vaia até minuto de silêncio”. 48 horas depois, no seu programa da TV Rio, repetia a frase.
COITADO DO PREFEITO
Antes da mudança da capital, o prefeito (nomeado) Dulcidio Espírito Santo Cardoso (primo de FHC) foi ao Maracanã.
Naquela época, informavam quando as personalidades chegavam. Estávamos então em plena seca, não havia água para nada e para ninguém. Foi a vaia mais prolongada, fiquei com pena. Nunca falei com ele, era amigo de sua namorada, a belíssima Ester de Abreu, grande cantora.
OS GENERAIS DITADORES ESPERTOS
Gostavam mesmo de futebol, principalmente dos jogos da seleção. Medici, Figueiredo, Carlos Alberto Fontoura (todos do SNI, dois “presidentes”), entravam sorrateiramente, iam para a Tribuna de Honra, quase pegada à bancada dos jornalistas.
Os seguranças iam para a Direção do Maracanã, e não deixavam informar que os generais “haviam chegado”.
Quando a seleção entrava em campo, sempre muito aplaudida, eles apareciam, acenando de longe, “Agradecendo” o apoio que não haviam recebido.
O GENERAL FONTOURA EM PORTUGAL
Pouco mais do que analfabeto, o general do SNI era servo, submisso e subserviente com quem estivesse no Poder. Pouco antes de tudo terminar, inventou que estava sendo ameaçado de morte, foi feito embaixador. Como era monoglota, só podia ir para Portugal, o país protestou.
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PS – Obrigado, Paulo Solon, também gostaria de republicar não só esse artigo, mas muitos outros. A série seria sobre os minérios, a campanha de anos contra o roubo do manganês do Amapá (da família Azevedo Antunes/ Bethlehem Steel). Mas a Tribuna está fechada desde 1º de dezembro de 2008, quase 5 anos.
PS2 – Estão fechados os prédios, impossível entrar. Depois que li você, fiz um cálculo de cabeça, rápido, para ver quanto escrevi. Comecei diariamente coluna e artigo em 1956, no Diário de Notícias. Em 1962, assumi a Tribuna, continuei até 2008. Em quantidade, foram 52 anos, nada parecido no mundo.
PS3 – Só deixei de escrever nas “eventualidades” ditatoriais, dá 30 por mês. 350 por ano, façamos a conta com 300, 3 mil em 10 anos, 15 mil em 50 anos, passei muito disso. Fazendo a conta ao contrário, se eu quisesse selecionar, 10 por cento seriam 1,5 mil, 1 por cento, 150. Acho que seria número razoável, para minha satisfação. E de muitos leitores.
PS4 – Almerio, já atendi os pedidos só com lembranças de advogados. E como você ressalta, Celso Furtado é dos grandes economistas e personalidades marcantes da História brasileira, insuperável. George Tavares foi meu advogado várias vezes, ele e Evaristinho eram sócios, trabalhavam juntos em todas as causas.
PS5 – Com os protestos da OAB, da Câmara e do Senado contra meu sequestro-confinamento em Fernando de Noronha (o primeiro de uma série), o ministro da Justiça autorizou a ida de um advogado. Evaristinho não quis ir, foi George Tavares. Até hoje, grande amigo deste repórter, figura humana extraordinária, criminalista de primeiro time.
PS6 – Clovis Sahione, criminalista também do primeiríssimo time, me defendeu várias vezes. Como todos, grande amigo. Quando foi candidato a presidente do Flamengo, o clube perdeu a oportunidade de um presidente de fato e de direito. Sahione foi derrotado pela máquina, que elegeu Dona Patrícia.
17 de junho de 2013
Helio Fernandes
Que maravilha viver. Alckmin dá entrevista entre dois coronéis da PM, diz que o povo foi culpado do que aconteceu nas ruas.
Ele não servia a ninguém, foi ao Vietnã ver com se travava essa guerra. Juntou milhares de documentos publicados pelo New York Times. Denunciado perante a Corte Suprema dos EUA, Daniel Ellsberg compareceu, certo de que sairia preso e condenado.
A Suprema Corte lotada, começaram os votos dos onze juízes, naquela época não havia mulher nem negro, nomeados muito depois.
O relator, considerado o mais inflexível e também respeitadíssimo, leu seu voto de exaltação à liberdade, escreveu textualmente:
“O acusado não subverteu a liberdade, não praticou ato de traição ao país, como diz a acusação. Ele é um herói da democracia, se o condenarmos, estaremos exaltando o retrocesso”.
Foi emoção pura, mas silêncio à espera do voto dos outros juízes. Todos com a mesma segurança, a mesma coerência e a mesma responsabilidade do relator. Aí, o silêncio se transformou numa explosão de aprovação que estava contida.
Agora, aos 82 anos, Ellsberg reaparece para aplaudir, entusiasmado, o jovem Edward Snowden, que fez quase a mesma coisa que ele, só que os EUA não estão perdendo nenhuma guerra.
A entrevista do herói do fim da derrota no Vietnã, pode devolver a Snowden, aos 29 anos, a vida que estava perdendo. Muito moço, foi sempre um admirador de Ellsberg. Agora, muito mais.
JUSTIÇA RÁPIDA
O ministro do STJ, Benedito Gonçalves, negou certidão negativa à Petrobras. Motivo da decisão: uma suposta dívida de 7 bilhões de reais. A Petrobras recorreu, o próprio ministro, com bom senso e velocidade, mudou o voto em 24 horas, e a Petrobras já está com a certidão indispensável. Sem ela, ficava quase imobilizada. Não poderia exportar ou importar, desastre total.
Parabéns, 7 bilhões não são nada para o movimento da empresa, e a dívida nem existia, era apenas suposta e não confirmada. A Petrobras pode ser criticada, até para melhorar a competência e a eficiência. Mas não pode ser sabotada de maneira alguma.
Uma das maiores empresas do Brasil, haja o que houver, “o petróleo é nosso”, não pode ser atingida como as de outros setores, que NÃO SÃO MAIS NOSSOS.
ALCKMIN ANESTESIADO
Numa mesa com 3 lugares, o governador entre 2 coronéis da Polícia Militar, exaltou descaradamente a violência, disse: “A Polícia Militar cumpriu seu dever”. O que poderia falar nessa condição? Devia ter falado sozinho numa mesa.
O povo está nas ruas, nem perceberam. Também, veja os personagens da primeira fila, com mais visibilidade: Alckmin, em São Paulo, junto com Haddad, Sergio Cabral, no Rio, junto com Pezão (a palavra que ele merece, de “pai do PAC”, e em Brasília, o governador Agnelo Queiroz (este, salvo pela CPI mista e arruinada).
DONA DILMA: IMPRUDENTE E IMPREVIDENTE
Não devia nem podia ir à inauguração oficial da Copa e do Mané Garrincha. Pelo menos precisava ter se informado do comportamento das multidões. Principalmente agora, que o povo está nas ruas. E sua popularidade em baixa, ninguém sabe até onde.
Foi vaiada várias vezes e sempre demoradamente. Constrangidíssima, teve que ser “socorrida” pelo presidente da Fifa, a quem detesta.
Quando Castelo Branco (já ex-“presidente”) morreu num desastre de avião, trouxeram o corpo para o Rio, foi velado no Clube Militar.
Na mesma hora, no Maracanã, jogavam América e Botafogo.
Pediram um minuto de silêncio, vaia ampla, geral e irrestrita.
Nelson Rodrigues, ao meu lado, quase gritou:
“O Maracanã é implacável, vaia até minuto de silêncio”. 48 horas depois, no seu programa da TV Rio, repetia a frase.
COITADO DO PREFEITO
Antes da mudança da capital, o prefeito (nomeado) Dulcidio Espírito Santo Cardoso (primo de FHC) foi ao Maracanã.
Naquela época, informavam quando as personalidades chegavam. Estávamos então em plena seca, não havia água para nada e para ninguém. Foi a vaia mais prolongada, fiquei com pena. Nunca falei com ele, era amigo de sua namorada, a belíssima Ester de Abreu, grande cantora.
OS GENERAIS DITADORES ESPERTOS
Gostavam mesmo de futebol, principalmente dos jogos da seleção. Medici, Figueiredo, Carlos Alberto Fontoura (todos do SNI, dois “presidentes”), entravam sorrateiramente, iam para a Tribuna de Honra, quase pegada à bancada dos jornalistas.
Os seguranças iam para a Direção do Maracanã, e não deixavam informar que os generais “haviam chegado”.
Quando a seleção entrava em campo, sempre muito aplaudida, eles apareciam, acenando de longe, “Agradecendo” o apoio que não haviam recebido.
O GENERAL FONTOURA EM PORTUGAL
Pouco mais do que analfabeto, o general do SNI era servo, submisso e subserviente com quem estivesse no Poder. Pouco antes de tudo terminar, inventou que estava sendo ameaçado de morte, foi feito embaixador. Como era monoglota, só podia ir para Portugal, o país protestou.
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PS – Obrigado, Paulo Solon, também gostaria de republicar não só esse artigo, mas muitos outros. A série seria sobre os minérios, a campanha de anos contra o roubo do manganês do Amapá (da família Azevedo Antunes/ Bethlehem Steel). Mas a Tribuna está fechada desde 1º de dezembro de 2008, quase 5 anos.
PS2 – Estão fechados os prédios, impossível entrar. Depois que li você, fiz um cálculo de cabeça, rápido, para ver quanto escrevi. Comecei diariamente coluna e artigo em 1956, no Diário de Notícias. Em 1962, assumi a Tribuna, continuei até 2008. Em quantidade, foram 52 anos, nada parecido no mundo.
PS3 – Só deixei de escrever nas “eventualidades” ditatoriais, dá 30 por mês. 350 por ano, façamos a conta com 300, 3 mil em 10 anos, 15 mil em 50 anos, passei muito disso. Fazendo a conta ao contrário, se eu quisesse selecionar, 10 por cento seriam 1,5 mil, 1 por cento, 150. Acho que seria número razoável, para minha satisfação. E de muitos leitores.
PS4 – Almerio, já atendi os pedidos só com lembranças de advogados. E como você ressalta, Celso Furtado é dos grandes economistas e personalidades marcantes da História brasileira, insuperável. George Tavares foi meu advogado várias vezes, ele e Evaristinho eram sócios, trabalhavam juntos em todas as causas.
PS5 – Com os protestos da OAB, da Câmara e do Senado contra meu sequestro-confinamento em Fernando de Noronha (o primeiro de uma série), o ministro da Justiça autorizou a ida de um advogado. Evaristinho não quis ir, foi George Tavares. Até hoje, grande amigo deste repórter, figura humana extraordinária, criminalista de primeiro time.
PS6 – Clovis Sahione, criminalista também do primeiríssimo time, me defendeu várias vezes. Como todos, grande amigo. Quando foi candidato a presidente do Flamengo, o clube perdeu a oportunidade de um presidente de fato e de direito. Sahione foi derrotado pela máquina, que elegeu Dona Patrícia.
17 de junho de 2013
Helio Fernandes
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