O clima ficou tenso e a polícia chegou a usar sprey de pimenta. Os manifestantes entraram no espelho d'água do Congresso com faixas e cartazes
Depois de vaiada no Mané Garrincha, Dilma amarela e diz que 'manifestações pacíficas são legítimas' no país
A polícia não conseguiu conter os estudantes na capital federal. Por volta das 19h20, um grupo conseguiu romper a barreria policial e subiu na laje do Congresso, pelo lado esquerdo, sob as cúpulas. Eles estenderam uma faixa pedindo “não à violência” e gritavam:
— Vamos invadir o Congresso!
— O Congresso é nosso!
Por duas vezes o grupo se movimentou de um lado para o outro, com alto risco de alguém cair de uma altura de mais de cinco metros. Policiais se deslocaram para proteger o Palácio do Planalto. A presidente Dilma Rousseff já deixou o local.
Mais cedo, alguns tentaram subir a rampa e foram impedidos pela Polícia Legislativa e a Polícia Militar. A polícia chegou a fazer uso de sprey de pimenta para conter o grupo e o clima ficou tenso. O comando da PM estimou que 5 mil pessoas participam do protesto.
Os manifestantes entraram no espelho d'água do Congresso com faixas e cartazes. Houve um empurra-empurra entre policiais e manifestantes que tentam romper barreiras, e alguns dos integrantes do protesto jogaram garrafas d'água na direção dos policiais. Os manifestantes gritavam:
— Quem não pula tá com a Dilma!
Desde o início da manifestação, a cavalaria da PM faz o monitoramento dos dois lados do Eixo Monumental. Por volta das 18h50, aconteceu um momento de pancadaria dentro do espelho d'água. Policiais tiveram de entrar no lago artificial para conter o avanço de manifestantes e chegaram a usar spray de pimenta. Em resposta, alguns estudantes responderam espirrando água nos policiais. O estudante identificado como Pedro Augusto, de 19 anos, foi encaminhado para a Departamento da Polícia Legislativa.
Os manifestantes protestaram contra a presença do pastor Marco Feliciano na presidência da Comissão de Direitos Humanos, e também contra o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). A presidente Dilma Rousseff também é alvo dos estudantes.
— Oh Dilma, que papelão. Foi guerrilheira, agora apoia a repressão – gritam.
Eles saíram do Museu Nacional em passeata utilizando duas faixas do Eixo Monumental, mas chegaram a bloquear toda avenida apesar da PM tentar controlar com um cordão de isolamento. Boa parte dos estudantes participou do protesto que chegou até a frente no estádio Mané Garrincha, no último sábado, e que foi duramente repreendido pela Polícia Militar do Distrito Federal.
A convocação para o protesto de hoje foi feita pelas redes sociais. Os estudantes gritam palavras de ordem e levam faixas e cartazes: “Presidenta, já que você estava acostumada tomar borrachada desce aqui e ajuda a moçada” - diz um cartaz .
Os estudantes criticam os altos gastos para a Copa das Confederações, Copa dos Mundo, e a violência da polícia em São Paulo, Rio de Janeiro e também em Brasília.
- Fizemos contatos com todas as marchas existentes em Brasília. Colocaram os estudantes como terroristas e o queremos é apenas uma marcha pela paz - disse o estudante Jimmy Lima, de 17 anos, que cursa o 3º ano de ensino médio em uma escola pública.
Jimmy foi o responsável por criar uma página em rede social para a “marcha do vinagre” - uma rede de protesto nacional que também chegou a capital federal. O vinagre é usado pelos manifestantes para diminuir os efeitos de irritação alérgica provocada pelas bombas de gás lançadas pela polícia. No sábado, 39 pessoas ficaram feridas por balas de borracha e bombas de gás.
Ministro recebe manifestantes
O ministro da Secretaria Geral, Gilberto Carvalho, recebeu, na tarde desta segunda-feira, representantes do movimento "Copa pra quem?", um dos que protestaram no estádio Mané Garrincha, na abertura da Copa das Confederações, no sábado. A reunião continua no Palácio do Planalto.
Pela manhã, Gilberto se reuniu com Rodrigo Montezuma e Illyusha Montezuma, do Instituto de Fiscalização e Controle. Ele não estava na manifestação, mas Illyusha participou.
17 de junho de 2013
Vinicius Sassine, Evandro Éboli, Luiza Damé e Jailton de Carvalho - O Globo
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