"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



segunda-feira, 17 de junho de 2013

BANCOS QUEBRADOS

 

O economista Aloisio Araújo é membro da National Academy of Sciences, dos Estados Unidos, membro honorário da American Economic Association e vai assumir em julho a presidência da Society for the Advancement of Economic Theory, uma organização internacional de economistas e matemáticos de estabelecida reputação acadêmica.

Em seu discurso de posse, o brasileiro vai abordar os fundamentos teóricos para o redesenho institucional dos sistemas bancários após a grande crise contemporânea.

O uso maciço de recursos públicos para salvar os bancos foi adotado sem quaisquer limites pelos americanos e com alguma moderação pelos europeus, apenas pela influência dos alemães.

Os estudos de Araújo tratam desse tema crítico e atual: a criação de um novo marco legal para liquidação de instituições financeiras. A busca de um equilíbrio entre uso de recursos públicos (bail out) e recursos de grandes credores e acionistas (bail in) nas operações de liquidação financeira de bancos quebrados.

Aloisio Araújo, economista

Como um dos autores de nossa bem-sucedida Lei de Falências, Aloisio defende uma legislação específica para lidar também com os problemas de bancos insolventes. “Sistemas bancários são essencialmente frágeis. O seguro de depósitos evita corridas bancárias ao proteger os pequenos depositantes. O debate agora é sobre os grandes credores e depositantes.

O bail out leva o banco a riscos excessivos, pelo auxílio das autoridades em resposta ao risco sistêmico. Já o bail in usa primeiro os recursos do próprio banco, dos acionistas e dos grandes depositantes, e só em último caso recorre a dinheiro público”, disse o economista em excelente entrevista ao jornal “Valor” há uma semana.

Alerta Niall Ferguson, em “A grande degeneração: como decaem as instituições e morrem as economias” (2012): “A regulamentação deveria reduzir o número e o tamanho dos incêndios financeiros. Mas pode ter o efeito oposto, quando os órgãos reguladores são capturados por aqueles a quem devem regular. Os marcos regulatórios atuais e a própria atuação dos bancos centrais encorajaram muitos bancos aos riscos excessivos.”

Para o historiador britânico, a verdadeira causa do declínio econômico das modernas democracias ocidentais é a decadência de nossas próprias instituições.

17 de junho de 2013
Paulo Guedes, O Globo

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