O economista Aloisio Araújo é membro da National Academy of Sciences, dos Estados Unidos, membro honorário da American Economic Association e vai assumir em julho a presidência da Society for the Advancement of Economic Theory, uma organização internacional de economistas e matemáticos de estabelecida reputação acadêmica.
Em seu discurso de posse, o brasileiro vai abordar os fundamentos teóricos para o redesenho institucional dos sistemas bancários após a grande crise contemporânea.
O uso maciço de recursos públicos para salvar os bancos foi adotado sem quaisquer limites pelos americanos e com alguma moderação pelos europeus, apenas pela influência dos alemães.
Os estudos de Araújo tratam desse tema crítico e atual: a criação de um novo marco legal para liquidação de instituições financeiras. A busca de um equilíbrio entre uso de recursos públicos (bail out) e recursos de grandes credores e acionistas (bail in) nas operações de liquidação financeira de bancos quebrados.
Como um dos autores de nossa bem-sucedida Lei de Falências, Aloisio defende uma legislação específica para lidar também com os problemas de bancos insolventes. “Sistemas bancários são essencialmente frágeis. O seguro de depósitos evita corridas bancárias ao proteger os pequenos depositantes. O debate agora é sobre os grandes credores e depositantes.
O bail out leva o banco a riscos excessivos, pelo auxílio das autoridades em resposta ao risco sistêmico. Já o bail in usa primeiro os recursos do próprio banco, dos acionistas e dos grandes depositantes, e só em último caso recorre a dinheiro público”, disse o economista em excelente entrevista ao jornal “Valor” há uma semana.
Alerta Niall Ferguson, em “A grande degeneração: como decaem as instituições e morrem as economias” (2012): “A regulamentação deveria reduzir o número e o tamanho dos incêndios financeiros. Mas pode ter o efeito oposto, quando os órgãos reguladores são capturados por aqueles a quem devem regular. Os marcos regulatórios atuais e a própria atuação dos bancos centrais encorajaram muitos bancos aos riscos excessivos.”
Para o historiador britânico, a verdadeira causa do declínio econômico das modernas democracias ocidentais é a decadência de nossas próprias instituições.
17 de junho de 2013
Paulo Guedes, O Globo
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